"Se formos ler as estatísticas sobre os hábitos de leitura verificamos que o norte do país está abaixo de quase todas as outras regiões, são dados que não podem ser escamoteados nem escondidos. São a realidade.
Se formos a seguir para o poder de compra os números são iguais, o norte está na cauda das estatísticas. As pessoas têm as suas prioridades, é a realidade." (...)
"A culpa é de quem, de Lisboa, do centralismo, dos políticos, dos deuses da fortuna? Não é nada disso, isto é uma questão que já tem muitas centenas de anos. Pertence à história do país."(...)
"Existem dados estatísticos e não só. Se ficam incomodados e se sentem insultados o problema não é meu, será vosso possivelmente por falta de informação.
Quem cria riqueza no mundo capitalista são os empresários. os estados limitam-se a recolher o dinheiro dos impostos que esses empresários e empresas criam e depois redistribuem-nos.
Culpar Lisboa do atraso do norte é insultuoso para a inteligência das pessoas bem informadas. Isso é propaganda de alguns caciques que tentam calar a boca de pessoas ignorantes. E por aqui me fico."
"Alcoholic Anonymous" , em comentário a este post do magnífico Porta 19
Atrasados. Burros. Analfabetos. Ignorantes. Fracos. Preguiçosos. "Bimbos". Esta era a realidade da percepção da gente do Norte, quando Jorge Nuno Pinto da Costa assumiu a presidência do Futebol Clube do Porto. Que eramos uns pobres coitados, que na grande capital do "império" estava tudo o que é limpo e grandioso. Glorioso. Felino.
Quando o Nosso Grande Presidente começou a construir a hegemonia Portista que os seguintes 30 anos verificariam, nós eramos menosprezados, tratados quase como se de um clube de província se tratasse. Mas depois começamos a ser incómodos. Começou a ser uma sarna, uma coceira que não se conseguia sacudir. Um titulo, dois, dez. Uma conquista Europeia, duas, sete.
Depois passamos a ser os demónios. Aqueles que "conspurcam" o sistema. Os que "ganham com batota". Os que trapaceiam, os que roubam. Tudo começou a ser negacionista. E porquê? Porque o NGP era arrogante. Porque não permitia bocas foleiras na sua casa. Contestava desigualdades de critérios. Combatia o poder político e judicial vigente, que era rígido connosco e permissivo com os do Sul. E começou a mostrá-lo, publicamente. Enquanto continuava a ganhar. E pior! Lá fora, como cá dentro!
Então a inveja e a perfídia substituíram a sobranceria e tornamo-nos o alvo a abater. Toca a arranjar algo que os amordace, que os limite, que os restrinja. Invente-se um processo judicial, que os condene a eles por uma prática - errada - feita por todos. Abafe-se o que não se quer dar a conhecer.
Mas entretanto o FC Porto cresceu, tornou-se Campeão Europeu, ganhou troféus internacionais, E começou a ficar acomodado, ou a não se incomodar com as vozes do burgo. E começou a dormir na forma e a dar o flanco. E mesmo depois do malfadado processo, ganha 7 títulos em 10.
E chegamos assim aos dias de hoje. Dias tristes e cinzentos, não porque outros tem a febre orgásmica de um bi-campeonato que já não viam desde o NGP. Mas porque o fazem da forma mais vil e suja. Voltando aos tempos do antigamente. Com gerra suja, ataques vis e entorpecimento dos feitos do Nosso Grande Clube. E a nossa reacção é pífia e medricas, como bem diz Pedro Ferreira de Sousa, neste post que subscrevo totalmente do Bibó Porto, Carago!
Mas o ciclo está a fechar-se e vem aí de novo uma nova fase. Porque a soberba está a voltar. Voltou o "fim da hegemonia" e os jogadores que são "tetra campeões" mesmo não ganhando quatro campeonatos seguidos. A inversão das histórias, o adulteramento da verdade.
Porque, no fundo, nunca deixamos de ser, na cabeça deles, atrasados. Burros. Analfabetos. Ignorantes. Fracos. Preguiçosos. "Bimbos". Mesmo fazendo grandes caminhadas europeias. Mesmo batendo recordes. Porque se ganhou uma liga a vender toda a prata. A pensar que nunca mais se ganhará outra.
