Às vezes, ser adepto do FC Porto, em especial quando se tem um blog de apoio, é um bocado como viver numa trip de ácido. Temos vivido uma crise muito séria no FC Porto, com os adeptos a pedirem a cabeça do treinador, eles próprios a trocarem-lhe o nome, a dizerem que "assim não vamos lá" e por aí em diante.
À saída do jogo com o Nacional da Madeira, era vaticinado que o campeonato estava condenado, que a distância era irreversível, que a equipa era uma porcaria, que os jogadores não estavam com o treinador, que o descalabro era eminente.
Na jornada seguinte, o líder perde, o FC Porto vence torna-se líder isolado. Estas são as contestações e as crises à moda do Porto: uma esquizofrenia colectiva, assente numa imprensa prostituída que capitaliza qualquer fissura, por mais mínima que seja, e a torna artificialmente catastrófica.
Rui Vitória tem já 3 derrotas e um empate. No campeonato português. No entanto, não há assobios às entradas de jogadores no relvado, ficabens a trocar-lhe o nome e insultos vários. Aliás, a natureza dual de um ficaben é interessante: perdem, é tudo mau, ganham, já são os maiores, os rolos compressores, os ataques avassaladores, o título ao virar da esquina. Mesmo estando a 5 pontos de nós. Mesmo tendo ainda um calendário, no mínimo, competitivo até ao fim da primeira volta.
Já no caso do not sportem lisbon, o grande mestre da táctica foi passando entre os pingos da chuva até que esbarrou com uma equipa que não lhe permitiu o hail Mary que passava a vida a fazer. Os seus jogadores, como é apanágio das equipas jesuítas, estão estourados fisicamente e, embora tendo rotinas - são sempre os mesmos - sentem as quebras abruptamente cada vez que entra alguém menos rotinado. A gestão kamikaze de Bruno de Carvalho começa a ruir com a (previsivel) decisão do caso Doyen - 15M é muita pasta - e vai começar a perceber-se que a fanfarronice superiora de empurrar com a barriga irá ter consequências debilitantes.
Num mês, o FC Porto teve 9 jogos, com o saldo de 7-0-2, sendo que as derrotas foram as da Champions. Foi um mês intensíssimo, em que Lopetegui teve de fazer uma gestão de esforços grande e perdeu o seu dínamo para o departamento médico. A derrota com o Dynamo foi embaraçosa, a do Chelsea não deveria ter sido. Mesmo assim, as competições nacionais tiveram apenas vitórias. As exibições não foram entusiasmantes, mas bastou um simples descanso de uma semana (encaro o Feirense como descanso com bola) para a equipa regressar a um nível exibicional bom. Temos um grupo de jogadores unido e coeso, amigo e solidário, temos um treinador que beija o seu jogador à entrada, enquanto uma parte do estádio o assobia porque sim, temos esse mesmo treinador a aplaudir e a gritar "Bravo!" quando o jogo termina.
Está tudo bem? Não, não está. Mas estamos em primeiro. Uma coisa é necessária meditar. Se a nossa crise é estarmos a dois pontos e a dependermos de nós para ser campeões, é sinal que a nossa estratosférica exigência já ultrapassou o nível do absurdo.
Somos agora líderes. Temos agora a pressão positiva de manter a liderança, o que não será certamente fácil, mas que não depende de um jogo. Depende de mais de meio campeonato que ainda não ocorreu. Ainda bem que temos um Presidente que não vai atrás da paixão adepta. Poderíamos ter morto o bébé à nascença.
Quero deixar um aviso: ontem ouvi Telmo Correia dizer na Antena 1 que o ficaben tinha feito uma "profunda reestruturação de plantel e que estava em contenção", enquanto o FC Porto tinha "o melhor plantel de Portugal". Este é um exemplo da propaganda de lavagem cerebral que ocorre diariamente nos diferentes media. O ficaben perdeu dois jogadores, nós perdemos oito. O FC Porto vai perder 3 jogadores - ou quatro - no mercado de inverno, o ficaben vai contratar três.
É, por isso, necessário que o adepto Portista compreenda uma verdade: Não há informação isenta fora dos organismos do Clube, é toda tendenciosa, falsa, manipuladora e com o fito de nos destruir. Porque nós não somos do grupo dos escolhidos. Ouvir o que dizem é um disparate que faz mal à saúde! Apoiar o Clube é o caminho para a vitória do Campeonato. A verdade é como o azeite, acaba por surgir. Olhem, como por exemplo o facto de que fizemos já mais 5 pontos do que em igual período do ano passado.
"A noticia da minha morte foi largamente exagerada" - Mark Twain