quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Espaço Z - FC Porto vs Águas Santas (37-25)



Resolver o jogo a defender. Nesta pequena frase, poder-se-ia resumir o filme do jogo desta noite, frente a um adversário tradicionalmente - mas mesmo só tradicionalmente - complicado. Há pouco tempo atrás, considerei que Águas Santas e Madeira SAD se situam num patamar intermédio entre as equipas de topo (FC Porto, Benfica, Sporting e ABC) e as restantes equipas, que tanto lutam pelos últimos lugares do play-off, como pela manutenção. E a diferença está á vista, não só pela diferença de golos, como pelas enormes dificuldades encontradas pelos maiatos durante largos períodos de jogo para criar situações de perigo ou parar as nossas investidas. 

Começámos bem, com o habitual esquema defensivo de 6x0, um pouco mais preocupados com Pedro Cruz (o eterno melhor marcador do campeonato), e portanto com algumas variações que nos colocavam a jogar com 5 jogadores na linha de 6 metros e outro (Cuni ou Gilberto, maioritariamente) um pouco mais subidos, para tentar impedir o meia distância maiato. O parcial inicial de 4-0 fazia adivinhar uma 1ª parte mais desequilibrada, mas aos 20 minutos, com 15-9 no marcador, lá tivemos a habitual rotação dos jogadores da 1ª linha (central e laterais), e Gustavo e Kasal estiveram francamente mal neste período. O checo então, esteve de bradar aos céus. Mais uma vez, Costa não soube ler o timing das alterações, atirando para dentro de campo jogadores que necessitam de muito espaço, quando a defensiva contrária se abria num sistema de 3x2x1, bem aberto e agressivo. Lentos e jogando pouco sem bola (coisa que Cuni, Gilberto, Martins, Rui Silva e Nuno Roque fazem tão bem), tornaram o nosso ataque num deserto de ideias, e quando demos por isso, já os maiatos estavam a 2 golos. Ficámos também a perder defensivamente, porque Kasal é um defensor (ainda) muito frágil, e foi por ele (boa leitura por parte de Paulo Faria, que explorou bem a fraqueza defensiva do checo) que o Águas conseguiu ganhar grande parte das vantagens, e inclusive conseguiu "sacar-lhe" uma exclusão. Cometeu-se assim o pior erro que se pode cometer contra equipas como o Águas Santas: dar-lhes esperança. De notar que, em 20 minutos marcámos 15 golos, e apenas 2 golos nos últimos 10 minutos. Por aqui se constata que o principal problema desta fase final da 1ª parte foi ofensivo.

O início da 2ª parte veio comprovar algumas das coisas que escrevi atrás. Os maiatos mantiveram a defesa subida, só que desta vez tiveram de "levar" com um ataque de alta rotação, já com Gilberto e Cuni em campo. Atrás, catapultados por uma fantástica exibição defensiva, com Laurentino em excelente plano, fomos cavando uma vantagem que praticamente estagnou nos 10/11 golos. 

Bela leitura do jogo por parte de Ricardo Costa nesta fase do jogo. Se bem repararam, o Àguas Santas não possui nenhum lateral-direito que seja canhoto. Ora, isso, faz toda a diferença no ataque organizado. Um lateral-direito destro, terá maior tendência para levar o jogo para fora, para a ponta. Um lateral direito canhoto (como Gustavo ou Cuni), tem tendência para procurar o lado mais forte, em trajectórias para a zona central. Da mesma forma, um lateral esquerdo destro, como Gilberto, ou Pedro Cruz, terá a mesma tendência de procurar a zona central para rematar com o braço forte, na sua trajectória mais poderosa. Então, Costa colocou toda a pressão defensiva no lado esquerdo e central do adversário, "retirando" do jogo o lado mais forte dos maiatos, "obrigando" o lateral direito a ter de resolver as jogadas sem esse apoio. E, acreditem, é muito difícil para um destro ter de assumir o jogo nessa posição. 

Foram cerca de 16/17 minutos de alta qualidade, que arrumaram de vez com o jogo. E aí sim, houve espaço para dar minutos de jogo a Kasal, Nuno Gonçalves, Gustavo, e até de testar Hugo Santos na posição de central. Primeiro, resolver. Depois, rodar.

Hoje queria destacar Cuni, porque sempre fui um crítico do cubano. Na verdade, nota-se que tem vindo a crescer, mais a nível ofensivo do que defensivo (está melhorzito... mas precisa de melhorar muito), e já é mais raro vê-lo executar maus passes, tomar más decisões ou fazer falhas técnicas. É cada vez mais um desbloqueador ofensivo quando Gilberto está mais tapado. 

Defender bem, contra-atacar e resolver o ataque organizado com simplicidade. É esta a receita para ganhar 99% dos jogos em Portugal. Adicionar muita eficácia, níveis elevadíssimos de concentração, e poderemos ter boas hipóteses de ganhar a nível de Champions. 

Bela casa no Dragãozinho, a meio da semana. Espero, honestamente, ver aquele pavilhão a borbulhar no próimo fim-de-semana. Os rapazes precisam, e depois do que têm feito até agora, bem merecem um ambiente à Porto.

Um abraço,

Z

8 comentários:

  1. Pessoal só para dizer que na votação para o golden boy do tuttosport o nosso Rúben está em primeiro, mas o orelhas Guedes vai em segundo muito próximo... Quem ainda não votou está a votar e passar a palavra!!

    Pedro Santos

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    1. Exacto caro amigo! Esqueci-me do link.
      Peço desculpa eu sei que o post é sobre a nossa brilhante equipa de andebol.
      Contra o naturhouse espero que façamos história!!
      Parabéns pela rubrica Z.

      Pedro Santos

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    2. Soube agora no tribunal do dragão que os votos dos internautas não decidem quem vence mas sim um júri de 30 jornalistas...
      O jornal de pt é a bolha...
      Bah..
      De qualquer maneira obrigado mais uma vez.

      Pedro Santos

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    3. Caro Pedro,

      Estou confiante nos rapazes. Nós do andebol e no Ruben! Qualquer assunto é bem-vindo!

      Abraço e obrigado

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  2. Boas... apetecia-me preguejar...:) o "Z" percebe mesmo da coisa... estes tempos modernos do Andebol do FC Porto estão a fazer-me despertar ainda mais para a modalidade.Para mim é impressionante aperceber-me do trabalho tático do andebol, mas é ainda mais extraordinário a facilidade com que o "Z" desmonta a coisa... até parece fácil.
    Parabéns a "ambos os dois" (Jorge e Z) por demonstrarem que o azul e branco é bem mais que futebol.

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    1. Caro João,

      Obrigado pelas palavras. Como atleta (ainda, apesar de agora ser da "baixa competição") é mais fácil conseguir descortinar algumas coisas. O andebol, como outros desportos, está muito rápido e muito físico, é é isso que atrai o público. Há muitos golos, emoção, alguma dureza, muita coragem, e isso torna-o mais estímulante. Claro que, a qualidade dos nossos intervenientes faz o resto.

      Um abraço

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  3. Já fiz uma perninha, quero dizer, uma mãozinha no andebol, e modéstia á parte até fui convidado para ingressar no nosso amado brasão abençoado... só que troquei pelo basquete, devido a um individuo de seu nome... Dover!!!
    Resumindo... nem uma coisa nem outra!!!

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