quinta-feira, 8 de setembro de 2016

O Discurso Forte Exige Acção Correspondente


Já aqui o disse, quando me pedem para dar a minha maior referência do FC Porto, respondo sempre: Jorge Nuno de Lima Pinto da Costa. Mais que qualquer jogador ou treinador, é por causa de Pinto da Costa que tenho o meu coração tatuado a Azul e Branco.

Não conheci outro Presidente do Nosso Grande Clube. Sempre adorei o seu humor mordaz, a forma desinibida e directa como atacava - mesmo que as suas palavras fossem indirectas. Cada frase que dizia abanava por completo os noticiários e as análises desportivas, e muitas vezes mudava o status quo. Era emocionante saber que iria dar uma entrevista ou fazer uma declaração - haveria de vir aí uma bomba de fragmentação, com toda a certeza.

Assim, é provável que seja por causa de uma certa nostalgia que ainda me empolgo ao saber que o Presidente vai falar. Aguardo sempre por uma crítica mordaz, um antes e um depois dessa declaração. Mas a verdade é que tal se esvaziou. E fica um certo amargo de boca após as declarações ou discursos.

Não, não é pela idade, nem pela falta de clareza de discurso - essa mantém-se intacta, mesmo com a areia da ampulheta a descer. É porque ao discurso deve seguir-se a acção correspondente.

Já nem falo da enésima referência ao chouriço - Presidente ele gosta é da sua atenção - mas sim das críticas, mais do que justificadas, à lixeira da manhã e à bolha. 

É certo que os editoriais são pavorosos e os artigos difamatórios e tendenciosos. Mas sou capaz de apostar que, na próxima antevisão ao jogo, lá estarão, hipocritamente sorridentes, os microfones da lixeira e bolha tv. E aí reside o problema. Um discurso forte com uma acção fraca não significa coisa alguma.

Se Rui Cerqueira se negar a dar a palavra à lixeira e à bolha, saberei que algo terá mudado - para muito melhor. Se tal não se verificar, cada vez será maior a nostalgia e menos o interesse no discurso do Presidente. E esse será um dia triste.

Esperemos que o inverso se passe. Ainda tenho esperança que sim.

terça-feira, 6 de setembro de 2016

A Identidade E A Marca

O FC Porto é um clube de uma forte identidade regional. Literalmente, identifica-se com a região Norte e defende-a como sua. Tal como o Barcelona na Catalunha, a sua maior força vem daí, e deverá ser sempre aí que as raízes da árvore que dê frutos de sucesso devem buscar o seu nutriente.

Naturalmente, não subscrevo o retorno ao campo da Constituição e ao Estádio das Antas, acho a modernidade do Dragão condizente com a importância que granjeamos como um Clube internacional. Não acho, de todo, que o facto de estar seco e ter uma cadeira minimamente confortável me faça menos Portista do que aqueles que viveram na bancada fria. Acho, contudo, heroicamente Portista que  se esteja com o Clube em estádios inóspitos e sem condições a apoiá-lo, e curvo-me perante esse Portismo em toda a minha admiração.

Como aqui se pode ver e ouvir, Pinto da Costa diz, e bem, que foi aqui que nasceu Portugal e é daqui que vem as suas máximas conquistas. Assusta-me, pois, que haja uma razão bem menos obscura para o silêncio do que uma qualquer chantagem - o FC Porto se ter tornado, de repente, corporate

O FC Porto pode e deve ter uma dimensão internacional, mas não deve viver para ela. Nada me causa mais urticária do que o conceito de "marca FC Porto". Não é por vendermos camisolas ou outro produto que temos um Clube de futebol, mas sim o inverso! Não é por termos parcerias com marcas e serviços que temos um Clube, mas sim o contrário!
Assusta-me, pois, que a zona VIP do Estádio do Dragão pense ou consiga fazer pensar quem decide - a começar pelo Presidente - que ser feio, porco e mau, como todos os "bimbos" do Norte, seja prejudicial para a brand. Sem a identidade Portista não há brand para defender! 

Ao nos julgarmos acima do mais básico que é a defesa dos interesses do Clube, nomeadamente no que se refere à contemporaneidade das decisões que afectam o sucesso desportivo do mesmo, estamos a enfraquecer-nos

Será, com certeza, verdade noutros países e ligas, como a Premier League, por exemplo, mas essa não é a realidade portuguesa. Ao deixar que assim se pense e se aja, estaremos a enfraquecer a nossa posição doméstica, e assim sendo também a brand e todos os interesses corporate.

Urge compreender uma realidade simples, que se aplica como uma luva ao FC Porto: só tendo presente de onde vimos poderemos saber claramente para onde queremos ir!

