Nada mudou na última década, todos sabemos. As noções, implantadas pelo "senso comum da bola", manipuladas pela imprensa e pela vox populi, continuam iguais. Mas não deixam de ser surreais algumas coisas, que passo a elencar:
Continuamos a ser o clube dos "corruptos", apesar de estar há muito provado que o Apito Dourado parou em Leiria, terra fronteiriça da "linha da verdade, da ética e da moral". Desde então, 12 anos volvidos sobre os "incidentes" relatados no processo, nunca mais nos afastamos da linha ética e moral rígida, já que os campeões da dita moral imperam. Nunca mais houve coacção a árbitros, condicionamentos ou escolhas de árbitros. Nunca. Nunca mais houve jogadores que foram comprados, treinadores que foram afastados por não concordar com as direcções que clubes tomavam ou mesmo posições de clubes contra a sua própria SAD.
Somos gastadores e comissionistas, enquanto a sul não há nenhuma comissão ou negócio esquisito, as contas estão uma limpeza, e os "esforços de contenção" e "aposta na formação" são notórios.
Somos insurrectos e condicionamos a imprensa. Nunca mais houve capas implantadas, negócios falsos ou notícias combinadas nas mesas de canto de restaurantes vários. Veja-se aqui o caso de hoje: Renato Sanches foi vendido ao Bayern de Munique por 35M mais objectivos, num total de 45M. A ambiguidade linguística do comunicado é linda, faz entender que são pagos 35 a pronto mais 45 de objectivos. É claro que devemos levar muito a sério objectivos como a bola de ouro, mas pronto... sempre é mais um negócio que, embora bom, tem uma grande câmara de ar, e que pressupõe a venda de um jogador de 18 anos ao preço de um Jackson de 29. E bem longe dos 80 que se falava... E, claro, sem comissões nem despesas nem qualquer outra coisa.
O FC Porto, por seu turno, para além da imprensa da capital, tem agora um querido inimigo: o jornal O Jogo. Como Iker Casillas lhes desmentiu uma capa, toca a fazer uma "sondagem" para ver se a malta quer o Iker cá pelo Dragão. Hell hath no fury like a newspaper scorned.
Este ano já vai muito tarde, mas é bom que o FC Porto abandone a sua parcimónia e a sua budista compaixão, porque estes atropelos à verdade do que somos influenciam a opinião dos únicos que importam: os adeptos. Veremos se aqueles que nos gozaram por ser "campeões de vendas" não serão agora os exultadores de certa cobra vermelha por fazer exactamente o mesmo. Espero é que haja resposta adequada então.