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quinta-feira, 10 de maio de 2018

O enterro do minuto 92

Tendo nascido em 1986, não tendo como tal passado pela origem do FCPorto como hoje o conhecemos, pelas mãos do Mestre Pedroto e do Presidente Jorge Nuno Pinto da Costa, não tenho qualquer problema em considerar que este titulo foi o mais saboroso que já experienciei como adepto.

Assistia ao pré-match do jogo da consagração no Porto Canal quando o Rui Cerqueira falava da forma como este titulo estava a ser celebrado, confessando que tinha sentido em anos anteriores que havia "fadiga" de tanta celebração entre os adeptos, duma forma generalizada. Recuei ao ano de 2013 e recordo-me que, pese embora a magia indescritível do golo do Kelvin, é verdade que a celebração do titulo em si não foi de arromba, que o treinador de então nem era sequer um bem-amado, e que foi muito mais engraçado olhar para o lado e gozar com "a cabeça do lampião que continua(va) a inchar" . De certa forma isso será algo normal, haver uma certa acomodação face à fartura. Qualquer treinador serviria para dar continuidade ao trabalho da estrutura, não era? Polvos à parte, o que se seguiu provou-nos que o auto-convencimento pode ter resultados trágicos a médio/longo prazo.

Partimos para esta temporada com muitas duvidas, muita incerteza quanto à capacidade dum plantel constituído maioritariamente por jogadores que não conheciam o sabor da vitoria com as nossas cores, que pareciam terminar cada época a ter medo da própria sombra, um treinador com um currículo pobre em títulos e experiência de clubes grandes (e com um histórico de relações conflituosas em quase todos os clubes que treinou), um clube intervencionado financeiramente pela UEFA após anos de fugas para a frente, desinvestimento, plantel desequilibrado, venda das joias da coroa, etc, etc.

Fui o primeiro a torcer o nariz à escolha de Sérgio Conceição como homem do leme, antecipando nova época desastrosa, como é alias apanágio da minha doentia incapacidade cronica para ter algum optimismo. E este meu pessimismo imbecil teimou em não partir, e voltou ao de cima em força após a derrota copiosa com o Liverpool, o empate em Moreira de Cónegos e especialmente após as derrotas em Paços e Belém. É para mim importante partilha-lo: eu fui o primeiro a não acreditar e a atirar a toalha ao chão. E então este título deve ser sobretudo bem esfregado nas fuças deste idiota que vos escreve, não porque tenha duvidado (isso parece-me perfeitamente normal), mas por ter repetidamente atirado a toalha ao chão, prevendo hecatombes bíblicas a cada percalço dos nossos rapazes.

Partilho agora convosco uma pequena história, carregada de simbolismo para mim. No dia 14 de Abril à noite, estava aqui este imbecil com insónias, filho e mulher a dormir serenamente, porque na cabeça não paravam de passar imagens duma derrota ou empate comprometedores no dia seguinte na Luz. Até que ainda meio atordoado ouço a minha mulher gravidérrima dizer-me "Z, rebentaram as aguas e estou com contracções". De manhã, a família passou a ser de 4; mais um rapaz, mais um dragão no Mundo. Não é agora a parte em que vos digo que isso me encheu de esperança para o clássico na Luz, porque nada se alterou. Mas devo confessar-vos que mal tive certeza de que a bola do Herrera tinha batido na rede, se apoderou de mim a confiança que aqueles desgraçados andaram a carregar durante toda a época, de que desta vez não ia haver coisíssima nenhuma que nos impedisse de sermos felizes de novo. Vale o que vale, mas conseguem imaginar a historia que vou ter para contar ao meu mais novo quando ele me perguntar quem é aquele feioso cujo poster está no quarto do Pai, numero 16 nas costas e braçadeira de capitão?

