segunda-feira, 16 de novembro de 2015

12 Anos


Saberão certamente todos os que frequentam este espaço que não sou saudosista. Tenho uma característica que considero positiva para mim: tenho uma memória de passarinho.

Eu sei, é péssimo em debates, horrível em testes escritos, mas a minha capacidade de reter informação que seja decorada e estatística é perto de zero.

Sei, por isso, que se viveu História já no Dragão de todos nós. Mas a memória que tenho sempre é da incontida alegria com as vitórias que já lá vivi, a comunhão que senti com as centenas de pessoas que descem a avenida para o seu carro, aquele êxtase de ter vivido uma inolvidável vitória... que terei esquecido, no específico, três dias depois.

Sempre será lembrada também a sensação de vazio, o sepulcral silêncio das bancadas e a anacrónica celebração das equipas contrárias, como se alguém colocasse no mute um espaço inteiro. É algo de tão raro que se torna estranho.

Viver celebrações de títulos, ali, é lindo. Viver o renovado esperançar de um novo ano também. Mas - confesso - a sensação que mais gosto, sempre, sempre, sempre, é aquele som, aquele misticismo do ar que me beija a face - às vezes gélido - antes da Porta onde tenho o meu Lugar Anual, antes do simpático e afável reencontrar dos meus amigos com quem tenho a Honra de partilhar os momentos de felicidade e alegria que terei ali, mais uma vez, com muitos ou poucos outros, às vezes ao gelo, às vezes à tosta, enquanto para isso tiver vida e saúde.

Doze anos. Que sejam doze décadas. Ou doze milénios. E que este que vos fala possa neles participar no seu grão de areia pelo Tempo concedido.

Viva o Estádio do Dragão! Viva o Futebol Clube do Porto!

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