A Insustentável Esquizofrenia do Adepto Portista

A contratação de Hernâni trouxe a lume aquilo que mais me entristece no nosso FC Porto: a esquizofrenia paranoica da massa associativa do FC Porto. Quando pensei, ao saber do nome, que seria até mais consensual, porque não é espanhol nem estrangeiro (é luso-cabo verdiano), eis que chovem um rol de críticas e de insultos ad hominem: comparações com Licá, dizendo que ele só sabe jogar em contra ataque, que não tem poder de decisão final, que vem para aquecer o banco, em suma, que é desnecessário. Critica-se a dimensão do negócio, propaga-se valores de erro puro, na ordem dos 4,5/5M, quando os valores reais são bem diferentes, fala-se dos emprestados incluídos como se de vendas a custo zero se tratasse. Acaso achariam que Ivo Rodrigues estava pronto para ser extremo, quanto mais Octávio um jogador capaz de tirar o lugar a um Óliver e/ou a Quintero? Acham. Tudo o que seja formação do FC Porto devia ser titular na A, já. 

Felizmente Lopetegui (que me sossegou o coração ao falar de Gonçalo para "muitos anos") tem uma visão alargada de futuro que não é este imediatista. Pasme-se que até já há quem "defenda" o lugar de Adrián. Se há quem defenda que demasiados estrangeiros estragam o FC Porto e são uma "mania de Lopetegui" - completamente desmentida nas últimas contratações! - por outro lado acha-se que perder-se-á a dimensão europeia e a capacidade de luta com os grandes. Preso por ter cão, preso por não ter.

É preciso puxar um pouco o foco mais para trás e ver num alcance mais de longo prazo. Brahimi, Danilo, Jackson (já agora, quanta indignação por Jackson dizer que talvez vá embora no fim do ano! Talvez? É certo! E uma grande mais valia em termos de cash flow), talvez Alex Sandro, Herrera, Quintero, vão embora. Vamos ver o que o mercado trará, mas está mais que claro que Lopetegui vem criar uma filosofia de jogo em que o sistema de jogo é superior às individualidades, e que estas ganharão potenciação no colectivo forte. Pode ser que o Barça leve o Tello, que Quaresma vá para outras paragens, que Óliver não fique mais.  Mas o que é a base, o modelo, a atitude e a troca de bola, essa está subjacente. E isso beneficia a SAD que faz as suas vendas, baixa a sua folha salarial, potencia a formação e continua com uma equipa sólida e competitiva, que exponencia o talento com critério e tempo. Não tem de ser tonto. Jogadores como o Rúben Neves,  Sérgio Oliveira e Gonçalo Paciência vão  ser as futuras vozes do Portismo,  jogadores como Hernâni já sabem que "chegaram ao topo dos clubes"  e assim conhecem o peso da camisola que envergam.  Mas com tempo,  protegidos,  sem ser queimados.  E assim sendo o melhor do seu potencial.  Em prol do clube e de si próprios. 

Por isso digo: Querem criticar por criticar? Don't!