Noite gelada esta, com perto de 26 mil a assistir no Dragão. Pouco, muito pouco, se estiveram 23 mil num treino - aberto, é certo, mas ainda assim este era um jogo. Entramos bem no jogo, fortes, organizados, subidos, reduzindo o Belenenses à metade defensiva do terreno, trocando a bola com fluidez, rapidez e critério, num jogo que se vê bem estar afinar-se. Já há rotinas de jogo e começa a haver entrosamento. De uma boa ligação e de um ataque muito pressionante, surge naturalmente o golo, um belo cruzamento de Herrera, nesta altura o mais adiantado dos médios - deixando Óliver para a condução do jogo - que cruza bem para Jackson que, com o seu sentido posicional habitual, faz um belo golo. Golo esse que, felizmente, não abrandou o ritmo do jogo e que continuou a mostrar um belo FC Porto, desta vez não tão eficaz, mas rápido, sólido, consistente, ainda assim com uns passes de Indi que fariam qualquer um ficar hipertenso.
Depois de uma primeira parte de belo efeito - mas que lá para o final já mostrava sinais do que ia ser a segunda parte, infelizmente - um retorno do balneário com força e ataque, que daria o golo a Óliver, ao aproveitar uma perda do Belenenses, aos 47 minutos. Um belo golo, a premiar mais uma exibição de gala do nosso jovem timoneiro. Daí para a frente, desligou-se as turbinas, como com o Setúbal. E lá voltamos nós ao mesmo. a equipa achou que já estava feito e desligou toda. Começou em gestão, a deixar o Belenenses subir e a tentar fazer o seu parco jogo, sempre a controlar é certo mas, caramba, podíamos ter feito muito, muito mais. Mas tenho de relevar que isto já é um problema do FC Porto há muitos e muitos anos. Felizmente, desta vez, paramos aos 2-0. No tempo de Vítor Pereira, por exemplo, quantos e quantos jogos se ficavam pelo 1-0 em gestão?
Visivelmente incomodado, Lopetegui troca Óliver aos 69 minutos por Evandro, por cautela, uma vez que o senhor Mota volta a fazer das suas, ao premiar com um amarelo ao Óliver por simulação uma claríssima pisadela sobre o nosso médio. Amarelo muito injusto, seria até penalty, de difícil análise é certo, mas uma vez mais, insisto, um roubo de catedral. Desta vez na disciplina. Óliver continua a fazer o seu jogo, com umas faltas que estavam
borderline no amarelo e então Lopetegui troca-o por Evandro para evitar males maiores. Evandro não agitou nada, e continuou tudo no declínio gelado, com alguns ataques nossos, mas onde se notava que os jogadores já não estavam lá. Lopetegui volta a mexer ao pôr Quintero no lugar de Quaresma, mas o pequeno génio fez rigorosamente zero. Aquela não é, claramente, a posição para Quintero, um dez puro, mais dez não poderia ser. Então, depois de mais nada acontecer, Lopetegui troca Casemiro por Adrián - uma entrada boa com muito critério e vontade de jogar, inversa ao sentido do jogo, pena não ter tido mais tempo -, corrige a posição de Quintero, recuando Herrera, que na segunda parte pura e simplesmente de existir. A 6, Herrera ainda deixou o Belenenses subir mais, que quase marcaria, a valer um atento Maicon a tirar um golo certo com um carrinho providencial. A terminar o jogo, uma segunda bola aproveitada muito bem por Evandro render-lhe-ia o golo que faz com que
todos os jogadores habituais do Futebol Clube do Porto tenham golos marcados.
Numa nota mais pessoal, é sempre excelente estar com os amigos Z, do
Blue Overlap e Vila Pouca, do
Dragão Até à Morte. Bons momentos de conversa que aquecem as frias noites em que o jogo não compensa e a amizade que tenho a honra de ter destes dois grandes senhores prevalece. Obrigado, pessoal, estar convosco foi uma lareira nesta noite gelada. Ficou a faltar o senhor Fernando Pinto, que lamentavelmente, ainda não pôde estar. Senhor Fernando, cá o esperaremos, preferencialmente numa noite mais quente e com um futebol mais consistente. Este foi uma curva sinusoidal, um alto muito alto, um baixo muito frio.