E, já agora, para terminar: não é verdade que "há muito tempo que não temos Mistica e um Porto à Porto". Este FC Porto lutou muito, e não ganhou um Campeonato muito por causa deste problema comunicacional, ficando a 3 míseros pontos de tal, tendo sido descaradamente roubado sem que tivesse havido defesa de quem estava mais preocupado com a brand.

segunda-feira, 5 de setembro de 2016

O Transmontano, O Cantor E A Groupie

E eis senão quando, no meio do desalento das mudanças e das incógnitas várias há, de repente, um fantástico desempenho de 2/3 dos paineleiros Portistas que me deu esperança na força comunicacional do FC Porto, uma vertente tão importante nos dias que correm. Vou clarificar.

Aqui há dias fiz um reparo construtivo a Bernardino Barros, mas caramba, hoje curvo-me em admiração por aquilo que vi e ouvi ontem. BB foi arrasador nas respostas que deu, ontem, no Desporto 24. Não só conseguiu falar a verdade das coisas sobre Antero - perdeu-se um grande dirigente mas não significa o fim do FC Porto - como também desmistificou as presenças de Alexandre Pinto da Costa e a falta de força que o Presidente supostamente teria. Recomendo a sua visualização aqui. Parabéns, grande Bernardino! Esta é a voz que todos precisamos que traduz o Portismo. Grossa, clara, incisiva e mordaz!

Numa outra vertente, curiosamente alinhada no mesmo diapasão, que admirável esteve Miguel Guedes a dizer três verdades inquestionáveis: que já nos fizeram o enterro, que tal deve forrar o balneário e que só a união Portista  pode vencer. Mais a mais, com uma imensa classe dirimiu todos os ataques dos seus colegas de painel, naquilo que se refere ao nosso Clube, num discurso cheio de classe e elevação, mas com uma objectividade e rigor ímpares! Parabéns Miguel!
 
Parece que desceu sobre os nossos paineleiros a consciência da sua fundamental importância naquilo que é a defesa da valia do Nosso Grande Clube, e satisfaz-me ver que se essa consciência está a ser levada com a seriedade devida por quase todos eles!


Digo quase todos porque, lamentavelmente, parece ter de haver sempre a necessidade de uma excepção que confirme a regra na pessoa do inefável Rodolfo Reis, que está completamente a leste do Paraíso em todas as ocasiões - e parece orgulhar-se disso. É, para mim, irritante que este deixe sempre passar uma imagem de ignorância - não cultural, entenda-se, não exijo académicos, mas sim sobre os assuntos Portistas - e, reafirmo, se orgulhe nisso, dizendo repetidamente que "pensa pela sua própria cabeça". Deste modo, quando se lhe é perguntado por algo que fuja, minimamente, às quatro linhas e que tenha acabado de ver, Rodolfo Reis não tem opinião ou resposta.

Por razões meramente estratégicas, João Alves tem feito a defesa do FC Porto contra o sportem. Não é uma defesa inocente, naturalmente, e virar-se-á contra o FC Porto quando e se assim for necessário, como certamente espero. Mas não nos livramos da imagem perdida, fraca e ignorante sobre os assuntos que é passada por Rodolfo.

Mais! É de um ridículo pateta atroz que Rodolfo se pareça a uma groupie histérica aos gritos ululantes cada vez que se fala do seu ídolo Jorge Jesus. Presta-se ao ridículo de estar sempre a ser chamado à atenção disso por parte dos colegas, pelo seu brilho quase orgásmico quando fala deste seu ídolo e de como ataca o treinador do seu Clube. É fantástico perceber que Rodolfo é incapaz de entender que não está por si naquele programa, mas em representação de algo muito superior a ele! Mas dá jeito que haja um bobo da corte nesses programas.... e parece que Rodolfo se pôe nesse papel por si mesmo.

Já agora, aos senhores do Play-Off, um reparo: é tão comovente que tenham tentado esconder quase 30M nas compras do fifica, mas Inácio chamou o erro à colação. É verdade, o fifica gastou tanto como os seus dois rivais juntos! Vamos ver se chega. Eu creio que não!

domingo, 4 de setembro de 2016

A Maravilha Invisivel E A Comunicação Inexistente


O nosso André Silva foi - e ainda é - destaque desta semana no site oficial da UEFA, como miúdo-maravilha - ou wonderkid - e talento da semana. Nas palavras do site da UEFA para o caracterizar, "Ponta-de-lança típico, com veia goleadora, André Silva possui uma compleição física considerável mas um estilo de jogo refinado, com bom toque de bola e qualidade técnica."

Estas palavras valerão, sem sombra de dúvida, muitos olhares de olheiros e muitos milhões no futuro. Não valem, curiosamente, é as parangonas nos jornais, o endeusamento dos media, as reportagens especiais na terra onde nasceu ou epítetos de "menino de ouro". O único destaque, e mesmo assim com uma mera colunita, foi n'O Jogo.

