terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Coisas Importantes A Reter


O elevado custo de ter de recuperar uma equipa em tempo recorde, expõe um período de adaptação natural ao escrutínio de todos. Quando se embarca numa missão de vitória mandatória já, rola-se a bola na roleta do acaso e do Destino. Conjugam-se variáveis tão difíceis de conjugar como um alinhamento planetário. Valor, Raça, Querer, jogo escorreito, ligação, união, entreajuda. No campeonato é particularmente complicado, porque a margem é ridícula. Todos os empates são derrotas, todas as derrotas hipotecas de um futuro. Parte-se sempre do mesmo princípio. Em 95% dos jogos, o grande ataca, o pequeno defende e tenta desferir um golpe certeiro quando o grande recupera o fôlego. Umas vezes resulta ou não. Aqui não se joga futebol. Joga-se contabilidade. Quantos pontos me granjeiam a manutenção? A Europa? A Champions League? O campeonato? E assim se faz.

Lito Vidigal, no fim do soporífero e insultuoso jogo no Dragão, disse uma verdade insofismável: Precisa de 30 pontos para a manutenção. Esse é o seu objectivo. Não quer mais. O que vier a mais é lucro. Entrou ultra-defensivo. Não fez nada pela vitória todo o jogo. Veio jogar pelo pontinho. Mas saiu contente porque "não perdeu por muitos". Esta é a fasquia geral do campeonato. O pontinho. Pelo meio lá vão havendo os Paços, os Bragas, os Rio Aves, os Guimarães que vão tentando contrariar essa tendência.

Julen Lopetegui precisa de meter isso dentro da sua cabeça. Pouco importa que o Córdoba se bata de igual para igual com o Real. Ou que o Barça perca com equipas pequenas. Ou empate. E que todos joguem futebol e não contabilidade. A La Liga não é a Liga Portugal. Aqui joga-se contabilidade. E está na hora de compreender como se vence isso. Com futebol pressionante, com elevada presença na área, água mole em pedra dura. Com os criativos a tentar explorar os buracos defensivos, e não desposicionados a tentar surpreender. Quem vê um autocarro vê centenas deles. O processo é sempre o mesmo. E, principalmente, fazer de tudo para estar atento ao apoio às surpresas nas costas, com uma defesa agressiva e solidária, sem medo. Isto é o que falta, Mister. Tudo o resto são fait divers. Qualidade e capacidade está lá, mas, pelo amor do Divino, extremos são extremos, médios médios e defesas defesas. Porque aqui não há margem para laboratório. Nem surpresas. Não há que reinventar a roda. Está tudo lá.

Com raça, força e atitude dominadora ganham-se jogos. Sem eles perdem-se. Assim é. E o resto é conversa. Não é domínio táctico - isso temos. É atitude. E é disso que precisamos. A forma de construir está lá. E o que distingue os bons jogos dos maus, neste FC Porto deste ano, é a atitude.

Não nos iludamos. O Paços foi a excepção que confirma o colinho. E houve uma tentativa de colinho. Várias, aliás. Uma sem-vergonhice sem fim. Mas podemos sempre contar com o Pecado Capital do benfas: a soberba. Quanto mais eles acharem que está no papo, mais depressa as surpresas virão. E nós temos de olhar para nós porque, em 16 jornadas, 48 pontos, tudo pode acontecer. Humildade, Raça e Vontade. Com ela tudo é possível. Sem ela, entreguemos as faixas já.

6 comentários:

  1. Qualidade e capacidade está lá, mas, pelo amor do Divino, extremos são extremos, médios médios e defesas defesas. Porque aqui não há margem para laboratório. Nem surpresas. Não há que reinventar a roda. Está tudo lá.

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  2. Completamente de acordo Jorge...
    Aliás, o que dizes sobre jogarem para a contabilidade, vem de encontro ao que escrevi num outro post, quando dizia que pra mim o melhor sistema de jogo em 90% dos jogos da Liga Portuguesa é o 3x5x2 porque na maioria dos jogos, não precisamos de 4 defesas para nada!
    Abraço

    André Guimarães

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    1. Só que depois temos contra ataques e perdemos jogos...

      Abraço.

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    2. Mas a ideia era evitar esses contra ataques com massacres no ataque! Com o holandês, jogávamos com 3 defesas e não perdemos assim tantos jogos!
      Além de que esse sistema pressupõe bastante trabalho de casa...e é para isso que servem os treinos!
      Agora o que uma equipa como o FCP não pode nunca, é dar-se por satisfeita com um 1-0 nem entrar em campo com espírito de que mais minuto, menos minuto marcamos! Isso não pode acontecer.

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  3. Boa noite
    De acordo com tudo, só uma correcção, Paços, assim como Braga, não foram excepções foram totalmente a mesma roubalheira e se calhar até mais denunciada. Mas... nem assim.
    Saudações azuis e brancas
    Nuno correia

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  4. "O Paços de Ferreira ainda não sabe como ganhou (excessivo em minha opinião) e por isso é que o futebol é um jogo apaixonante", um dos raros momentos de lucidez do JJ, digo eu. Serve na perfeição ao Maritimo- FC Porto. Não fizemos um grande jogo, mas fizemos o suficiente para ganhar, mormente na segunda parte e perdemos. Ganha quem marca mais golos, esta é a essência do futebol, na sua simplicidade. Mas entendo a sua prosa.

    Um abraço Jorge e...

    FC PORTO SEMPRE

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