Não é nenhum segredo que as exibições pós Dynamo foram as piores possíveis. E isso só demonstra que a maioria do plantel apenas procura projecção europeia. E isso tem de nos fazer meditar.
Alturas houve, bastantes até, na última década, em que o ficaben tinha um plantel mais caro, mais extenso e, porque não dizê-lo, no cômputo geral, com mais qualidade.
A essas faltas a resposta era dada em raça, em entrega, em querer e na vontade de ser campeão nacional. Mas o Clube deixou de o ser. É agora uma firma de transacções comerciais. A parte do jogo é a menos relevante, ou só o é na medida de garantir as posições no campeonato que dão acesso à manutenção do status quo.
Se um jogador, seja ele Imbula, Brahimi, Corona, Tello, Aboubakar ou qualquer outro, não se identifica e não absorve o sentimento de pertença ao Clube, de que adianta a sua qualidade técnica? Não haverá mesmo ninguém que compreenda - ou queira compreender - o que é Ser Porto (nacional ou estrangeiro) que queira mesmo jogar aqui?
A resposta é simples: claro que há. Danilo e André André não custaram fortunas. Como também não custou Alberto Bueno. Ou Evandro. Ou Sérgio Oliveira. A equipa B tem extremos de talento, como Gleison, que já falou da honra que é jogar no FC Porto. Quando ganhamos a Champions com o Mourinho, ganhamo-la com homens da casa. E com o patrocinio da Revigrés. Mesmo Costinha, assumidamente spordenguista, não faz outra coisa senão defender o FC Porto.
E é por isso que, repito, o treinador é apenas parte do problema. E, para mim, a mais simples de resolver. O problema passa muito mais por todo um esquema de ganhos, relação de compra e venda para lucro, e tudo aquilo que foi apanágio da Segunda Circular e que os conduziu ao desnorte.
Ou voltamos a ser um Clube de futebol, cujo prioridade são os títulos e não o acesso à liga milionária e contratamos jogadores que deixam tudo por esta camisola ou mais vale terminar já.
Temos André Silva , 20 anos, fortemente motivado. Temos Francisco Ramos, Graça, Ismael Diaz, Gleison, Rúben Macedo, Tomás Podstawsky, e tantos outros na B, que defendem e honram as nossas cores. E digo mais, sem medo de ser linchado: temos Hector Herrera, que com todos os seus defeitos - que os tem muitos - não inclui neles a falta de entrega, de paixão, de vontade ou até da chegada à área. Franca coincidência que os últimos golos no campeonato tiveram a sua intervenção directa ou indirecta. E temos Rúben Neves, alguém cujo sonho é ser Rodolfo Reis, começar e acabar a carreira no FC Porto. Para Rúben Neves não há melhor clube no mundo. E é isso que temos de ver multiplicado. E isso já existe na nossa formação, e mesmo fora!
Mas, para terminar, um problema de resolução difícil: Se um talento que quer viver toda a vida no Clube e que ajuda decisivamente o mesmo vale mais de 40M e esses 40M são lucro puro, impera a liquidez ou o amor à camisola?
Apesar da renovação de Victor Garcia - que já reclama mais tempo na A, Layún não rende tanto à direita como na esquerda - ser um excelente sinal, a resposta a esta pergunta, no final da época, ditará muito do rumo que seguirá o Futebol Clube do Porto. O abismo ou a glória. A prata da casa ou este ritmo suicida.
Já agora, subscrevo mais uma vez as palavras do Norte por inteiro.