Este título é, acima de tudo, de Sérgio Conceição, e espero que isso fique bem claro na cabeça de todos. Não estou de acordo quando se diz que ele herdou uma equipa de tostões: isso é factualmente falso. Herdou sim uma equipa despedaçada moralmente, e seguramente com menos opções validas (teoricamente) do que os rivais. Ao treinador foi pedido, não que montasse uma equipa recheada de jogadores desconhecidos vindos directamente de equipas pequenas (como em /2002/2003), mas sim que pegasse num grupo de jogadores que já levavam 3 ou 4 anos de Porto sem um único motivo de celebração, aproveitamento de jogadores emprestados com qualidade (como Ricardo e Aboubakar), e proscritos (Marega, Reyes ou Hernâni), e deles fazer um grupo com estofo de campeão. Reparem, que quando digo que a qualidade global da equipa não era tão ma como quiseram fazer parecer (basta para isso comparar posição por posição os nossos jogadores com os dos principais rivais), isso não invalida que a nível de opções não tenha sido um plantel curto. Relembro que a dada altura, tínhamos apenas dois laterais, sendo que um deles tem ainda idade de júnior, que ficamos sem Danilo uma boa parte da segunda metade do campeonato, sem Aboubakar, Soares, Marega, Ricardo, Telles, Marcano, Corona em determinadas alturas, e sempre houve soluções, sem me lembrar de haver uma queixa por parte de Sérgio. O grande mérito de Sérgio foi a injecção duma crença sem limites nos jogadores, a construção dum grupo solido, blindado, em que todos foram sempre tratados de igual forma, um grupo que soube a cada momento perceber e proteger as suas fraquezas e que potenciou ao máximo as suas forças. Um modelo de jogo que, embora não consensual (pessoalmente não é o meu preferido), foi reduzindo adversários a pó e criou um dos ataques mais concretizadores da historia do clube.  É também a Sérgio que devemos a simbiose perfeita que uniu jogadores e adeptos desde o primeiro dia, união essa personificada na roda do final de cada jogo. Sérgio trouxe a um grupo derrotado, vergado a 4 épocas a seco, uma injecção de adrenalina, confiança, estofo, liderança, que fazem dele o grande obreiro por detrás deste titulo, e fez com que pela primeira vez em muitos anos volte a haver unanimidade quanto à continuidade dum treinador no clube.

É igualmente um título dos jogadores, de todos os jogadores, da sua solidariedade, dum espírito de dragão há muito arredado das nossas bandas. Dum grupo que se fortaleceu a cada Santa Maria da Feira ou Vila das Aves, que soube ir buscar forças depois de Paços e fundamentalmente Belém; um conjunto que não esmoreceu mesmo quando estávamos atrás e tivemos de ir a Luz buscar este campeonato, mesmo que idiotas como eu o dessem como perdido. Dos heróis prováveis, como Brahimi ou Casillas, aos improváveis Marega e Herrera. Um conjunto que depois de tantas temporadas amargas, de "bateres no fundo" consecutivos, trabalhou muito mais do que qualquer outro para ser feliz. A todos eles a minha vénia. Todos.

Finalmente, é um titulo dos adeptos. Dos que conseguiram estar sempre lá e dos que tiveram de acompanhar à distância; de quem sofreu 4 anos de péssimas escolhas e falta de organização; de quem esteve lá naquelas noites frias de empates com Rios Aves, Boavistas, derrotas com Benficas, Sportings e Tondelas; de quem esteve no Jamor naquela injusta derrota na final da Taça. Para quem passou por Paulo Fonseca, Lopetegui e NES. Para quem passou por palminhas, "mucha ilusión" e um treinador sem alma. Derrotas e empates humilhantes e um Dragão despido e sem chama. Para quem sempre acreditou e para quem tombou ao primeiro murro. Para as noites mal dormidas, e as imagens repetidas até à exaustão das festas dos rivais. Desde o inicio desta época que dissemos ao que vinhamos, os adeptos: queriamos o Porto campeao. E foi assim em todo o lado: no Dragão, no Mónaco (único jogo que pude presenciar ao vivo e a cores), mas principalmente em Liverpool, em Belém e na partida para a Luz. Não um mar, mas uma muralha azul, sempre a proteger os jogadores, a levá-los em ombros até à meta.

Para mim este título marca também (e duma vez por todas) o adeus ao minuto 92 do Kelvin. Esse momento é agora uma doce recordação do passado, um momento maravilhoso que marcou o fim dum ciclo. Os 4 anos que se seguiram foram uma amostra do amolecimento, descompressão, baixar da guarda que a arrogância pode gerar. Um banho de humildade de que, sejamos honestos, todos estávamos a necessitar. Que nunca mais julguemos ser possível conquistar títulos sem trabalho, sem competência. Que nunca mais um titulo deixe de ser celebrado com a força, comunhão, garra com que este foi celebrado. 

Que o futuro esteja a ser preparado desde há meses. Que se blinde quem tem de se blindar sem entrar em loucuras. Que não se pense que poderemos alguma vez voltar às más decisões dum passado recente. Se a torneira tiver de se manter fechada, mantendo assim a viabilidade do nosso clube, que assim seja. 