É verdade que, a nós, Portistas, não interessa nada, e a AS também não deve interessar. É garantia de que cresce com tempo e sustentadamente, não será disparado como bala de canhão para um gigante europeu sem ter tempo de estar em ponto de caramelo nas suas qualidades.

Absurdo é, no entanto, que o FC Porto não faça qualquer referência sobre isso, ou sequer uma mera alusão, no seu site ou em qualquer outro lado! É um activo que deve ser valorizado e, se lhe dão um destaque tão importante, deveria pelo menos ser um motivo de orgulho para o seu Clube, não? Estanha forma de vida, esta da comunicação Portista! Sempre "acima" quando se trata de destacar as suas qualidades contemporâneas, sempre lesto em responder ao nível "rixa de rua" a chouriços ou filhos de poetisa. Ou então, se André Silva tivesse acabado a carreira há 20 anos e tivesse um lugar no Museu, talvez fosse imagem de capa do site do FC Porto. Quem sabe. Enfim.

Aproveito para dizer que, a respeito do problema comunicacional do FC Porto, subscrevo inteiramente a crónica de José Manuel Ribeiro n'O Jogo de hoje. 

E, já agora, como o FC Porto trata tão bem os seus e os defende tão bem, atentem por favor à foto de cima, da Taça de Portugal, onde se nota, ao lado do invisível miúdo-maravilha, aquele jogador tão pouco comprometido com o FC Porto, tão individualista e invejoso, de seu nome Yacine Brahimi e a forma tão pouco comprometida como festeja o golo.  

É uma pena que o FC Porto não saiba matar as polémicas á nascença e as deixe a marinar. Será que não quer saber? Ou, para se preocupar com uma pessoa, esta tem de ter herança avultada ou cargos governamentais no currículo?

Contaram-me que o sportem, no meio de VMOCs, Doyens e salários de jogadores que não deveriam ter tido nos quadros, dos 40+5 de João Mário e 30+5 de Slimani, concorre a ficar com 6,26M. Não tenho link directo para esta informação, - mas este talvez ajude - mas contas por alto - uma vez que o sportem tem quase tanto de VMOCs como de passivo - não fazem essa informação nada disparatada. É bastante triste que o FC Porto nunca faça pressão a concorrentes directos, não faça nada para estourar a bolha de gigante do mercado e da falsa saúde financeira do sportem e com isso deixe que os programas de comentários estejam a especular sobre... o FC Porto!

Mas eu entendo. A TVI e a SIC não se chamam Adresen Sousa Tavares ou Gomes da Silva. Assim sendo, tem sempre honras de VIP no Estádio do Dragão. 

E querem eles que os jogadores sejam à Porto e os adeptos também. Vão tirar o exemplo de onde, exactamente?  

sábado, 3 de setembro de 2016

A Estrada Da Beira E A Beira Da Estrada

E lá estamos nós outra vez com a mesma embirração aparente. Embirração, não: constatação. Dia após dia, semana após semana, o clubinho da segunda circular que é o menos, muito menos, futebol, vai mostrando ao que vem. 

Depois da nossa pequena grande Joana Marques - alô Porto Canal, estais à espera do quê para pô-la nos comentários regulares? - nos alertar a todos, lá fui eu ver na diagonal aquela regurgitação. Claro, para o meninos, nós não existimos. A luta, este ano, é feita a dois. 

Evidentemente, Ferraris também só a Norte. São "planteis equilibrados" e "vastas soluções", quando se fala da secunda circular. Zero de pressão! Só nós é que, pronto, coitadinhos, partimos claramente de trás e não temos sequer direito a espaço de análise.

Ainda bem. Como o sistema na SC é e sempre foi grandes nomes=grandes títulos, mesmo quando Vítor Pereira ganhou a um fifica orçamentado em mais de 150M, com um onze forte e um banco pouco razoável, não lhes passa pela cabeça que o FC Porto tenha sequer hipóteses de entrar na contenda.

Mas tem. Com Raça, Vontade e Querer, o FC Porto supera-se, une-se, sublima-se. E Isso, indubitavelmente, NES já conseguiu dar a esta equipa. Perdemos com o sportem, por todas as razões e mais algumas - por falar nisso, meu caro Slimani, acho que vais ter uma vida difícil num país com um futebol a sério - mas não tivemos falta de vontade de vencer. Estamos num processo de entrosamento de ideias que levarão o seu tempo a consolidar, mas não vamos ver nenhum FC Porto mole e perdido em campo.
Mais a mais, as nossas contratações estão longe de ser más, são, aliás, bastante boas. Felipe e Alex Telles já vão mostrando muito do que valem e, com o habituar aqui a estas águas mediterrânicas, ainda mais se verá. A entrega e a raça de Diogo Jota ficou bem patente a quem o quis ver ontem, mesmo jogando numa posição de quase ponta de lança, e o nosso Tsubasa vai ser o nosso Maestro - vejam o resumo do Espanha 6-0 San Marino e as suas duas lindas assistências e verão que a posição 10 tem lugar cativo. As incógnitas Boly e Depoitre estarão aqui para se mostrar, mas existem, e mesmo Areias é um avançado com velocidade e sentido posicional bastante interessante que, mesmo jogando na B, poderá estar disponível em caso de lesão (bater três vezes na madeira) ou fadiga do nosso André Silva. 

