Em primeiro lugar, é importante dizer que saíamos vivos do jogo mais difícil, no estádio mais difícil, contra a equipa mais difícil do nosso grupo. Pode custar a ouvir, certamente, mas alí está uma equipa de jogadores com tarimba, muito experimentados nestas voltas, com muita manha e maturidade, e nós somos uma equipa bem treinada, com boa vontade e muitas lesões. Essa é a indesmentível realidade dos factos. Quem a contrariar não estará certamente a ver o filme.
Ainda assim, creio que entramos bem. Creio que surpreendemos. Certamente o Besiktas não esperava que entrassemos algo organizados e proactivos, como entramos. Na primeira parte intensa e bem disputada marcamos - de bola parada como 60% (!) dos golos da Champions - numa jogada estudada plena de sabedoria, mas também fomos apanhados em contra-pé e vítimas do inevitável carrasco Talisca.
O Besiktas emendou na segunda parte, mudou o posicionamento de Hutchinson e partiu para cima do FC Porto. Aí, já foi mais complicado, Herrera sentiu-se perdido entre a missão ofensiva e defensiva e ficou partido, algures no limbo, o que possibilitou que o Besiktas dispensasse todo o seu arsenal atacante, mas também que José Sá brilhasse, quer em boas saídas, quer em defesas espectaculares. Gostei muito da postura autoritária e altiva de José Sá - mesmo na flash. E creio que já desde Baía que não via alguém sair tão bem à bola.
Também gostei muito da entrega de Brahimi e da calma e visão de jogo de Sérgio Oliveira. No meio de tanta azáfama ofensiva, Ricardo, do outro lado, teve nos pés o nosso apuramento directo, mas falhou-o de uma forma incrível, só desculpável pelos nervos ou a pressão do ensurdecedor barulho.
Aí, o Besiktas fechou definitivamente a loja, deixou de querer ganhar e nós contentamos-nos em não perder. Foi-se a história e o interesse.
Temos o apuramento europeu garantido, dependemos só de nós para continuar na prova raínha do futebol. Mas será que quisemos MESMO ganhar? Encontraremos dia 6 um Mónaco focado na Ligue 1 e muito pouco interessado nisto, a não ser em fazer o ponto de honra. É a hora do tudo por tudo.
Não esteve nada mal, não senhor. No início do ano, ninguém iria supor.