Incrível a sobranceria dos gajos. Leio que andam a colocar uma estrutura à volta da estátua do Marquês de Pombal para os festejos. Bem, já nem pergunto se é legítimo fazer isso num monumento, mas só pergunto: como é que se sentem os jogadores do Vitória e do Marítimo? então não contam? não valem nada? o slb já é campeão? vale a pena jogar as duas últimas jornadas? saiu em Diário da República que o slb já é ou tem de ser campeão? isto mete nojo. No século XIX, Alexandre Herculano dizia que "isto dá vontade de morrer", referindo-se à situação do país. Estamos na mesma. Estes merdas põem e dispõem. Fôssemos nós a fazer isto, a fazer a festa duas jornadas antes do fim e com tudo em jogo. "Corruptos, a corrupção, já sabem que vão ganhar porque corrompem", etc. Assim, nada. É que isto ultrapassa tudo em termos de falta de vergonha e de respeito pelos outros. Não há palavras.
ResponderEliminarQuanto aos anónimos, não é assim. O estado não redistribui riqueza produzida. Muitas vezes rouba, o que é diferente. E se há mais poder de compra e riqueza em Lisboa e vale do Tejo isso é natural, há lá mais gente, investimento, etc. Isso tem tanto valor como dizer que se bebem mais cafés no Porto do que na Idanha. Agora, a questão aqui é de equidade. Os recursos são distribuídos de forma equitativa pelas diferentes zonas do país? não. Veja-se o que sucede com os fundos europeus. Somos prejudicados no interior, no centro, no norte, etc. Para benefício de Lisboa e arredores. Saúde. João.
Subscrevo.
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Não percebi o que tem o comentário do Alcoholic com o resto do texto. Em que é que o futebol e as suas conquistas têm a ver com estatísticas que existem e que reflectem uma triste realidade?
ResponderEliminarSerá que de repente as pessoas do norte e do Porto passaram a ter melhor poder de compra e a uma maior ligação aos hábitos de leitura? Não percebo. Estão a insinuar que uma coisa substitui a outra?
Estarão a querer fazer como os catalães que frustrados por não terem conseguido a independência do seu país que tanto anseiam têm o futebol como substituto para o orgulho nacional? Isso tem um nome e eu não gosto nada dele.
João C.
Não. O discurso é, caso não tenha reparado, um de demonstrar que os Nortenhos é que são burros e simples. O tom é um de que o que é bom está no sul. O que é completamente falso, e a ligação, caso não tenha vivido esse tempo, é que Pinto da Costa sempre quis - e quer, até porque não quer fazer do Porto Canal um exclusivamente sobre futebol, mas sim sobre tudo que se passe a Norte - combater a ideia de que tudo o que é Nortenho é inferior.
EliminarAbraço
Alguém diga a esse otário que para haver uma justa redistribuição é preciso que se declare tudo como deve ser em sede de IRS e que não existam fundos imobiliários nem off-shores que desvirtuam completamente a mesma redistribuição. Se esse palhaço soubesse os desvios que se fazem dos fundos europeus para a merda da capital estava caladinho, porque é isso que empobrece e torna o Norte incapaz de competir com as mesmas armas com aquela área metropolitana em volta do Tejo. E quem diz o Norte, diz todas as outras regiões, menos a colónia de férias desses cabrões, o Allgarve e a Madeira, por o Jardim manda-os dar uma volta e defendia os seus. O nosso aeroporto não se tornou no que se tornou com controlo centralizado. Nem o turismo na região cresceu graças ao Turismo de Portugal. Nós tentamos sempre, mas sempre, e conseguimos, arranjar uma escapatória das grilhetas que nos impõem. O Norte sempre foi a verdadeira força matriz deste país, a verdadeira identidade. Nós não precisamos deles para nada, mas eles precisam, e muito, da região Norte. Daí o medo que eles têm e as barreiras que colocam à regionalização. Cumpra-se o artigo 255º da Constituição. REGIONALIZAÇÃO (autonomia administrativa e financeira) JÁ! PARA ONTEM! Estes filhos de uma puta querem fazer-nos o mesmo que a Inglaterra tentou fazer à Irlanda, com a Grande Fome. Querem esvaziar-nos de população e de recursos. Não deixemos que tal aconteça!Regionalize-se isto ou passemos à desobediência civil.CHEGA!
ResponderEliminarTentaram levar o Rally de Portugal para sul, felizmente conseguimos recuperá-lo, porque é inequívoco o reconhecimento internacional, prestígio e qualidade do traçado, do público e da organização a Norte. Tentaram fazer o mesmo com a Red Bull Air Race. Tanto chatearam o patrocinador para levar o evento lá para baixo que conseguiram que não fosse realizado nem num lado, nem noutro. É o que vão tentar fazer com aqueles barcos super rápidos (perdoem-me mas não sei o nome) que vão dar espectáculo no Douro. E isto são só exemplos de eventos que dão visibilidade internacional à Invicta e ao Norte que eles boicotam. Porquê? São como as crianças que não podem ver nada que querem igual? Puta que os pariu!
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