domingo, 18 de março de 2018

Análise FC Porto 2-0 Boavista - É o Critério, Estúpido!


Jogo feito na antecâmara de mais uma pausa para aquelas coisa importantíssima que são os jogos de preparação (?) e particulares das selecções, teve tudo para correr mal, novamente, mas correu bem. De um lado, uma equipa das melhores equipas de futerâguebi do país, o Rotundas da Boavista. Do outro lado, um líder fragilizado, sempre na expectativa de ver regressar um dos melhores laterais do mundo, Alex Telles, o nosso jogador mais nuclear, Danilo Pereira e, pasme-se, o ex-excomungado tornado Maregod, qual Thor-antes-de-ser-uma-gaja-com-cancro, Moussa Marega, de quem parece depender todo o fio de jogo Portista, mas já lá vamos. Depois, icing on the cake, a calma do mais épico rácio de reversões arbitrais de sempre, no click do ai-é-azul-então-vou-ser-anal-retentivo-coiso Bruno Esteves. Resultado, um jogo que, estatisticamente e, na sua história, parece calmo, mas que foi uma torrente de nervos sem fim. Vamos a notas.


Centrais de AÇO - Felipe esteve no muito bom e no bom, certeiro no golo de abertura, quase a bisar de seguida, não fosse um milagre de Vagner, imperial pelo ar e nos cortes in-extremis, levou uma pantufada na primeira parte que o deixou a ganir e ainda levou com Casillas nas costas, o que lhe agravou as dores na coxa esquerda. Ainda assim, foi estóico, e aguentou até ao fim. Isso é ser um jogador à Porto. Também Marcano acabou o jogo com queixas, depois da enésima pantufada de um rotundeiro, e de cair mal depois de mais um corte. Aquele sprint a salvar o golo in-extremis só me faz pensar porque raio não renovamos com certas pessoas que dão tudo por nós.

Herrera - Goste-se ou não - eu gosto, foda-se! - Herrera  é central no jogo do FC Porto, este ano. Atrás, pelo meio ou à frente, o Capitão - que até já reclama com o árbitro, atenção! - deixou cair, de vez, a roupa de patinho feio e reluz em toda a sua bela cisnice. Não fossem as travadinhas que lhe dá todos os jogos, e ficaria na história como um dos nossos melhores. Se calhar, à distância, lembrar-nos-emos dos seus importantes e decisivos golos, do seu carácter ímpar, do seu espírito de sacrifício da sua entrega exemplares, muito mais do que das travadinhas. A História talvez lhe faça justiça. Para mim, já está a fazer. Não és um Lucho, mas és querido por todos - e isso é muito raro. Grande Héctor Miguel!

Saber mudar - Desta vez, Sérgio Conceição soube ver o que estava mal e mudou. A entrada cedo de um melhor Óliver para o lugar de um insípido Otávio ajudou a dar consistência e critério ao meio campo - e a libertar Herrera para outras missões mais ofensivas - Gonçalo teve mais minutos e Corona pareceu também querer dar o ar da sua graça. Tudo somado, boas decisões em bom tempo. Especialmente a primeira.


Demasiada fé no modus Maregod - Há um sistema de jogo que está perfeitamente adequado a aproveitar o melhor de um jogador que tem nos seus pontos fortes uma enorme força. E isso é bom e deu mais de 20 golos, muito medo nos adversários e uma confiança em alguém que também é excelente profissional e vai até ao limite pelo Clube. Muito bom. Agora, quando não existe, tentar usar a mesma fórmula com outros, ainda mais quando estes têm rotinas bem vincadas em formas completamente distintas, soa a falso e desadequado. E foi isso que aconteceu. Ricardo Pereira não se adaptou a ser Marega. E não tem de ser. Otávio, menos ainda. Asneira anunciada e previsível. Felizmente sem consequências de maior. Acredito que, daqui a 15 dias, com a força que ele tem, já voltemos a ter o maliano em campo. Jogar sem ele como se ele lá estivesse foi muito, muito mau. Quem diria que viríamos a ser Maregodependentes!

É o critério, estúpido! - As decisões revertidas foram correctamente revertidas? Foram, sim senhora! Foi por causa disso que jogamos pior ou melhor? Nem por sombras! Agora, deixo a seguinte pergunta: quem é que acredita que isto se passaria com as equipas da segunda circular?! Pois! É o critério, estúpido! Com e sem a vírgula! Na vertente disciplinar, sem comentários. Se fosse pela ordem do cacete, Ídris e o loiro platinado tinham ido tomar banho mais cedo. E deixo uma pergunta no ar, só em jeito de reflexão: qual é o espírito da lei dos dois toques? É uma escorregadela? Quem pode dizer isso sem se rir? Sérgio Oliveira não tirou nenhuma vantagem em escorregar! Muito pelo contrário! Enfim, ser anal retentivo é da lei. O critério é que não. Penaié, como diria Domingos Paciência, que poucos entendam que o que aborrece é a segunda e não a primeira!