E pelo amor da santa, havendo algo prioritário, que isso seja manter Sérgio Conceição ao leme do nosso navio.

Agosto está aí à porta e há uma Supertaça para ganhar.

Um abraço a todos, de terras do Sul de França,

Z



P.S.: treinem os filhas das putas dos penalties!!!! PORRA! 









domingo, 1 de outubro de 2017

Fazer Acreditar - Z

O Mónaco-Porto da última 3ª feira marcou o início duma nova era de portismo para mim: o primeiro jogo a que pude assisitir ao vivo como emigrante. Desde que a fase de qualificação ditou que a equipa da cidade onde vivo não participaria na fase de Grupos (o OGC Nice), dediquei todas as minhas energias para as rezas, vodu, danças da chuva e do sol (principalmente do sol, que aqui não chove), para assegurar que o Porto jogaria por perto (Juventus ou, idelmente, Mónaco). O meu indescritivel mijo, tipo aquele que costuma ter aquele indivíduo manquinho, que bebe muita água durante os jogos, e lá os vai ganhando sem saber (ao que parece com cada vez menor intensidade, e com maior propensão para umas quedas barulhentas), lá fez com que o Porto viesse jogar a uns quilómetros de minha casa. Foi quase como ir do Porto a Vila do Conde ver o jogo.


Primeiro jogo do Porto fora de portas, primeiro jogo de Champions ao vivo desde o BATE Borisov, primeira oportunidade de ver ao vivo a equipa deste ano. Oportunidade também de medir o pulso à nossa massa adepta, e de tentar perceber como se vive afinal o portismo a uns valentes quilómetros de Portugal.

Antes do jogo, ambiente morno pelo principado. Uma invasão ordeira de portistas de varios recantos de França, também do Luxemburgo, Bélgica e, claro està, Portugal. Gente que se levantou de madrugada, para fazer centenas de quilómetros, passar pelo exercício de paciência de tentar arranjar lugar para o carro no sobrelotado principado, apenas para ter de passar pela monumental dor de cabeça duma interminável fila de trânsito no final. Tudo por aqueles 90 minutos, ver aquele azul e branco no campo, pela partilha de portismo nas bancadas que só quem vai aos jogos fora de portas sente, misturado com aquela emoção de poder fazê-lo pela primeira vez em muito tempo, porque nem sempre a sorte dos sorteios bafeja os corações dos que estão longe. Muita malta nova de cachecol azul e branco ao pescoço, sem saber muito bem falar português, mas a saber de cor os nomes de jogadores, treinador, canções, o hino. Aquela prova saborosa (se é que provas havia a dar) de que ser um clube de dimensão internacional ultrapassa contagens e recontagens de sócios, ou propaladas melhores academias de formação do mundo; é chegar aqui, a França, e ver um tipo com uma camisola do Porto por amor a Lisandro Lopez, ou toalhas de praia com o nosso símbolo por causa dum tal Brahimi. É todos saberem aquela equipaça que em 2004 conquistou a Europa, mas também que foi viveiro de jogadores de topo que espalharam e espalham qualidade por esse Mundo fora, mesmo sem as máquinas de propaganda por detrás, e sem rastas no cabelo.

Ambiente pintado de azul e branco mas, ainda assim, sereno. Talvez ainda feridos pela derrota na primeira jornada de Champions, e pela chamada ao planeta Terra, penso que todos fomos ficando algo convencidos da treta do "plantel para consumo interno", que a nossa entrada em falso, a nossa notória ausência de opções e a nossa comunicação social nos foram impondo. Talvez todos estivéssemos convencidos de que se trataria apenas uma questão de saber qual a crueza dos números finais; afinal, tratava-se dum jogo na casa dum semi-finalista da Champions da época anterior, que mesmo tendo perdido jogadores, tem um plantel com bastantes mais opções do que o nosso. Ter, por exemplo, um Jovetic no banco, quase parece sacrilégio para quem em tantos jogos apenas teve Hernâni como opção directa de ataque. 

São também 4 anos de feridas profundas que tardam em sarar. 4 anos de promessas de melhor que se foram esfumando no ar, deixando quase sempre um aroma de conformismo e desolação, tantas foram as oportunidades de ouro desperdiçadas, tantos os tiros no pé que foram sendo dados. 

