Noite quente de Verão, em pleno Outono, em vésperas de Novembro, casa compostinha no Estádio do Bessa, onde tive a felicidade de estar, em excelente companhia. A bancada coiso (Norte, Sul? whatever!) dos Dragões completamente cheia de um imenso e assoberbador Mar Azul, a abafar por completo as gentes da casa.
Derby da Invicta, portanto, com todos os ingredientes para ser aquilo que sempre foi - aqui não há solidariedade, apenas rivalidade. À antiga. Sem amor algum.
Entrada má - Sérgio Conceição acabaria por concordar - da equipa em campo, sem conseguir construir a partir de trás, com um jogo directo perdulário e a funcionar em reacção, em virtude do maior povoamento do meio campo boavisteiro e de uma entrada perdulária e de vistas curtas por parte de Herrera e de Danilo. Mais uma vez se sentiu o fantásma de Leipzig, mais uma vez se viu uma equipa com muita vontade e pouco tino, ainda assim comandada pela batuta de um Brahimi absolutamente endiabrado e imparável. Mas até foram mais as investidas e consequentes oportunidades do Boavista, tendo havido até uma excelente defesa de José Sá a um remate que daria golo. Terminaria, pois, a primeira parte com um ascendente da formação da casa que se entendia, dado o pouco povoamento do meio campo.
Segunda parte com a atitude corrigida, um FC Porto um pouco mais consistente e subidinho, e cinco minutos volvidos, o golo. Excelente jogada de envolvimento e de variações, com Aboubakar, qual Jackson, a descer e a fazer o tal povoamento que faltava, bola à direita para Corona, cruzamento para Brahimi, cruzamento rasteiro para a finalização de Abou. Assim explodia o Bessa, da acumulada tensão de um jogo rasgado, agressivo e nem sempre bem jogado. Aos 70 minutos, Sérgio reage aquilo que era óbvio, o despovoamento do meio campo, com a saída de um bom Corona, que antes tinha visto o filme do ano anterior repetido (ver nota abaixo) e a entrada de André André. Isso permitiu a Herrera a subida no terreno e, consequentemente, passado pouco tempo, depois de passe de André André, cruza para o golo da tranquilidade, por Marega, sempre com um óptimo sentido de oportunidade que lhe é característico. Passado cinco minutos, o mesmo AA serve Brahimi para o seu merecidíssimo golo. Assim, acabava a partida, com um resultado muito superior à qualidade do jogo demonstrada.
Não gostei que SC não tivesse visto mais rápido o que toda a gente conseguia ver. Se conseguiu o primeiro golo, foi por um conjunto sólido e unido - que sim, é mérito dele. Mas não posso dizer que aprecie este futebol de vertigem, sem verdadeiro controle ou jogo pensado, mesmo com mais um homem a povoar o meio campo. Vejo nele um potencial para o erro que não parece despiciente. No entanto, não se pode contrariar um dos melhores arranques de sempre do Futebol Clube do Porto. Uma vez mais, adoro não ter razão.
Claro que tudo isto seria mais fácil, não fosse a ridicularia que foi a arbitragem de Hugo Miguel. A forma como foi sempre sendo "pedagógico" com os jogadores do Boavista enquanto ia varrendo de amarelos estúpidos os jogadores do FC Porto (Marcano por protestar, quando todos os jogadores do Boavista o fizeram múltiplas vezes, Corona por uma entrada absolutamente normal, Herrera por nem tocar em lado nenhum, só para dar exemplos) mostra o verdadeiro cabeça de falo curto que alí vai. Mas para os livros vai mesmo o amarelo a Aboubakar por... ousar ir festejar para dois lados do campo, como se pode ver nesta imagem em cima, ao passo que um jogador do Boavista quase arrancar, pelo segundo ano consecutivo, a perna a Corona não deu mais que um amarelito, quando deveria ter sido um claríssimo vermelho.
O amarelo a Abou é, em si mesmo, a explicação e a demonstração do porquê do nosso campeonato ser o que é, em termos de intensidade, velocidade e apelo ao exterior. Com arbitragens destas, tendenciosas e vaidosas, não sairemos nunca da cepa torta!
Por último, adorei ouvir Simãozinho, o lambidinho, projecto falhado de Mourinho, a dizer que aquilo tinha sido tudo dele e ele é que tinha falhado nas substituição. Não, lambidelas, tinhas de arriscar porque senão perderias na certa. Nós é que fomos demasiado fortes para ti. Apesar de te permitirem tudo. Continua assim que vais bem.