Agora, descansar e recuperar! E ganhar esta porra, de uma vez por todas, carago!

domingo, 11 de março de 2018

Análise Paços de Ferreira 1-0 FC Porto - Perder Antes De Entrar


Perdemos o jogo que não poderíamos perder. Numa semana em que o adversário estava atordoado, demos-lhe um imenso balão de oxigénio - e a todo um país inteiro, também! Como é possível que Sérgio Conceição não saiba disso?

Num jogo sem Herrera, Sérgio Conceição resolveu alinhar com o inenarrável André André, e o resultado foi o óbvio - faltas, faltinhas, faltecas, patarecas. Eu sei que Sérgio não gosta de jogo de posse, por isso, Óliver fora. Certo. Tínhamos Reyes para jogar onde jogou André (!) e ainda Paulinho e Otávio. Muitas opções para ter um mínimo de meio campo e controle - que não tivemos.

Para lá disso, entramos desplicentes e lentos, a achar que o golo seria inevitável, indiferentes ao árbitro que tínhamos pela frente e ao caldinho contra nós preparado. Reagimos tarde, numa altura em que o natural - natural! - anti-jogo da equipa que ganha ao líder, entra em acção.

Não vale a pena falar muito mais. Brahimi falhou um penalti, que Sérgio Oliveira não falha mas não quis marcar - porquê?? -  e Gonçalo nunca falhou um penalti na carreira! 

Ainda assim, estamos à frente. E ainda há uns joguinhos antes de Carnide. Agora, equipas que querem ser campeãs reagem à adversidade. E treinadores que não são teimosos... aprendem.

Ainda assim, salvaram-se Ricardo Pereira e Diogo Dalot, a vontade de Gonçalo e os centrais. O resto... incrível. E não me venham falar do Paços. Sabem como se vence anti-jogo? Ganhando
por 3 ao intervalo.

Ah! E ao Capitão, que alguns acham dispensável, a portar-se como um verdadeiro Senhor na flash interview. Sem merdas.

terça-feira, 6 de março de 2018

Análise Liverpool 0-0 FC Porto - Com Honra e Garra


E pronto, fomos embora da Champions, sem mácula. Fomos com um treinador que, de génio e de louco, tem assim um pouco, e apostou numa prova de fogo para a maioria dos jogadores, sem rotação e com menos minutos, mas principalmente para a nossa formação. Dalot, Bruno Costa, Sérgio Oliveira e Gonçalo Paciência são da casa. Muito FC Porto só aqui. Entramos com tudo, fomos sérios e fortes. Não se pode pedir mais. Vamos a notas!


Iker Casillas - Pode ter terminado aqui, em Anfield Road, a carreira Champions de um dos maiores guarda-redes da História do Futebol. Vamos fazer umas contas: 168 participações na Champions, 58 clean sheets. O seu último jogo foi uma clean sheet também. E com um detalhe: nenhuma outra equipa conseguiu jogar na Champions com o Liverpool e não sofrer golos! Zero! Gosto muito de José Sá, mas não acredito que ninguém ache que Iker já deu tudo o que tinha para dar e que não valha o seu custo! A minha pergunta é: num ano de vendas como as que vamos fazer - há gente que vai embora - não valerá a pena ter um efectivo Capitão? E dar-lhe mais uma participação na Champions? Fica a meditação.Casillas ainda é uma enorme mais-valia. E sim, não houve nada que justificasse o seu tempo fora da baliza. Sá tem muito tempo. E muito a aprender. 

PS - Parece que o NGP ouve o A Culpa é do Cavani.... veremos se é possível...

Adeptos - O apoio incondicional do Mar Azul, numa eliminatória perdida, foi de tal forma arrepiante que impressionou Klopp, deixou Sérgio Conceição emocionado e até contagiou a polícia local. O FC Porto não precisa de colinhos, mas o exemplo que vem das bancadas é determinante para ser o exemplo do que a equipa deve ser em campo. Estes adeptos merecem ser campeões!

Os nossos miúdos - Claro que não fizeram uma exibição do outro mundo, mas estava do outro lado o Liverpool, e Bruno Costa e Diogo Dalot portaram-se lindamente! O futuro mora em casa. A garra, a coragem, a atitude, o empenho, o nervo, está todo lá. No caso de Dalor, então, nem nervoso houve, e parar a frente atacante de um dos clubes mais ofensivos do planeta não é para qualquer um! Bravo! Sem dúvida, jogadores à Porto! 