Não vos vou mentir, a escolha de Sérgio Conceição para nos comandar esta época não me caiu nada bem. Se foi principalmente pela falta de timoneiro que terminámos a época transacta com a sensação amarga de ter estado tão perto de escrever outro tipo de história, nunca a escolha de Conceição me pareceu a mais adequada para nos dar aquele impulso extra, que nos permitisse não claudicar contra os Vitórias de Setúbal desta vida em momentos decisivos. ou viver das vitórias morais e das grandes actuações dos nossos adeptos nos jogos da Champions. Se associarmos isso à forma calamitosa como a nossa época teve de ser preparada, ao que tudo indica porque não há dinheiro para absolutamente nada que não seja mais um guarda-redes, começa a pairar nas nossas cabeças aquela desconfortável sensação de déjà-vu. Olhamos para Maregas e Hernânis com estupefacção, e vemos fugir-nos das mãos as nossas pérolas. 

E a época começa... e as coisas começam a correr bem. "Se calhar não passamos em Braga", mas acabamos por passar com distinção. Vem a derrota com o Besiktas e logo nos passa pela cabeça que a equipa possa cair numa espiral depressiva, e que cheguemos a Novembro já a pedir que rolem cabeças. Ainda por cima "vem aí um Rio Ave que fez a vida negra a um dos rivais" mas lá acabamos por ganhar de forma assertiva. A seguir, uma goleada em casa, com outra equipa que há bem pouco tempo podia (e devia) ter saído da Luz com outro resultado. Com os patinhos-feios (sobretudo Marega e Herrera) a fazer pela vida. Sem Óliver. Com um Brahimi estrondoso, a driblar como Madjer, e a recuperar bolas como Fernando Reges. 

O que esperar no Mónaco? Sucumbir perante uma equipa que vem duma temporada de sonho e que tem registos ofensivos demolidores ou resistir? Ficar com a certeza de um Porto para consumo interno, ou uma equipa para lutar por mais? 

Na paragem para jantar algo antes do jogo, começam a chegar sinais preocupantes. Sérgio Oliveira no onze, com Oliver de fora, e a manutenção da aposta em Marega. Fiquei petrificado, perante o que mais me parecia uma Jesualdização ou Robsonização de Sérgio Conceição. Apostar num gajo que ainda não jogou esta época num jogo desta importância? "Estamos fodidos..." teimava em me dizer o meu sempre mais forte lado pessimista. Sérgio Conceição tinha prometido um Porto à altura dos seus pregaminhos na antevisão deste jogo. Teríamos mais um NES no banco, mais promessas de muita coisa, e desenhos em quadros, e não fazer um caralho dum remate à baliza porque vamos todos borrados para dentro de campo?

Começa o jogo, e nota-se que estamos ansiosos. A bola corre mais próximo da baliza lá do fundo, e umas perdas de bola deixam-nos alguns calafrios na espinha. Mas a equipa solta-se, e vai chegando à frente. Primeiro sem perigo; de repente com mais algum perigo. "Lá vamos nós para a merda dos lançamentos longos", pensei eu a revirar os olhos ao ver Alex Telles a dar passadas largas para efectuar o lançamento de linha lateral. Confusão. Aboubakaaaaar.... GOOOOOOLOOOOOOO!!! A bancada vem abaixo, abraça-se os amigos e também aqueles que estão à volta. Ficámos na frente, de forma natural face ao que fomos crescendo no jogo. Até ao intervalo, mais uns avisos, e zero sobressaltos lá atrás. Exibição de personalidade. "Carago, o gajo prometeu e, sem dúvida, cumpriu." Em 45 minutos Sérgio mostrou-nos que o Porto tinha realmente ido ao Mónaco para mostrar a sua fibra. Isto com Herrera, Marega e a "invenção" Sérgio Oliveira. Sem Óliver ou Corona. Com um Brahimi que, ao intervalo, levava mais dribles do que 5 ou 6 equipas da Champions juntas nessa noite. Isso e os rins dum desgraçado dum jogador adversário, que ficou estatelado lá perto da nossa área face a mais um momento de magia do Yacine. 


E agora, a ganhar 1-0, ficariamos fechadinhos cá atrás a defender o resultado? Conseguiríamos conter a natural reacção monegasca? Teríamos estofo para aguentar mais 45 minutos assim? Tivemos, oh se tivemos. Sérgio Oliveira faz um passe impossível, estilo "quarter-back", e só a sofreguidão impede Marega de marcar, só com o guarda-redes pela frente. E nem vos digo a maravilha que foi ver da bancada visitante o desenrolar da jogada do 0-2. A prova de que levávamos a lição muito bem estudada, sabendo exactamente onde "matar" o nosso adversário com o futebol mais simples do mundo. Drible de Brahimi, passe magistral a desmarcar Marega que, com espaço, fica sem ter de tentar fintar (porque não sabe), mas pode correr como um desalmado (fá-lo na perfeição) e ganhar facilmente vantagem sobre o defesa. Passe para o meio e... foi só encostar. Futebol de contra-ataque, simples e eficaz. Um drible, dois passes, para fazer a bola chegar da nossa área à baliza contrária. Simples, mas trabalhoso. Eficaz, mas bem trabalhado. Dando de barato que o último golo surgiu já numa fase de muito desacerto monegasco, fica a nota para a sede de mais golos que os nossos jogadores quiseram saciar. 