Arbitragem muito merdosa, nem sequer apodável de "habilidosa". Um FCP que apresentou toda a sua força e lacunas. É o habitual dilema. Jogar com dois médios , fazer pressão alta, recuperar a bola muito subidos, para que esteja o menos tempo possível no nosso sector mais fraco (meio-campo). Caso o adversário esteja em noite guerreira e saia da pressão, ficamos muito expostos. É claro que este esquema não permite posse. Mudado o esquema para 4x3x3, e com o Boavista ainda arriscando mais por estar a perder, o nosso ataque passou a ser mais apoiado. Não sei até que ponto SC devia ter mudado mais cedo, porque naquela altura (0-1) foi xeque-mate. Mas é este o guião: - mudar para 4x3x3 quando o jogo nos está de feição, para dar mais solidez e correr menos riscos. Claro que contra equipas de outra tarimba é para meter 3 médios desde o início, faxabor.
ResponderEliminarE os médios CERTOS...
EliminarAbraço
Sim, eu preferia ter em 4x3x3 no meio campo Danilo, Sérgio Oliveira e Óliver. A entrada de André André teve um efeito enganador, uma vez que a sua liberdade não foi por ele criada, mas sim pelo momento táctico do Boavista, que despovoou o centro em busca do empate. Note-se que os 2 golos subsequentes foram em transições rápidas e André André não trouxe controlo, nem posse. Talvez a antevisão de um jogo rasgadinho esteja na origem do afastamento de Óliver. No entanto, que podemos apontar a Sérgio Conceição, quando o resultado é brilhante e sustentado no tempo?
Eliminar...o Oliver?...também gosto e se calhar em jogos menos exigentes do ponto de vista físico, ele vai entrar...mas devia rematar melhor. SC conseguiu dar competitividade ao sector mais fraco do plante!.
ResponderEliminarPor oposição ao André André? Exacto.
EliminarAbraço
ganhamos!! jogo como o do leixoes como seria de prever, mais uma vez os nossos potentes avançados e a mestria de brahimi resolveram. Faltam nos medios , tres pelo menos, fortes, rapidos, tecnicamente razoaveis, luizao esta na B, dalot podria começar a treinar a medio e tem de vir mais um que sera caro. Ganhamos mesmo contra as tais habilidadesinhas do sr arbitro , era assim antigamente, mas nota se que ja existem mudanças em relaçao aos anos mais recentes, as arbitragens tem muito mais cuidado, as coisas vao mudando. Claramente que o efeito treinador existe mesmo, o ano passado tivemos varias vezes de descolar e falhavamos sempre de forma quase escandalosa. Os treinadores tugas sao bons taticamente , defendem bem, mas a velocidade e a potencia normalmente destroiem esa forma de jogar. O casillas ainda e melhor do que o sa.
ResponderEliminarCaríssimo Jorge!
ResponderEliminarEsclarecida a análise ao comportamento do jagunço Hugo Miguel. Muito bem, apoiado!
Relativamente à estratégia dos Dragões, ainda bem que o Mr. SC corrigiu ao intervalo as movimentações da equipa.
Off the topic
Agora há que preparar com empenho a recepção ao Leipzig, e da minha lavra...
"As deambulações de Forsberg"!
Em Leipzig, o 10 Forsberg foi um elemento preponderante na estratégia da equipa alemã do Leipzig e gozou de excessiva liberdade no meio campo, concedida pelos dragões. Por conseguinte, para a próxima 4ª feira, uma das preocupações da equipa portista deve ser controlar a movimentação (deambulações) do 10 Forsberg, um futebolista tecnicista, senhor duma notável mobilidade e grande capacidade atlética…!
Um abraço
A.M.
https://wordpress.com/posts/dragaoatentoiii.wordpress.com
A referência ao Aboubakar descer, no inicio da jogada do 1º golo, fez-me lembrar a falta que faz o Soares ao 11.
ResponderEliminarTê-lo em campo com o Aboubakar e eles poderem alternar o elemento que desce ao meio campo era vital quando construíamos em posse continuada. Fazê-lo com o Marega é tão diferente... Tanto que acho que o Oliver foi uma vitima inocente disso.
Nem sou o maior fã do Soares, mas o acréscimo de qualidade com a bola face ao Marega (sem ser nada de especial, ao lado do Moussa parece o Maradona) sem perder muito musculo acho que faz a diferença na viabilidade entre o 11 (e o modelo) com que começamos o campeonato e este que temos tido agora.
Espero que esses dois (Soares e Oliver) venham a ser determinantes no resto da época.
Cá pra mim o resultado peca por... escasso!
ResponderEliminarAquela bomba do Marega á barra, foi um crime não ter entrado!
E como me disse hoje um fanático boavisteiro meu amigo: e vocês dizem que tem um plantel curto. Agora imaginai se fosse comprido!!!Lol