Mística, Transcendência e a Ordem Evolutiva

Hoje n' O Jogo fala-se de Mística. Que ela já não existe, que se deve à falta da liderança, de identificação ou de Nacionalidade, consoante a opinião. Curiosamente, Mística vem de Myst, nevoeiro, algo indelével, intangível, mas que ao mesmo tempo penetra ao âmago e nos preenche, envolve, invade e transforma.

Essa foi sempre a Mística do Futebol Clube do Porto, que preencheu os jogadores, independentemente das nacionalidades. Mas sim, dizer que Jorge Costa tem razão, falta liderança ao FC Porto. Mas um líder não se fabrica - é-se. E é aí que eu difiro da opinião generalizada do artigo. Nem Helton nem Quaresma tem essa Mística de Liderança Portista. O último que a teve, no meu entender, foi Lucho. Hélton tem anos de casa, identificação com o clube, é motivador, mas não ordena, não comanda, não transcende. Falta-lhe uma certa agressividade, no caso preenchida com uma ética a toda a prova, que o faz ser respeitado por todos, incluindo adversários. No caso de Quaresma, o seu profundo egocentrismo faz com que ele não possa ser referência de ninguém, ao ser evidente que, no final, os seus interesses pessoais se sobreporão sempre ao colectivo, e isso não é um líder.

Quanto à falta de valores portugueses, apontada pela enésima vez pelo inefável Baía, eles estão a ser incluídos novamente no plantel, mas este enraizamento, que deverá começar para o ano, com um Rúben Neves mais regular nas opções, com Sérgio Oliveira de volta e com Gonçalo Paciência e, previsivelmente, André André, estes dois últimos já "de linhagem draconiana".  No meu entender, quer Rúben, quer Gonçalo, quer André André têm qualidade para serem futuros líderes. E aí, sim, o benfas tem uma vantagem. Luisão tem 12 anos de casa, não lhes falta voz de líder. E isso tem sido preponderante. Para além de todas as outras "ajudas" extra, claro.

Mas um dos princípios do Misticismo, do Oriente ao Ocidente, é o respeito pela Ordem Natural das Coisas, pelos Princípios Naturais e o Ritmo Natural do Crescimento. E este é um que também se tem de verificar no entrosamento da Formação no Plantel Principal. Gradualmente verificar-se-á de novo esta ligação Mística e essa sua indelévelidade. Aqueles que nasceram e cresceram com o Futebol Clube do Porto, deverão ser preservados, dentro de uma proporção exequível à competitividade internacional, no plantel e blindados de interesses externos. Se for possível esse equilíbrio, não haverá falta de Raça no plantel do Futebol Clube do Porto. A formação tem tido um misto interessante entre valores nacionais e internacionais, e basta ver alguns jogos, desde os sub 15 aos Bs, para ver que não falta por ali Portismo e suar de camisola. E estas têm sido acompanhadas e controladas de muito perto por Julen Lopetegui. 

Por último, a corroborar o meu post de ontem, nada mais belo do que esta notícia aqui. E não é a primeira vez que se ouve falar de "redução salarial" quando se fala dos nossos amigos de um lado e de outro da Segunda Circular. Quem não consegue garantir o dinheirito de outra forma.... E é claro que todos, desde treinador até guarda-redes, vão aceitar isso felizes e contentes. Mas eu, como Bernardino Barros, já deixei de acreditar no Pai Natal. Muitas notícias interessantes virão, sem dúvida alguma, desse lado nos próximos tempos.