0-3 no Mónaco. Honestamente, quantos de nós imaginaram que fosse possível uma vitória tão clara frente a um adversário tão complicado, fora de portas? Arrisco-me a dizer que ninguém imaginou um cenário desses. Ninguém imaginou uma vitória ao nível daqueles fabulosos 0-5 em Bremen.
A não ser... Sérgio Conceição. Porque não foi do nada que surgiu esta colossal vitória europeia; viu-se ali trabalho de casa, a cada recuperação de bola e saída em transição, sempre com movimentações bem definidas pelos 4 da frente (Brahimi, Marega, Aboubakar e... Herrera), ou a cada vez que o jogo do Mónaco era conduzido para as faixas, surgindo cruzamentos que foram sendo sucessiva e serenamente cortados pelas nossas torres. A diferença entre o querer fazer, e o fazer. O prometer e o cumprir. Foi-me prometido um Porto à Porto, e foi isso que tive. E teria tido, mesmo que o resultado fosse outro, porque a forma como a equipa se vai movendo, e como se compensa quando há falhas (porque as há, e não são poucas) é de um grupo que está a ser preparado para poder quebrar, mas nunca, nunca, nunca torcer. Sérgio disse-o, e os jogadores acreditaram e sentiu-se que foram para dentro do campo com esse objectivo: ser Porto, sem ter de andar a propalá-lo com hashtags. E foda-se, se há coisa mais linda do que ver os extremos do plantel (em termos de qualidade de futebol), Yacine e Marega, a lutar com a mesma abnegação e orientação para o bem comum?

O primeiro passo para se ter sucesso num desporto colectivo é conhecer muito bem os nossos pontos fortes e, sobretudo, as fraquezas, para se conseguir camuflá-las ao máximo. Todos sabemos que Brahimi é um génio com a bola nos pés, e a malta deixa-o fazer os seus desequilíbrios a vontade. Mas se é Marega que fica sozinho, logo surgem inúmeras linhas de passe, para lhe retirar a pressão de ter de fazer o que não consegue: fintar. Nestes pontos simples, vê-se uma equipa que se conhece bem. Sabe até onde e como pode ir. Isto vale ouro. E o mérito tem de ser dado ao timoneiro. A cada jogo que passa, e percebendo cada vez mais o quão limitados estamos financeiramente e a nível de opções de plantel, dou cada vez mais mérito e sinto cada vez mais respeito por um indivíduo que: 

1- não foi a primeira opção e, sabendo-o, aceitou vir
2- teve de andar a juntar "restos" e, sabendo-o não virou a cara
3- nesse contexto, e com a desconfiança da grande maioria dos sócios e adeptos do clube (eu inclusive) conseguiu esta senda de resultados favoráveis, e recolocar de novo a equipa e o público muito próximos.

Sem lugares comuns, sem discursos vazios, sem arrogâncias. Com trabalho e serenidade.

Escrevo isto ainda antes de irmos a Alvalade. Não tenho ilusões: estaremos perante o adversário mais duro de roer no seu reduto nos últimos anos, temos um historial altamente desfavorável e somos o alvo a abater como líderes isolados. Mas eu acho que é mesmo disto que o Sérgio gosta. E estou profundamente convicto de que cada centímetro de cada jogador do Porto irá entrar em campo em Alvalade com o espírito certo, que o jogo foi bem preparado, e que não haverá lugar a vitórias morais, ou a jogar para festejar empates. Nunca o senti nas épocas anteriores, e devo ao Sérgio senti-lo agora. Pode correr mal? Obviamente que sim. Mas em Alvalade, mais do que nunca, acredito naqueles rapazes. E se correr mal? Foda-se, continuo a acreditar. 

Acho que, mesmo com todas as limitações do mundo, há 4 anos que não estávamos tão próximo de começar a reerguer-nos como nesta época.  

