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domingo, 3 de janeiro de 2016

A Seu O Seu Dono


 Todos sabemos que Lopetegui tem culpas, responsabilidades e muitos furos no seu plano. Mas não tem, a meu ver, todos. Para mim parece-me claro que:

Lopetegui tem culpa de
  • Um jogo excessivamente lateralizado, lento, de posse quando possível, sem reacção quando nõ funciona.
  • Não passar a confiança necessária para que cada um se possa superar.
  • Ter um espartilho táctico que não dá espaço à diferença de pensamento e à iniciativa individual.
  • Não privilegiar a sistematização de processos ao manter uma linha base, especialmente no meio campo.
Lopetegui NÃO TEM culpa de
  • Ter de fazer duas equipas em dois anos, vendo um número absurdo de jogadores a ir embora para outras paragens.
  • Não ver satisfeitas as faltas graves a nível de plantel, não ter um verdadeiro desiquilibrador, ter jogadores que não são adequados ao estilo de jogo que pretende implementar.
  • Estar absolutamente só e desprotegido, servindo de carne para canhão, butt of the joke e outros achincalhamentos vários, tendo atrás dele uma direcção que só se chega à frente quando a vida corre bem.
  • Ter campanhas diárias e constantes de contra-informação que passam uma imagem péssima sua e dos seus jogadores.
Aquilo que está mal, não é do tempo de Lopetegui, é muito anterior. O "Momento K" disfarçou uma SAD inoperante, indiferente, amorfa e burguesa, mais dedicada à compra e venda de "activos" do que à aquisição de jogadores. À excepção do guarda-redes no banco e do central capitão que só não foi porque ninguém o quis, não sobrou ninguém "da casa". Vêem-se campanhas do Museu, do Natal, das vendas e das vendas e das vendas. Não se fala de assuntos que não tenham a ver com o lado da FC Porto corporation.


Não se pode pedir para fazer omeletes sem ovos. E não é só pela qualidade dos jogadores, mas sim pela forma como sentiam a sua casa. Sapunaru disse ontem que "Sinto-me triste. Admito que passei mal a noite depois da derrota de ontem do Porto frente ao Sporting. Os jogadores não respeitam a história do Porto, não sentem a camisola. No ano passado quando fui visitar o Centro de Treinos do Porto, vi que já nada era como antes". Não era de Lopetegui que Sapunaru estava a falar. É que nós nunca fomos buscar estrelas, salários milionários, jogadores de fama mundial. Através do nosso Querer e do Sentir de Aldeia Gaulesa, éramos um por todos, todos por um, desde o Presidente ao roupeiro.

Hoje Somos a FC Porto SAD, Somos Corporate, Somos Brand, Somos o Passado, Somos a Glória ida, "Somos Porto". Já não somos os Dragões, "Somos Porto". Pagamos ordenados milionários a jogadores, mas quem é o eixo central não custou muito. Toda a vida a descobrimos jogadores de topo, mas hoje só temos um ponta de lança com confiança frágil e um miúdo, muito bom, mas um miúdo, que precisa de tempo e espaço para aprender.

E temos, mais do que tudo, uma estrutura CULPADA de não desfazer os mitos do "melhor plantel dos últimos anos" e parvoíces quejandas, que induzem os adeptos em erro e provocam neles a expectativa de algo que só é possível com TEMPO e CONSISTÊNCIA

No final deste ano, veremos a debandada de mais uma brutalidade de jogadores, Brahimi, Herrera e Imbula à cabeça, e quem vier a seguir terá de reconstruir tudo pela base. Espero que seja alguém que compreenda a Mística Azul e Branca e entenda menos o "Somos Porto".  O que está mal é que seguimos a cartilha dos rivais da segunda circular. Tornamo-nos demasiado grandes, demasiado corporativos. Abandonamos os nossos princípios e identidade.

"Somos Porto" mas já não Somos o FC Porto. Temos urgentemente de voltar a ser. Mas do Topo à Base. Porque esse vazio é transversal. E não se resolve cortando o elo mais fraco.