O FC Porto entrou à Dragão, com muita força, querer e fibra e abriu o marcador logo antes dos 2' através de um fantástico golo de Silvestre Varela. Este foi, aliás, o jogo dos patinhos feios. Espero que se mostre que são, afinal, belos cisnes: ganhamos todos com isso. Peseiro surpreendeu muito e confesso que até eu estava um pouco, digamos, desconfiado do acerto em pôr Angel em vez Layún, Danilo a central e Varela no 11. Todos apostas ganhas. Aqui fica o sublinhado pela coragem. Adiante.
A entrada fulgurante, intensa, rápida e agressiva rendeu frutos e, logo de seguida, no segundo remate, novo golo de belo efeito, desta vez de Hector Miguel, que esteve novamente em campo ontem. E depois disso, até à meia hora de jogo, surgiram mais outras belas oportunidades, duas através de André Silva, ontem titular, e que jogou bem. Jogou bem, apesar de querer muitas vezes jogar bonito. André, na liga dos grandes não há espaço para notas artísticas - é pôr a bola lá dentro. Nem que marcasses com a barriga, meu querido amigo, irias ser celebrado na mesma. No entanto, a sua velocidade e vontade sentiu-se, e isso para mim já é bom. Aliás, não fosse uma fantástica exibição de Rui Siva, o guarda-redes do Nacional, e teríamos vindo felizes aí com uns 7-0. E não estou a exagerar.
Felizmente, na segunda parte, o FC Porto voltou a entrar fulgurante e, logo aos 55', uma
extraordinária jogada de união Portista deveria ter dado mais do que - mais uma! - grande defesa de Rui Silva, e a seguir aos 67' outra vez, desta feita num excelente remate de André Silva, salvo in-extremis por Rui Silva. Que mania, pá, esta dos guarda-redes adversários fazerem o jogo da vida deles contra nós. Não se admite! Mas, logo a seguir, aos 68', Danilo marca, uma vez mais de bola parada, um excelentemente executado golo de cabeça e sentencia o encontro. No entanto , houve ainda tempo para a redenção de Aboubakar aos 85' (entrara 10' antes) com um fabuloso golo, que trouxe o rótulo de
goleada ao encontro, o único merecido.
Queremos, naturalmente, o FC Porto sempre assim. Não necessariamente, claro, a golear, mas com pressão, intenção, critério, solidariedade, espírito de grupo. No fundo, no fundo, um FC Porto à Porto. Parece ser possível. Que assim continue.
Hector Miguel - Cada vez mais presente, o alter-ego de Herrera preencheu os espaços, foi polivalente, marcou, deu a marcar, pressionou, atacou e defendeu. Foi Capitão pelo exemplo, mas também no discurso. Nota-se que a braçadeira lhe faz bem, dada a cada vez mais consistente série de bons jogos. O
icing on the cake foi a entrega da camisola de jogo aos Super Dragões e a forma como agradeceu o apoio em nome do grupo. Muito bem. Bravo.
José Ángel - Naturalmente, foi o nome que mais me fez tremer no onze. Mas fez um
jogaço e provou ter qualidade. Aqui e ali foi perdulário a defender, mas não como o costume. Será uma questão de baixas expectativas da minha parte? Não sei. Sei que os cruzamentos tiveram sempre critério e as desmarcações foram bestiais. E surpreendentes. E tudo o resto.
Varela - O Silvestre sempre foi assim. De repente, sem ninguém esperar por isso, saca da cartola um golaço. E o apoio entre linhas. E a preciosa ajuda na defesa. E uma, e outra, e outra jogada de perigo. Mas também a paradinha que quase oferece um golo ao adversário. Não vale a pena reclamar. Varela é isto. Entre o génio e o louco. Algures pelo meio.
Sérgio Oliveira - Agarrou-se à titularidade com unhas e dentes, e faz por merece-la. Verdadeiro dínamo do meio campo, é a primeira linha de ataque e defesa, por estes dias. Agressivo, intenso, empenhado e lutador. Um jogador
à Porto. Uma boa aposta continuada de José Peseiro.
Rúben Neves - Não me canso de dizer: Rúben não é um 6. Pelo menos, não um 6 na linha de Fernando ou do próprio Danilo. Rúben pode ser, talvez, o eixo organizador de um duplo pivot com um carro-vassoura ao lado, ou um 8 organizador, mas não é, de todo, um 6 clássico. Não tem
agressividade para a disputa de bolas e as maiores falhas vieram dele. Se está na zona de construção do Nacional tem de fazer
mais. Ou então, que se aproveite as características de organização e distruibuição que sabe ter e se avance com ele um pouco no terreno. Como está, não serve.
Substituições - Peseiro tem um problema que considero grave - tarda muitíssimo a substituir jogadores. Não pode ser. Entrar Aboubakar aos 75' e Xicão Ramos aos 82' para quê? O que mostra o Xicão com 10 minutos de jogo? Veja lá isso mister. Se é para dar oportunidades, dê-as. Não dê meias oportunidades.
Como o post vai longo, e quero escrever sobre o tema um bom bocado de texto, guardo as minhas impressões sobre as eleições para
amanhã. Não esquecer que o NGP dá uma entrevista ao Porto Canal às 22:30 hoje, sobre esse tema. O link está
aqui.
Quero deixar o meu
voto de pesar pela extinção do fantástico
Bibó Porto, Carago!, blog fundamental na bluegosfera e, para muitos de nós, uma verdadeira fonte de informação permanente e criteriosa. Espero que reconsiderem e voltem.
FAZEM MUITA FALTA.