Foram cinco, poderiam ter sido, à vontade, dez. A qualidade da exibição de ontem foi tal que abafou completamente o sexta classificado da última liga NOS. Saiu tudo bem, numa espécie de dança de futebol onde a classe, a fluidez e a critividade andaram todas de mãos dadas. Foi um belíssimo cartão de visita para o que aí vem. Este é o caminho, onde o colectivo ultrapassa em larga margem o individual e onde os destaques individuais, dada a qualidade geral, são injustos. Estão todos de parabéns. Que assim continuem.
Intensidade - A garra desta equipa de Conceição é incrível. Estavam 5-0 no marcador, o relógio estava nos 92, e ainda se procurava (quase) com a mesma fome o sexto golo. Quando é assim, naturalmente se pressiona cada bola, se recupera em pouco tempo, se abafa o jogo e se domina por completo. Mesmo que a eficácia não seja total, só com muito azar o golo não surgirá. E surgiu, de múltiplas formas, de múltiplas combinações, como se a própria vida disso dependesse.
Critério e Diversidade - Pelos corredores, jogo interior, de posse, vertical, corrido, pausado, vimos um pouco de tudo neste jogo. E com sabedoria, nos momentos certos, o que não poderia fazer outra coisa senão deixar a defesa flaviense completamente à nora. Já se passou o correbol, agora é futebol criterioso, com a intensidade e a modulação al dente. Gosto.
Todos Um. - Outros podem até usá-lo como lema, escrito no seu emblema, mas o Futebol Clube do Porto de ontem demonstrou-o no seu esplendor. Sim, claro que todos ficamos maravilhados com os golos de Brahimi e Corona, mas a verdade é que a palavra "colectivo" é a única que conta. Ninguém é astro, ninguém se superioriza e não há azias e grupos. Todos ficam felizes com a sorte e os golos dos companheiros, todos celebram e se entre-ajudam, procuram assistir e encontrar o companheiro melhor colocado, sem se aborrecer com a ocasional iniciativa individual. Este é o verdadeiro significado da palavra equipa.
Um Ferrari todo rebentado - Esta imagem em baixo é bem ilustrativa da incompetência da arbitragem de ontem - desta vez não creio nas inclinações ostensivas. Mas ir rever ao VAR um óbvio vermelho e ignorar o penalti ostensivo sobre Otávio diz tudo sobre a qualidade dos padrecos Nuno Almeida e Vasco Santos. Se a inclinação não é propositada, a incompetência é gritante. É de estar atento à nota.
Notas finais - Meu caro Marega, ontem tiveste uma bonita lição sobre a relatividade da importância. Queremos ver-te comprometido e de volta à equipa, mas é fundamental que saibas, de uma vez por todas, que o FC Porto é superior a qualquer nome! Agora, correr no treino de terça feira para entrares bem no Restelo. Ou no Jamor. Ou no meio do Eixo Norte-Sul. Onde quer que seja o jogo.
Creio que as palavras de Pinto da Costa foram mal interpretadas. Falta-nos um defesa esquerdo de raiz, mas ontem pudemos ver que vamos ter um belo berbicacho no meio campo. Quando voltar Danilo Pereira, quem sai? E em termos profundidade de plantel, vejamos: à parte do onze de ontem, teremos um banco com Vaná, Mbemba, Militão, Danilo, Óliver, Corona e Soares. É mau? E ainda temos João Pedro, Chidozie, Adrián, Hernâni, Bruno Costa e Marius, mais todos os B, de opções. Não chega? Dá que pensar, não dá?