A juntar a um onze base com Casillas, Layún (acredito que ganhará o lugar a Maxi), Felipe, Marcano, Alex Telles, Danilo, Herrera, Óliver, Otávio, André Silva, Corona temos um banco com José Sá, Depoitre, Diogo Jota, Brahimi, Rúben Neves, André André e Boly. Além disso, temos Maxi a poder fazer saltar um destes do banco. 

Faço-lhe, meu caro leitor, um desafio. Diga-me qual destes que está no banco não poderia ser titular. E, para além destes, temos ainda João Teixeira, Evandro, Varela e Adrián para fazer a necessária perninha caso seja útil. E toda a B com um João Graça, o referido Areias,  Xicão Ramos e Tomás Podstawsy, por exemplo, à espreita de uma oportunidade para mostrar serviço.

Falhamos redondamente de uma forma directiva neste defeso, mas confundir a gestão de backoffice  com a gestão da equipa  é confundir a estrada da beira com a beira da estrada.

Contamos com isso. Contamos com a soberba. Com as festas de "campeões" na Madeira. Com o relax e a indiferença. A berdoarda Nortenha vem sem avisar e chega forte.  

O melhor FC Porto é este, onde o colectivo se supera ao individual, onde a União e Raça fazem sempre jogar com 12. Mesmo quando jogamos contra 14. 

Mas isso não é a lógica da SC. E ainda bem que não é. Já no Basket foi igual.

quinta-feira, 1 de setembro de 2016

Obrigado, Antero


Não conheço Antero Henrique, mas sei que esteve à frente do futebol (e Andebol, e Basket, e Hóquei, e Formação....) durante alguns - a maioria - dos melhores anos do FC Porto e que continuava a fazer muito do que de bom se viu nas modalidades e formação, por exemplo.

Não acredito, como homem de ciência, em coincidências. Este período de insucesso está, publicamente - ouvia aliás, BB dizer isso mesmo agora na TVI24 - ligado a decisões com as quais ele, aparentemente, não concordara.

Só há duas formas de ver esta saída, no meu entender: ou bem que é um assumir as responsabilidades de um período pavoroso do defeso, o que é uma atitude de um homem sério, embora seja minha convicção que esta palhaçada deste defeso não é da sua responsabilidade, ou bem que poderá ter saído em desacordo com a política desportiva seguida nos últimos tempos.

Seja como for, cada vez mais o FC Porto tem um e um só responsável - Jorge Nuno de Lima Pinto da Costa. A ele será devido todo o sucesso e vitórias. A ele será assacada toda a responsabilidade dos fracassos. Espero, a bem do FC Porto, que seja a primeira vertente a predominante.

Desejo a Antero Henrique a melhor das sortes pessoais e profissionais. A ele o meu mais sentido obrigado.

Para alegrar uma notícia inquietante, aqui fica o resumo de um jogo fantástico do nosso maestro Óliver, hoje, nos Sub 21. A segunda assistência, então, é soberba. E faz sorrir em pensar que vai, seguramente, fazê-lo ao longo do ano.

Factos


Não há palavras. Não há descritivos. Não há análises. Não há nada, de nada, de nada, a dizer mais do que já se disse. Vamos aos factos:

  • O FC Porto fez duas vendas. Maicon e Licá renderam, no total, 8,3M.
  • O FC Porto disse que precisava de 72M de mais-valias. Não chegou nem perto disso.
  • O FC Porto falhou, rendondamente, o Fair Play Financeiro da UEFA.
  • O FC Porto tem trinta e seis jogadores emprestados no plantel, o equivalente a duas convocatórias completas. A isso acrescente-se vinte e seis na equipa A.
  • A composição da equipa A inclui 3 guarda-redes, 4 defesas, 3 laterais, 9 médios, 5 avançados e 2 pontas de lança.
  • O FC Porto comprou dois laterais esquerdos, dois centrais e um ponta de lança, no total de, aproximadamente, 30M.
  • O FC Porto mandou dois jogadores para a equipa B que foi recuperar para o plantel - Adrián López e Brahimi. O valor gasto nestes atletas foi de 19M.
Dados estes factos, comentem. Eu não consigo. Não há palavras para descrever o que sinto. Adjectivem vocês. Obrigado.