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quarta-feira, 21 de setembro de 2016

Nervo


Tem sido amplamente partilhado o vídeo da "coça" que Bernardino Barros deu no Porto Canal à falta de nervo que os nossos meninos tiveram nos últimos dois jogos, frente ao Copenhaga e ao Tondela. Estou, naturalmente, de acordo com BB. Acho é que há uma razão para que isso não aconteça: faltam exemplos.

Uma estrutura silenciosa não tem nervo. Uma estrutura que quer imitar uma realidade que não é a portuguesa de 2016 (esperemos que seja em 2046...) mas sim a britânica, onde os organismos funcionam bem - já perceberam que uma liga forte assenta no equilíbrio das equipas da mesma e também que uma arbitragem que não seja directamente tendenciosa beneficia o interesse no próprio jogo - indiferente à corrupção que grassa os jogos, seus e dos seus rivais, não é um exemplo de coragem e de atitude para os jogadores.

Não há exemplo hermético de um treinador, quando NES partilha frases inócuas no Facebook ou diz um chavão gasto e sensaborão nas conferências de antevisão dos jogos, e daí não há espírito nem motivação de liderato.

Não há Capitães à Porto no campo porque, vá-se lá saber porquê, o único critério de Capitania assenta no tempo de equipa A, que põe Herrera, Rúben, André André e Marcano na sucessão de Capitania do FC Porto. O primeiro tem na sua boa índole a sua principal característica de personalidade. É, segundo me consta, uma excelente pessoa. Tem zero de nervo. Rúben é demasiado novo. "Azul e branco é o coração" está no seu braço tatuado, mas ainda não impõe respeito a quem quer que seja - natural, pela sua idade. Não duvido que tenha rasgo mas ainda não tem gravitas. André André, lamentavelmente, não herdou o mau feitio do seu pai, é demasiado sorridente e sossegadinho para "crescer" sobre um árbitro. Houve, aliás, uma imagem de André André a rir-se com o árbitro que me assustou. E Marcano é certinho, competente e, no meu entender, bom central, mas a sua timidez vê-se de Plutão.  

O critério da Capitania deveria ser o nervo. Nenhum Capitão pode ser mole, falar sem intensidade e sem impor respeito. Nenhum Capitão deve ser suave ou sorridente ou sequer "pedir por favor". Nesse sentido a minha hierarquia de Capitães seria Casillas, Danilo e Layún. 

Para mim não faz, nem nunca fez, nenhum sentido que o Capitão de uma das maiores equipas do mundo, durante anos, e Capitão de uma selecção campeã do mundo, pudesse ser um simples jogador nesta equipa. Ele é admirado transversalmente pelos colegas, respeitado pela maioria dos intervenientes no jogo e sabe perfeitamente o que é ter a atitude certa para falar olhos nos olhos com árbitros e qualquer agente desportivo. A forma como ele reagiu, durante e  depois do jogo com o sportem, na flash interview - e que ninguém se atreveu a contestar! - foi incisiva, directa e lapidarmente admirável. Por mim, a partir daquele momento, não mais largaria a braçadeira do FC Porto.

À parte dele, Danilo é um jogador de campo constantemente a corrigir os colegas, a dar reprimendas e a responder com coragem às decisões. Não estaria, nunca, longe das reclamações enquanto Capitão. O discurso é forte e a agressividade em campo absolutamente insuperável.

Miguel Layún é um exemplo para os colegas e adeptos. A entrega ao jogo é inexcedível, é raçudo e intenso, vai às bolas e não deixa de lutar até final. Tem, também, o discurso bem correcto e equilibrado e fora do campo é absolutamente excepcional.

Estes são apenas exemplos de coisas simples que, não resolvendo tudo - longe disso - poderiam dar o click fundamental para a recuperação do nervo que se exige a um jogador à Porto e que se tornasse galvanizador para as vitórias que dariam campeonatos.

Ás vezes as grandes mudanças começam em pequenos passos.