GOLOS
Super Dragões - Não havendo atitude condigna na estrutura, os Super Dragões souberam chegar-se à frente e mostrar o seu protesto de uma forma contundente e visível, com uma faixa que lia "SE ROUBO DE IGREJA ERA HABITUAL, AGORA SÃO ROUBOS DE CATEDRAL", com uma coberta com um ilustrativo desenho do andor arbitral que mostro em cima. Bravo pela coragem, pela iniciativa e pelo apoio. Os cinco minutos que estiveram em silêncio mostram também o quanto vocês são fundamentais no agitar e no ânimo. Obrigado por estarem sempre presentes, pela coragem e pela vossa Alma Guerreira.
Jackson - O nosso ponta-de-lança-médio-ala-coiso vai deixar saudades. Nem nos piores momentos, Jackson perdeu a vontade de ajudar, deixou de participar ou ficou um segundo sem entrar nas jogadas. Este nosso super-homem tem um futuro muito onde quer que vá a seguir, estou certo. Jackson, a bem da verdade, merece uma liga mais competitiva, onde as suas imensas qualidades sejam mais aproveitáveis. Grande jogador. Grande homem.
Óliver - Haverá algo que este miúdo faça mal? Como mantê-lo cá? Óliver é um génio com e sem bola, Óliver defende, Óliver ataca, Óliver distribui. Óliver faz tudo. Óliver é o centro da nossa equipa. Mais a 10 ou a 8, qualquer posição mostra que este génio é absolutamente indispensável.
Primeira parte - Entrada fulgurante, ligada, criteriosa, unida. Fome de remate e de golo. Resultado - golo rapidamente conseguido. Este FC Porto da primeira parte parece-me dificilmente batível. Agora, não pode é desligar a ficha logo de seguida. O "pronto já está" não pode continuar, a manta não pode ser curta. Não se pode começar bem ou acabar bem. Tem de haver consistência. Sempre.
Lopetegui - Não foi pelo treinador que não houve garra e luta. Se o adepto estava descontente com o comportamento da equipa, Lopetegui estava à beira de um ataque de nervos. Do lugar onde vejo os jogos, tenho uma privilegiada vista para Lopetegui e a forma como ele reage. Nunca ouvi tanta asneira e tanta ordem de reacção. Até vi saltos enfurecidos de "Putamadre" com a passividade dos jogadores. Acho que este teria sido um jogo em que Lopetegui teria dito, se pudesse, "saí da que eu jogo por ti, carago!". Que diferença para o Palminhas!
FALTAS
Aquela meretriz daquela reacçãozinha de puto mimado - Ricardo Quaresma não aguenta 90', desculpem, Um dos problemas nesta equipa está aqui. Quaresma é um jogador raçudo, interventivo, inconformado, que tem atitude, vontade e querer. Certo. Mas tem 31 anos. E não dura todo o tempo. Quando começa a cansar-se, começa a perder o critério e a secar tudo à volta, a rematar à doido e a querer levar a bola para casa. Ser substituído aos 76' não é de todo ofensivo. Aquela reacção merece outro(s) joguinho(s) no banco. E com o FC Quaresma a insultar o treinador de pé ainda é pior. Comentários xenófobos são inadmissíveis. Comentários xenófobos contra a própria equipa são estúpidos.
Quintero - Não só entrou visivelmente aborrecido por fazê-lo aos 76', como mostrou que não pode jogar na ala. Desapareceu completamente. Mas uma coisa é certa, e tem de ser dita a Quintero: não esperando que seja um Óliver a fazer múltiplas posições, se Quintero é um dez tem de dar o apoio defensivo que não dá. A jogar assim - e já está cá há 3 anos! - não chega ao onze.
Público - A forma ignóbil, vil, estúpida, xenófoba e atrasada com que se reagiu à substituição de Quaresma só foi suplantada pela forma ridícula, estúpida, imbecil, como se reagiu a Adrián. Um coro de "aaaaaahhh" enquanto ele estava com a bola, a goza-lo indecentemente, é dar um jogador que, claramente subindo de forma, está a entrar no jogo, a reacção mais mimalha do mundo. Inacreditável como se pode aplaudir a eucaliptação de Quaresma e criticar e gozar indecentemente com o esforço de um jogador que se está a adaptar. Já perdi a paciência para falar de Adrián. Venham os golos para calar estes bébés mimalhos e indecentes. Estúpidos. Não merecem a equipa que tem. Uma vergonha. É assim o adepto exigente portista de 2014/2015 - exigente e absurdo com os seus, permissivo, calado e amorfo com os adversários. Têm a certeza que estão a ser adeptos do clube correcto?