E pronto, nem 24 horas depois da chegada, já chovem insultos a Alberto Bueno por tudo o que é rede social, e alguns blogues também. Basta ter nascido do lado de lá da fronteira para ser mau. Como o interesse em Alberto Bueno vinha sendo falado há meses, decidi acompanhar o Rayo Vallecano pela SportTV. Alberto Bueno agradou-me imenso, não só pelo que marca, mas pela forma absolutamente polivalente com que se posiciona no campo. E eu posso estar enganado, mas a comparação com Adrián López parece-me absolutamente injusta. Bueno não é só segundo avançado, faz bem a posição de extremo e de médio ofensivo. E uma coisa que Alberto Bueno não parece ter, de todo, é a falta de confiança de Adrián.
Também, admito, vejo com bons olhos um sistema de jogo de 4x4x2 no FC Porto. Ou como alternativa ao clássico 4x3x3. Sejamos francos, o nosso campeonato é jogado, predominantemente, contra equipas pequenas que se fecham na sua zona defensiva. Dois avançados e dois extremos que saibam fazer a função de médio que o 4x4x2 exige, dariam um pendor de incerteza absolutamente demolidor ao FC Porto. As tarefas defensivas que Quaresma já vem sabendo fazer e um Tello bem trabalhado cumpririam bem esse papel.
Mas o meu post fala de "hispanofobia" porque a sinto de uma forma clara no discurso dos adeptos, pelo menos os que comentam ciberneticamente. Mal aterra, um jogador já é mau, apenas por ser do país vizinho. E o mesmo também se aplica, diga-se, ao treinador de hóquei. Mas dessa, como é a modalidade da qual menos percebo, nada falarei. Relembro apenas que nunca ouvi nada deste género falado acerca de sul-americanos vários que populam o FC Porto. Mas, insisto, Marcano, Óliver e Tello, no meu entender, foram fundamentais. Friso que Pinto da Costa já tinha dito que o mercado espanhol lhe parece apetecível e cheio de qualidade, e evidentemente que um treinador espanhol, ex-scouter do Real Madrid, a isso não é alheio.
A mim, que estou longe de ser hispanofóbico, parece-me absolutamente coerente e normal. Ter uma liga contígua à nossa daquela qualidade e não a aproveitar, parece-me absolutamente louco. E digo: se é para ser nacionalista, sejamos pois coerentemente. Privilegiar o nosso talento sobre qualquer outro parece-me razoável, por causa das razões afectivas e de conhecimento da nossa realidade futebolística. Qualquer outra razão parece-me descabida, desajustada e preconceituosa.
António Simões sempre se assemelhou, para mim, a uma cobra cascavel. Fala baixinho, naquele tonzinho contralto quase castrati, de uma forma parabólica, com as costas esticadas e pose de senador. Eu já não tenho estômago para ver o Play Off, mas ficou-me na retina a única vez que vi Rodolfo Reis defender convictamente a sua dama - quando se falou ad nauseam do caso Apito Dourado e da suposta mão opressora do FC Porto nos anos 90 - a sedosa e babosa cobra abriu a sua boca e fez o seu barulho ao tentar picar com a sua língua venenosa, mostrando as suas verdadeiras cores. Disse, já alterado, com um sorriso vitorioso: "Custa, não custa? Agora é a tua vez de levar".
Aqui saiu a verdade das coisas. O poder foi ontem ao beija-mão no Terreiro do Paço, onde se incluiu o poder político e aquele que será, muito provavelmente, o próximo primeiro ministro de Portugal, o mesmo que iria permitir uma isenção absurda, parada a tempo por Helena Roseta. E esta é a inclinação dos próximos tempos, à qual há que reagir. A nossa SAD, contemplativa da lucrativa orla Europeia, não parece muito interessada, mas depressa terá de ficar. Lord Acton já o disse, "O poder corrompe e o poder absoluto corrompe absolutamente". Estamos nessa fase absolutamente delirante em que o poder já é de tal forma absoluto que outorga o direito à sem-vergonhice.
A declaração de Simões não é mais do que o expoente máximo da impunidade rubra que grassará o horizonte enquanto o FC Porto nada fizer para retornar ao equilíbrio. De uma forma desassombrada, ostensiva, viperina, nojenta. Mas os corruptos seremos sempre nós. Porque, ao melhor estilo Goebbeliano, uma mentira repetida mil vezes tornar-se-á verdadeira.
Não me preocupa a percepção do país, sinceramente. O meu orgulho azul e branco é infinito. Preocupa-me que a massa adepta Portista coma a palha, tenha a lavagem cerebral que todos os dias, a toda a hora, de todo o lugar, se faz ostensivamente por fazer. Da mesma forma que o passivo rubro se torna infinito, também toda a podridão é assim branqueada. Mas o dia dos justos chegará. E será já o próximo campeonato. Ganharemos a guerra injusta. Sabendo com o que (não) podemos contar.