Um abraço a todos,

Z


sexta-feira, 28 de julho de 2017

Bons Sinais Num Bom Caminho


É necessário relevar que é um jogo de pré-época, mas não é possível desmentir que o trabalho feito, desde já, por Sérgio Conceição. O FC Porto joga, a esta altura, com uma alegria e um faro de golo absolutamente impressionantes. Nomeadamente quando comparados com o ano passado.

Soares e, em especial, Aboubakar, são dois tanques, duas metralhadoras de assalto, que deixam as defesas aos papeis, e as constantes trocas posicionais entre o meio campo e as alas, criam um dinamismo atacante muito bom. Sempre pautados pelo ritmo e a cadência da batuta do Maestrinho Óliver, a equipa dança da esquerda para a direita, sempre com uma visão na cabeça: procurar criar situações de golo 

Se, no início, Corona até se destacou - a primeira assistência para golo, o de Soares, é dele - o fulgor perdeu-se ao longo dos minutos e tornou em evidência o regresso do perfume magrebino de Brahimi. Já está a voltar - recorde-se que começou a pré-época mais tarde - e a aproveitar muito melhor o espaço, dada a liberdade orientada que Sérgio lhe dá. Sim, liberdade orientada, uma vez que, ao contrário do seu antecessor, Sérgio treina de facto as triangulações, o passe e corre, as desmarcações ofensivas. Mas voltando a Brahimi, a jogada do seu golo da primeira parte é linda! Óliver faz um passe extraordinário para Soares, este temporiza - não é, pois, corre-corre à maluca - e entrega de bandeja a Brahimi, que tem a inteligência de deitar o guarda-redes e colocar a bola no fundo das redes. Este golo e o de Hernâni são, para mim, exemplificativos da mudança de Sérgio. Mas já lá vamos.


O que se seguiu, o nosso Mister não gostou. Eu entendo, Mister. Eu vi-te a entrar no campo no jogo de homenagem ao Mágico, como se da final da Champions se tratasse. Aliás, tu e o Davids estavam a jogar outro jogo! Por isso, compreendo-te: contigo, descansar é no Batalha! Eu percebo que a equipa relaxou e baixou o ritmo, o que destacou um Danilo hesitante e meio perdido. Entenda-se: pediram-lhe sempre para ser um Fernando. Agora, pedem-lhe para ser um Vieira. Ou um Pirlo versão XL. O rapaz ainda está perdido. Chegou na semana passada. Vê-se que ficou tão tonto como a defesa do Portimonense. 

O relaxamento, de que o nosso Mister não gostou - aqui, "competir" é no Batalha! - levou ao golo de honra da equipa de Portimão - merecido, diga-se - e à tentativa de reacção do FC Porto. E, se no primeiro caso, Marcano não esteve bem, na segunda parte faz um duplo corte digno de um Capitão com um C muito grande!

A equipa foi para o balneário com as orelhas a arder - se calhar, até já no túnel! - e voltou de lá com novo meio campo refrescado, por um Herrera cada vez mais confortável nesta posição recuada e um André André a fazer jus ao apelido e a querer compensar a patetice de dois dias antes. Com eles, a equipa voltou a carburar à velocidade Sérgio - perto da Mach 1 - e a alegria rendeu mais dois golos, um deles uma insistência à André com uma excelente assistência, o outro uma assistência genial de Herrera - sim, esse Herrera! - para um Hernâni muito mais solto e velocista, que vai dar muito jeitinho o ano todo.


Não destaco ninguém, das múltiplas entradas seguintes, pela negativa. É certo que Sérgio Oliveira e Rafa voltaram a não jogar, e mesmo Mikel parece estar a perder tracção para outras soluções do plantel, como Herrera e André André, para render Danilo, dependendo dos jogos. Um destaque especial para uma soberba jogada defensiva de Layún, que vem, de certeza, mostrar ao Mister que as decisões que tem a fazer são difíceis, muito difíceis.

NOTA: O que aconteceu ontem na transmissão deste jogo por parte do Porto Canal é amador, ridículo e inadmissível! Se o nosso rival tem uma televisão em termos, paga, e de alta qualidade - porque é que o Porto Canal não tem HD em todo o lado?! - nós temos uma brincadeira! Não se concebe como o ponto fulcral da compra do Porto Canal pelo FC Porto não tenha sido assegurado! Ou melhor, compreende-se: Juca Magalhães só quer saber da parte generalista! 

Meu caro Juca: se há quem veja o resto do que mostra a grelha - alguns, poucos, com boa qualidade - é porque este é o canal do FC Porto! Sem esse, o Porto Canal era zero! Por isso, que isto nunca mais se passe, e que os responsáveis por esta vergonha sejam apurados e lidados em termos!