Felipe - A braçadeira no braço - apesar do verdadeiro Capitão estar na baliza... - deu-lhe super-poderes. Felipe fez uma exibição, a todos os níveis, absolutamente notável! Com Iker e Felipe, não teria havido 5-0 algum. É bom ver que o central que fica está neste nível. Não está à venda, ouviram?!

Sérgio Conceição - Foda-se, é preciso tê-los no sítio. Contra um adversário que nos deu 5-0, dizer "bora lá dar força ao pessoal!", é de homem! Ele tem um feitio que é só dele, mas é o grande herói Portista deste ano! Aquela reacção no fim diz tudo! Bravo! E obrigado!

Hoje foi detido Paulo Gonçalves. Nunca vi, em toda a minha vida, uma campanha tão extraordinária e pan-televisiva de branqueamento de um crime! Não sei se sinto mais tristeza ou nojo. No entanto, uma coisa é certa: se isto avança desta maneira, algo já mudou. Aguardemos serenamente. Mas a esperança, está lá. 

sábado, 3 de março de 2018

Análise FC Porto 2-1 Sporting - Sofrimento Gera Felicidade


Odeio clássicos. Acho que nem os vejo, sinceramente. Estou lá, e sofro. Basicamente é isso. Claro que vamos sempre ter memórias lindas de alguns, claro que, sempre que vencemos, ganhamos a dobrar. Mas, caramba, quando é equilibrado, se calhar até com um sinal mais do adversário - não me custa dizer que o Sporting esteve melhor durante um período de tempo bem grande - custa que custa! Ainda assim, de sorriso nos lábios, vencemos as campanhas daqueles que queriam a todo o custo que nos tramássemos, e merecemos a estrelinha que ontem tivemos. Vamos a notas!


Saber sofrer, saber vencer - Uma equipa que quer ser campeã tem de passar duros testes. Uma equipa que quer ser campeã tem que lutar e unir-se contra as adversidades. Não foi o nosso melhor jogo, demos muito espaço no centro do terreno, o golo do Sporting foi uma falha de marcação horrenda, mas soubemos ultrapassar com atitude e crença o balde de água fria que levamos. Não se pode pedir muito mais - união, garra, força e crença são os condimentos da vitória. E isso, tivemos. Se, desta vez, foi com menos superioridade, seja. Nas outras três fomos bem melhores. É um jogo de futebol.

Iker Casillas - Não foi só a mancha do outro mundo. Casillas vale por muito mais. Vale pela efectiva liderança e voz autoritária de comando dentro de campo, pela sabedoria da experiência, pela calma que sabe transmitir. Fundamental. Iker Casillas deveria merecer uma especial atenção a uma hipotética renovação por parte da SAD Portista, dentro de valores razoáveis. E deveria, ele sim, ter a braçadeira de Capitão. Mas não precisa dela. Ele sabe quem é.

Diogo Dalot - Vai na terceira época na equipa princip... ah, espera aí, não não vai. Dalot tem 18 anos. Ouviste, Jesus? Dalot já conseguiu a proeza de, esta época, jogar nos sub-19, na equipa B e na A! E ontem esteve impecável a defender, muito bom nos apoios e muito bem nas subidas! Que mais se pode pedir? Um jogador à Porto!

Maxi - 33 anos. Caramba, 33 anos. Maxi foi, uma vez mais, imprescindível na fase do aperto. Cortes, faltas providenciais, corpo. Ali está tudo o que a experiência traz. Naturalmente, para o ano não está cá. Mas Maxi tem a sua parte escrita a suor naquilo que possamos vir a ganhar. Isso, é indubitável.


O espaço - Quando as pernas e o discernimento se vão, sobra espaço para o adversário. Não vou culpar ninguém. É de todos, não é de ninguém. Mas a verdade é que as avenidas no centro do terreno que o Sporting teve, mormente na primeira parte, não podem acontecer. A bem da verdade, só foram estancadas com a entrada de Reyes.

Fábio Coentrão - Não me vou alongar muito, só neste país se pode ter alguém que empurra um elemento do corpo de assistência médica ao encontro e fica em campo. Fábio Coentrão é um nojo. Sempre foi, sempre será. A sua impunidade total, é uma mancha a quem a permite. Uma nódoa.

As paragens cerebrais de Herrera - Herrera dá tudo de si, é um jogador essencial no meio campo, tem uma capacidade física e entrega absolutamente ímpares, mas aquelas entregas de bola à maluca aos adversários e aqueles passes cromos... estão cá desde 2013. Já chega, Héctor! Vais ficar na História do FC Porto, homem! Sai do sono!