Jogo feito na antecâmara de mais uma pausa para aquelas coisa importantíssima que são os jogos de preparação (?) e particulares das selecções, teve tudo para correr mal, novamente, mas correu bem. De um lado, uma equipa das melhores equipas de futerâguebi do país, o Rotundas da Boavista. Do outro lado, um líder fragilizado, sempre na expectativa de ver regressar um dos melhores laterais do mundo, Alex Telles, o nosso jogador mais nuclear, Danilo Pereira e, pasme-se, o ex-excomungado tornado Maregod, qual Thor-antes-de-ser-uma-gaja-com-cancro, Moussa Marega, de quem parece depender todo o fio de jogo Portista, mas já lá vamos. Depois, icing on the cake, a calma do mais épico rácio de reversões arbitrais de sempre, no click do ai-é-azul-então-vou-ser-anal-retentivo-coiso Bruno Esteves. Resultado, um jogo que, estatisticamente e, na sua história, parece calmo, mas que foi uma torrente de nervos sem fim. Vamos a notas.
Centrais de AÇO - Felipe esteve no muito bom e no bom, certeiro no golo de abertura, quase a bisar de seguida, não fosse um milagre de Vagner, imperial pelo ar e nos cortes in-extremis, levou uma pantufada na primeira parte que o deixou a ganir e ainda levou com Casillas nas costas, o que lhe agravou as dores na coxa esquerda. Ainda assim, foi estóico, e aguentou até ao fim. Isso é ser um jogador à Porto. Também Marcano acabou o jogo com queixas, depois da enésima pantufada de um rotundeiro, e de cair mal depois de mais um corte. Aquele sprint a salvar o golo in-extremis só me faz pensar porque raio não renovamos com certas pessoas que dão tudo por nós.
Herrera - Goste-se ou não - eu gosto, foda-se! - Herrera é central no jogo do FC Porto, este ano. Atrás, pelo meio ou à frente, o Capitão - que até já reclama com o árbitro, atenção! - deixou cair, de vez, a roupa de patinho feio e reluz em toda a sua bela cisnice. Não fossem as travadinhas que lhe dá todos os jogos, e ficaria na história como um dos nossos melhores. Se calhar, à distância, lembrar-nos-emos dos seus importantes e decisivos golos, do seu carácter ímpar, do seu espírito de sacrifício da sua entrega exemplares, muito mais do que das travadinhas. A História talvez lhe faça justiça. Para mim, já está a fazer. Não és um Lucho, mas és querido por todos - e isso é muito raro. Grande Héctor Miguel!
Saber mudar - Desta vez, Sérgio Conceição soube ver o que estava mal e mudou. A entrada cedo de um melhor Óliver para o lugar de um insípido Otávio ajudou a dar consistência e critério ao meio campo - e a libertar Herrera para outras missões mais ofensivas - Gonçalo teve mais minutos e Corona pareceu também querer dar o ar da sua graça. Tudo somado, boas decisões em bom tempo. Especialmente a primeira.
Demasiada fé no modus Maregod - Há um sistema de jogo que está perfeitamente adequado a aproveitar o melhor de um jogador que tem nos seus pontos fortes uma enorme força. E isso é bom e deu mais de 20 golos, muito medo nos adversários e uma confiança em alguém que também é excelente profissional e vai até ao limite pelo Clube. Muito bom. Agora, quando não existe, tentar usar a mesma fórmula com outros, ainda mais quando estes têm rotinas bem vincadas em formas completamente distintas, soa a falso e desadequado. E foi isso que aconteceu. Ricardo Pereira não se adaptou a ser Marega. E não tem de ser. Otávio, menos ainda. Asneira anunciada e previsível. Felizmente sem consequências de maior. Acredito que, daqui a 15 dias, com a força que ele tem, já voltemos a ter o maliano em campo. Jogar sem ele como se ele lá estivesse foi muito, muito mau. Quem diria que viríamos a ser Maregodependentes!
É o critério, estúpido! - As decisões revertidas foram correctamente revertidas? Foram, sim senhora! Foi por causa disso que jogamos pior ou melhor? Nem por sombras! Agora, deixo a seguinte pergunta: quem é que acredita que isto se passaria com as equipas da segunda circular?! Pois! É o critério, estúpido! Com e sem a vírgula! Na vertente disciplinar, sem comentários. Se fosse pela ordem do cacete, Ídris e o loiro platinado tinham ido tomar banho mais cedo. E deixo uma pergunta no ar, só em jeito de reflexão: qual é o espírito da lei dos dois toques? É uma escorregadela? Quem pode dizer isso sem se rir? Sérgio Oliveira não tirou nenhuma vantagem em escorregar! Muito pelo contrário! Enfim, ser anal retentivo é da lei. O critério é que não. Penaié, como diria Domingos Paciência, que poucos entendam que o que aborrece é a segunda e não a primeira!
Agora, descansar e recuperar! E ganhar esta porra, de uma vez por todas, carago!