NOTA: Choques como este não podem continuar a acontecer. Há que apurar causas e responsabilidades. O número de casos destes é alarmante e aumenta exponencialmente a cada ano. Se se está a ir para lá dos limites físicos há que parar já. As minhas sinceras condolências a todos os tocados por esta perda.
NOTA: Choques como este não podem continuar a acontecer. Há que apurar causas e responsabilidades. O número de casos destes é alarmante e aumenta exponencialmente a cada ano. Se se está a ir para lá dos limites físicos há que parar já. As minhas sinceras condolências a todos os tocados por esta perda.
Penso que se está a exagerar, vivi muitos anos em Espanha, gosto mais dos espanhóis do que dos portugueses. O problema são as raízes históricas, "de Espanha nem bom vento, nem bom casamento", está imbuído nos genes dos portugueses, foram algumas centenas de anos a gramá-los!
ResponderEliminarQuando aparece algum espanhol a levantar a grimpa… apanha! É a velha alma lusitana a levantar-se!
Uma coisa historicamente parva não deixa de ser parva por ser histórica! :) Por favor assine o comentário. Obrigado.
ResponderEliminarBueno é um jogador de categoria, polivalente, marca golos, é comunitário, está "bosmanizado" e não brinca na selecção, ou seja, está sempre disponível para o clube o que o valoriza muito.
ResponderEliminarSr. Jorge, a tal xenofobia que fala no meu entender surge de uma lógica que de lógica tem pouco! :)
ResponderEliminarNão se trata de atirar pedras a tudo o que é espanhol nem de ódios históricos, mas sim de uma ideia parva que surge a todos os que seguem o campeonato espanhol, que é uma ideia do tipo "ora bem, se vem de Espanha não deve ser bom porque senão os tubarões de la compravam, pois o que la não faltam são equipas com dinheiro! Não acredito que reais, Barcelona atleticos e valencias iriam deixar uma "truta boa" fugir para Portugal"
Ao contrario se for um jogador vindo da 2ª divisão argentina ou brasileira o pensamento é diferente "Ora no campeonato Argentino só ha clubes pobres, coitados e sem dinheiro e qualquer truta gorda e boa vem a troco de tostoes para Portugal! Ainda para mais aposto que lá na argentina tao longe da europa o real o chelsea o Barcelona e outros ricos não metem o olho, nem sequer conhecem os jogadores logo o gajo que vier pode ser o próximo messi " :))
Obviamente isto sou eu a exagerar, mas acredito que não deve estar longe do pensamento vulgar!
O brahimi, também é vitima deste pensamento e não é espanhol, já ouvi varias vezes, ate de portistas que se o brahimi fosse bom os grandes de Espanha não o deixavam fugir!
Quanto ao António Simões, esse tem saudades do antigo regime, para ele nesses tempos é que era futebol, depois do 25 de Abril estragaram tudo! Nota-se bem pela postura autoritária que tem que o antigo regime ainda lhe vive na mentalidade, no subconsciente que ele tanto reprime nestes últimos 41 anos de democracia!
Abraco
Uma interessante perspectiva. Muito bem pensado!
EliminarAbraço
Caro Jorge,
ResponderEliminarCompletamente de acordo com o que dizes.... são as ideias pré-concebidas acerca de certas nacionalidades... se forem Brasileiros de certeza que tem técnica... se forem Uruguaios/Colombianos são raçudos... se forem africanos são gajos de 40 anos com BI's de 20... se forem Chineses, Indianos, não sabem dar um pontapé na bola... se forem Sul Coreanos só sabem correr e por aí fora.
No caso do Porto e dos Espanhóis que cá andam são o refugo do que os grandes de Espanha não querem e são... Espanhóis...
Em relação ao Lucas não percebi a tua nota... é um jogador que já não o era à muito exactamente por ter uma doença congénita que o levou aos 35 anos... Apurar responsabilidades a quem? Ao DNA?
Muitos (ex-)jogadores têm tido mortes súbitas, nas mais diversas modalidades, em campo e fora delas, numa taxa verdadeiramente alarmante. Há uma corrente na medicina que diz que o treino intensivo de ginásio e jogo/treino está a esforçar os músculos/bombeio do sangue para lá do razoável causando uma espécie de "stress coronário". Falta provar, precisamente por causa da natureza súbita da morte.
EliminarAbraço.
Não só Ex. Jogadores... contudo os desportistas são uma pequeníssima parte da população mundial que morre dessas situação... tão pequena que não tem relevância estatística.
EliminarInfelizmente a nossa biologia não é uma ciência exacta e o nosso corpo não é perfeito na altura da gestação, portanto não se pode atribuir culpas a uma morte natural.