Livrem-se de voltar a fazer uma destas!

quarta-feira, 23 de novembro de 2016

Dixit

Não sou muito de fazer isto, mas tudo o que penso está condensado em um só video - Via Tertúlia Azul e Branca.

Não, não costumo concordar nada com o Pedro Sousa, mas neste caso está tudo dito, e francamente cansa-me muito todo este lento erodir do que é o FC Porto. 

Só tenho a acrescentar que Yacine Brahimi fez 13 golos na primeira época e 12 na segunda. Para além disso, a forma como os jogadores passam do onze inicial, para a bancada, para o onze, para a bancada outra vez, é pura esquizofrenia.

E não, não é rotação, não é dar oportunidade a todos ou manter uma equipa fresca. Depoitre joga pouquíssimo. André André também. Rúben Neves nem se fala. E João Carlos Teixeira ainda nem jogou.

Estamos a sete jogos do fim da primeira volta. E ainda se anda à procura. É o que é. É o que temos. Liberdade total ao treinador para pôr e tirar. E deixar talento em casa. E adiar decisões. E perder competições. Sempre interessado em "competir".

O Porto Canal lançou ontem um Universo Porto especial debate em que se discutiu a arbitragem abertamente com Francisco J. Marques, o Director de Comunicação do FC Porto. Saúda-se a iniciativa.

segunda-feira, 21 de novembro de 2016

Antevisão FC Kobenhavn - FC Porto - Resolver Com a Alma Que Já Vimos

Não é preciso dizer mais nada. É essencial vencer o Kobenhavn para arrumar a eliminatória da Champions antes da última jornada. Com a agravante deste último só precisar, realisticamente, de empatar, uma vez que o Club Brugge não tem qualquer ponto e nós temos de enfrentar o Leicester. Por isso temos, uma vez mais, margem nula.

Ora, descansados que estão Óliver, Corona e Herrera, creio que o melhor onze - o que enfrentou as papoilas - irá jogar. Se entrarmos com a mesma fome e a mesma atitude, não duvido que teremos a eliminatória na mão. A dificuldade que temos é sempre o sorteio que é saber da atitude que vamos encontrar no FC Porto. É verdade, há que assumi-lo, o nosso inimigo maior é o da autoconfiança da equipa. Ainda assim, não é expectável que a arbitragem incline o campo contra nós, o que só por si ajuda imenso.

Não vou fugir do elefante no meio da sala. Esta semana, Pep Guardiola admitiu que errou ao ter deixado Yayá Touré de fora. Nuno Espírito Santo decidiu, está mais que visto, que Yacine Brahimi não conta. Vamos ver se ele não se arrepende. Eu acho um grave erro prescindir, voluntariamente, de toda a criatividade e do génio do argelino. Mas, se ganhar, tudo estará bem por agora.


Esperar de Nuno Espírito Santo mais do que um discurso redondo e vazio nas conferências de imprensa é pura loucura. Curiosamente.... Óliver falou muito mais à Porto, no seu portunhol cada vez mais próximo do português. Fico feliz que pelo menos haja a crença na equipa que a sorte acompanhará o trabalho.

domingo, 23 de outubro de 2016

Análise FC Porto 3-0 Arouca - Evolução Em União


Ando há vários anos a reclamar uma entrada á Robson no FC Porto. Com franqueza, há vários anos que não a via - desde Villas-Boas. Pois não é que NES me deu essa alegria?

Não vale a pena estar a fazer o filme exaustivo dos remates e lances - pode ser visto aqui - mas vimos um futebol forte, intenso, atacante e pressionante que pôs o Arouca em sentido logo de início, e logo de início poderíamos estar a ganhar por 2-0 aos 15 minutos, com uma jogada de sonho de Corona que merecia mais do que o poste a rebater a bola para fora, e uma excelente desmarcação de Óliver, cujo remate tinha selo de golo mas que Bracali - como sempre contra nós - defende.

Nunca deixamos de atacar bem e defender melhor, ficamos talvez um pouco ansiosos no meio da primeira parte, mas sempre a tentar chegar ao golo. Em especial nos últimos dez minutos, notou-se que o FC Porto tudo faria para chegar ao intervalo com o marcador aberto, como bem o demonstram o remate de Jota e o cabeceamento de Marcano, até que André Silva acabaria com as dúvidas aos 43 minutos, marcando após cruzamento de Diogo Jota. Este último até poderia ter marcado a seguir, mas a bola caprichosamente acabou por não seguir para a baliza.

