Há uma característica numa grande franja de adeptos e sócios que eu odeio e que me irrita profundamente: o julgamento precipitado e preconceituoso, aliado a uma estúpida autofagia, disfarçado de cultura de exigência.
É natural e positivo que os adeptos Portistas exijam que os seus atletas, os que ostentam o Brasão Abençoado, dêem tudo de si até à ultima gota de suor, até à exaustão. Isso é o que sempre fez o FC Porto maior, aliado à sua identidade cultural e à luta com a adversidade. E é perfeitamente natural e desejável que se exijam títulos à equipa técnica e um futebol atractivo e apaixonante. Estamos, afinal, num Clube cuja obrigação natural é lutar pelo Campeonato todos os anos, pelas diferentes Taças e por títulos internacionais. Aqui não é aceitável querer não perder. Aqui não é aceitável menos do que tudo.
Agora, o embandeirar em arco que se assistiu acerca do acordo de rescisão com o anterior clube do próximo treinador do FC Porto, Sérgio Conceição, é uma autêntica vergonha. É certo que o processo foi mal conduzido pela SAD e por Pinto da Costa que poderia, e deveria, ter tido a seriedade e frontalidade de lidar com o Nantes directamente. Poder-se-ia dizer, no limite, que toda esta questão poderia ter sido evitada se não houvesse uma LucasLimoRafaSilvalização de Marco Silva e se assegurasse a não renovação de SC com o Nantes.
Posto isto, e sendo a opção do Presidente a que é, tratava-se de assegurar que a vinda de SC seria o mais barata possível. À medida que o assunto ia sendo tratado, lá estava o embandeirar em arco dos Portistas a acontecer: 6M, que escândalo!, 3M, que escândalo!, 3M mais 2 jogadores, uma ofensa! Só que, na verdade, Conceição virá por troca com Kayembé em definitivo e Chidozie com opção de compra de uns modestos 12M!
Um bom negócio que resolve, portanto, três problemas: a vinda de um treinador que desejava ardentemente vir treinar o nosso grande Clube, ao ponto de abdicar de metade do salário que ganhava no Nantes, a colocação de um jogador que oscilava entre equipas da Primeira Liga e a B, sem nunca pertencer verdadeira a nenhuma delas, e a vontade expressa por Awaziem de jogar ao mais alto nível, podendo ser vendido a um valor superior ao de um Reyes, por exemplo.
Mas não, deu imenso jeito ao nacional-ficabenismo que começássemos já a achar o treinador caro, traidor - como se fosse culpa dele que a SAD não soubesse negociar ou que Jesualdo Ferreira já tivesse vindo em moldes parecidos ou Villas Boas saído - e que tornássemos uma coisa que nos devia orgulhar - alguém querer tanto vir treinar o nosso Clube que estaria disposto a correr o risco de não trabalhar em lado nenhum e que largou um contrato de três anos para ganhar metade por treinar o FC Porto - numa espécie de defeito. Sim, somos nós os viscondes agora, muito preocupados com a igualdade e lealdade, enquanto dia, tarde e noite, outros fazem um branqueamento impar do ano transacto.
Se calhar, preferiam doutos senhores alguém cujo "fair play" - ou o "nunca queimar uma ponte" - vá ao ponto de nos
ridicularizar a todos e a nossa causa!
Sérgio Conceição merece o mesmo apoio dos adeptos que teve o seu antecessor, senão mais! Sérgio estará de corpo e Alma neste Clube, e fará o que NES nunca quis - dar o peito às balas. Se for brindado com assobios e frustração, esta massa assobiativa será a primeira a merecer a derrota.
Já chega da soberba de se achar melhor que os outros! Ainda ontem, um homem que foi apelidado de "gordo e lento", de quem se dizia que jogava por causa do "espanhol" e que "tirava o lugar ao nosso menino", marcou um golo soberbo - como alguns que o vi fazer de Dragão ao peito - e que lhe deu a vantagem na conquista da sua segunda Champions em dois anos! Cem anos que viva nunca vou esquecer a vergonha e o nojo que senti quando o brindaram com uma monumental assobiadela à saída, na sua troca com Quintero, e o olhar desolado deste enquanto este aplaudia timidamente os adeptos que o vaiavam!
Como, aliás, Danilo Luiz, outro bicampeão europeu, Capitão da nossa equipa que, como Casemiro, era "caro demais" e não tinha "qualidade para jogar no FC Porto"! Outra vergonha, desolado a despedir-se de um Dragão que ainda ama, com meia dúzia de gatos pingados - eu, orgulhosamente, um deles! - a despedir-se de alguém que sempre deixou tudo para ser campeão!
Santa estupidez cheia de soberba e saudosismo bacoco! Fazemos assim, entre a parvoíce e a estupidez, um caminho alegre para um deserto, olhando para as Vienas e Gelsenkirchens desta vida como outros os Cinco Violinos, ou o "jogador divino" Eusébio! Tenho memória, mas quero é saber DO FUTURO e os jogadores que mais amo e aos quais estou atentos são OS DE AGORA!
Já agora, quão estúpido tem alguém de ser para não perceber que há muito que Ronaldo ultrapassou Eusébio na história? Este nacional-ficabenismo que assola a nossa TV generalista é patético! À bocado foi o "Zé do Golo", o "novo Eusébio", como se quis fazer à força, que atirou os Sub-20 para fora! É isto, cantando e rindo, que enche a vida de um país "quase todo ficaben", como dizia há dias uma apresentadora de televisão! Patéticos! Quatro bicampeões europeus vindos do FC Porto. Quantos vieram do ficaben? Pois, esses todos!
Mas enquanto se continuar a criticar as Madonnas e os Mexias desta vida... merecemos a sodomia que vão fazendo ao nosso Clube!