No caso do Lucas, ele "sabia" que iria morrer daquela falha mais tarde ou mais cedo, por isso já tinha abandonado a carreira desportiva à 7/8 anos... poderia obviamente ter vivido mais tempo, mas lá está... não é por ser futebolista que tem um estatuto diferente para a morte em si.
A única questão que se pode levantar é como é que ele pode ser profissional de futebol com aquele tipo de defeito e se esses esforços, na sua adolescência/jovem adulto, promoveram um aceleramento para que esta situação tivesse acontecido e a resposta é: provavelmente não.
Caro Jorge Vassalo,
ResponderEliminarSe me é permitida uma achega, relativamente ao Bueno, na minha modesta opinião, e dos jogos que lhe vi fazer, Bueno tem qualidade, sobretudo nas movimentações que efectua nas imediações da área e inclusive dentro da área, tem algumas afinidades com o Liedson do Sporting. Não julgo ter as caracteristicas do Adrian.
Todavia, esta contratação permitirá dotar o plantel de maior versatilidade, Bueno não está próximo de Martinez, nem Aboubakar tem afinidades com o Colombiano. Julgo mesmo que a perda de Martinez, será relativamente bem resolvida, Aboubakar garante 20 golos na Liga, e o Bueno dependente do tempo de jogo, poderá, ou não atingir a dezena.
O Bueno, acaba por entroncar nas recorrentes perdas do FC Porto neste século para a posição 9, sempre soubemos renovar. Recordo, Jardel saiu, e um tal Pena foi o Bola de Prata em 2001, em ano de estreia. Lisandro foi vendido, e um tal Falcao emergiu. Falcao "saltou" e o Martinez fez esquecer o Radamel. Agora, sem questionar a qualidade superlativa do Martinez (desejo-lhe um bom Clube, e de acordo com a sua categoria), saberemos resolver essa perda, ora com Aboubakar, ora com Bueno!
Aliás, o plantel de 15/16, e no que diz respeito ao ataque, já tem um esboço bem definido : Aboubakar, Brahimi, C Tello, Bueno, Quaresma, Hernani e Gonçalo. Salvo algum surpresa, Douglas Coutinho? Não conheço, mas tem 21 anos tal como Gonçalo, e este tem o que precisamos, Portismo e identidade!
Sobre a postura do Simões, abstenho-me de comentar o "lobo em pele de cordeiro...", nem considero tais declarações estranhas vindas dali. Habitualmente em modo microscópio mesquinho e encarnado: amplia as pequenas coisas, mas no sentido inverso, impede de ver as coisas grandes, por exemplo o protagonismo da dupla Rufo & Godinho, dois auxilares que garantiram 4 pontos com erros grosseiros, o FC Porto em Guimaraes, e os outros na Choupana, e já dou de barato outras tantas arbitragens VERGONHOSAS no 1º terço deste Campeonato APAF, todavia, certo é que nos pusemos a jeito, e tivemos tambem responsabilidades, deixar pontos na Choupana ou no Restelo, e da forma como foram desperdiçados, não lembra ao Diabo!
1 abraço
Mais uma superior análise do grande Paulo Teixeira! Já pensou ter um blogue seu?
EliminarDeixar pontos e fazer jogos maus fazem todas as equipas. Você, melhor que ninguém, saberá da anormalidade estatística de ter os dois primeiros com 85(!!!) e 82 pontos cada um. Este campeonato é estatisticamente mentiroso.
Chelsea, Bayern, Barcelona. Todos campeões, todos perderam pontos em jogos estúpidos. O #colinho este ano é evidente, e não estamos a chorar - seria bem diferente chegar ao Dragão à frente do benfas do que atrás, por exemplo. A história deste campeonato foi adulterada desde o início.
Já falei das derrotas. Num próximo post abordarei os empates.
Alberto Bueno vai trazer, junto com Aboubakar, uma coisa que penso ser essencial no ADN Portista: a diversidade da origem dos golos. Ter um jogador como o Jardel, se bem se lembra, foi péssimo para a equipa, a bola ia sempre para o mesmo. Gosto mais de pensar que um só não terá mais golos que todos os outros juntos.
Abraço
Caro Paulo Teixeira
EliminarSimões é um caso psiquiátrico, por isso não comento mais do que estas palavras.
Não devemos perder tempo com isso.
Caro Jorge Vassalo,
ResponderEliminarNão me interessa se é espanhol, brasileiro ou chinês. Interessa é que tenha qualidade. Não conheço Bueno, confesso que nunca tinha ouvido falar até aparecer o interesse do FCP. Sei que tem 27 anos, é por isso um jogador "feito" e á parte de uma passagem pelo Real Madrid (sem brilho) jogou em equipas com pouca expressão. Estou curioso. O que me preocupa é quando se escolhe outros jogadores em vez de olhar para o que temos cá dentro e sinceramente compramos alguns jogadores este ano cujo valor não é maior do que alguns que já ca estavam. Campana, José Angel e Andrés Fernandez não provaram ser melhores do que alguns jogadores da equipa B ou até emprestados. Daí até existirem criticas xenófobas vai uma grande distancia que eu não percorro. Espero que Lopetegui perceba a importancia destas decisões.
Raoc
Olhe que a equipa B, quando o Campaña lá jogou, melhorou muito a produção... :) Esse é um insondável mistério, o de Campaña. Quanto aos outros dois, Angel quem te como alternativa? Andrés sim, não acho que o Ricardo fizesse pior.
EliminarAs criticas xenófobas existem, sim. Não são suas. Mas desafio-o a ir ao Facebook.
Abraço
Caro Jorge,
ResponderEliminarA Xenofobia de alguns portistas dirigida, concretamente, aos elementos espanhóis que vem para o FC Porto é um assunto que, confesso, incomoda-me.
Cumprimentos
Ana Andrade
www.portistaacemporcento.blogspot.com
Jorge,
ResponderEliminarparabéns pelo blogue. Muito bom.
O Lucas deixou de jogar futebol profissional aos 27 anos (em 2008), então no Estrela Vermelha de Belgrado, um ano depois de saír do Boavista.
A doença foi detectada, o jogador deixou de competir. Não me parece que haja responsabilidades a imputar a quem quer que seja.
Cumps
Não estou a falar de nenhum caso específico. Estou a falar de uma atitude mais preventiva, na gestão de esforço dos atletas profissionais e melhor acompanhamento das taxas de esforço.
EliminarAbraço
Jorge, hoje por hoje mesmo nos desportos ditos amadores, quem não usa creatinas, bcaas, etc, para recuperar do esforço, das cargas diárias ou bi-diárias, já não consegue acompanhar o ritmo que o desporto exige. Não é doping mas o organismo já não consegue produzir em tempo util, naturalmente, o necessário para uma recuperação satisfatória. No caso do Lucas, penso que nada esteja ligado a suplementos mas há doença que infelizmente lhe foi diagnosticada.
EliminarJoão
A uns e a outros o FCPorto de outrora respondia com vitórias, mas infelizmente este FCPorto é do Sr Lopetegui e de uma estrutura directiva desinteressada e ausente.
ResponderEliminarLuís (O do Sérgio Conceição ou Ruí Vitória)
No final deste ano veremos.
EliminarQue a razão esteja toda do seu lado Sr Jorge Vassalo.
EliminarLuís (O do Sérgio Conceição ou Ruí Vitória)
Palpita-me que hoje vai um jogador embora por 38 milhões.
ResponderEliminarMiguel
Grande Simões!
ResponderEliminarNo tempo dos melões,
Era vê-lo aos repelões...
Azia farta de frustrações.
D´outro lado,
Quase como por magia,
Surge hispanofobia...
Cheio de portugalidade vazia...
Imbicto abraço!
http://imbictopoema.wordpress.com
Interessante entrevista ontem de Moncho Lopez. E como, ao contrário do que esperam os adeptos (guiados pela emoção) ele personifica a forma RACIONAL como se deve trabalhar. Ao admitir que na época passada a sua equipa ainda NÂO estava preparada para estar na principal Liga de Basquetebol (ao contrário do que desejavam os adeptos) e como preferiram ficar mais uma época na Pro-Liga. E ao concluir, juntamente com os seus atletas, a evolução na sua forma de jogar. Vejo, a mesma forma de trabalhar no Andebol, com o bom trabalho de retaguarda do Prof. Magallhães a ser fundamental e a complementar o trabalho do treinador principal. No Hóquei, estaremos a a caminhar nesse sentido? E no futebol, tem Julen esse perfil, mas a questão é: é isso que a SAD quer? FINALMENTE tirar proveito da formação? E fazer um trabalho de médio/longo prazo para aproveitar a formação?
ResponderEliminarAbraço, P. Torres
Não me parece coincidência que o modelo de jogo da equipa A esteja a ser trabalhado desde os sub 15...
EliminarAbraço
Quanto ao Simões, o proprio Rui Santos esta época deu-lhe um correctivo em directo, momento único em tv.
ResponderEliminarP. Torres
O Simões é o resto do bafo salazarento...o que vale é que tudo tem um fim. Pena que o Rudolfo esteja mais interessado em malhar no Lopetegui do que recordar a personagem das vitorias salazarentas em que foi protagonista. Abraço.
EliminarNem me digas nada, Rebelo. Que arrepio ver o Rodolfo a malhar nos da casa. Já desisti.
EliminarAbraço