Na segunda parte houve uma descarga do acumulado de jogos, de pressão e de ansiedade, e o FC Porto passou a controlar num ritmo mais baixo, mas sem dar hipóteses ao Arouca. Havia unidades em claro desgaste, como Óliver que estava num ciclo jogos terrível e que fez, apesar de deslocado a dado momento para a faixa, um bom jogo, e Layún, que acabou por não sair. Corona estava tocado e saiu, para dar entrada a Brahimi e Rúben Neves, e o jogo mudou completamente, novamente.

A superior leitura de Rúben ajuda o FC Porto a ter uma dinâmica e uma intensidade muito superiores e o génio de Brahimi ajuda a baralhar marcações e a desequilibrar o jogo de uma forma favorável. Foi, aliás, dos pés dele que saiu o passe vertical para André Silva passar a Jota que lhe devolveu a bola para o segundo golo. O desnorte tomou conta do Arouca, que até estava a tentar mais esta parte, e Casillas aproveitou para fazer uma assistência primordial - é a terceira vez que faz isso - para Brahimi fazer um golo de antologia - e de raiva - e calar quem o criticava (ver Faltas).

Chave de ouro para um jogo em que passamos, contra o pensamento dominante, para primeiro lugar, ainda que temporariamente. O caminho faz-se caminhando e há um caminho para este FC Porto.


União - Parece-me claro que o grupo está unido e que é um bloco sólido. Por esta altura, já todos devem ter visto isto, a conferência de imprensa muito boa que deu NES. Gostei de o ouvir falar da filosofia do FC Porto à frente da táctica. Isso é claramente conseguido. O bloco defensivo é sólido como há muitos anos não o víamos, liderado por um excelente Marcano, que faz diagonais em sprint para cortar cruzamentos do lado contrário, pelo meio campo também pouco passa por um Danilão de adamantium, verdadeiro bloqueio do ataque adversário, Óliver, pelo meio e mais adiantado, joga e faz jogar, procura sempre insistir e dar apoio defensivo e, apesar de claramente desgastado, não deixa de dar absolutamente tudo o que tinha em campo, Corona é um génio, travado apenas à berdoada - não assinalada - do adversário, e capaz de tirar coelhos da cartola e Diogo Jota e André Silva fazem uma dupla perfeita de ataque, ora eu ora tu, que irá fazer a miséria de muitas equipas, daqui até ao fim do campeonato. Todos se entre-ajudam, ninguém se pensa acima dos colegas e a solidariedade sente-se em campo. Nuno Espírito Santo já conseguiu transformar um colectivo numa equipa.  

O banco bom - Temos um banco de luxo, que revoluciona e oferece soluções, muda velocidades e sacode o que está estagnado. Brahimi entrou com fome de golo e conseguiu o que perseguia e Rúben Neves, apesar de alguns passes mal medidos, deu amplitude e ângulo ao jogo do FC Porto. Assim, NES pode sempre pensar em sistemas diferentes e variações de jogo, o que é algo extremamente positivo. Falta-lhe a coragem de fazê-lo antes, sobretudo quando o desgaste é notório.


Massa assobiativa - Brahimi reagiu ao golo fazendo sinais para a bancada num claro "falem agora" que muitos levaram a mal. Eu não. Eu concordo com Brahimi. Não se queixam de um jogo previsível onde falta rasgo individual? E depois, quando existe, este é assobiado? Expliquem-me isto, a sério, porque quero entender! Se um Jota ou um André Silva se perdem no 1 para 1, tudo bem. O que não pode ser é o Brahimi, é isso? De quem veio o passe vertical para o segundo golo? Do Pai Natal? Vão ver as épocas passadas, quantas assistências teve o Brahimi, e depois digam-me algo! E para de assobiar a vossa equipa! Vamos outra vez para a mesma palhaçada do ano passado? Estamos em primeiro! No mínimo, silêncio! Já que não se pode pedir apoio! Envergonhem-se, carago! Ah, já agora, a transmissão não mostrou, mas o Brahimi a seguir ouviu o seu nome dos Super, deu o tradicional beijo e cumprimento para o ar que costuma dar e levantou... o Brasão Abençoado.

Herrera e Varela - Continuo a dizer, Varela deve fazer uns treinos de sonho! Só assim se explica como pode ainda ser opção, após tantos e tantos jogos completamente ao lado. Incrível. Quanto a Herrera, se jogar atrás de Óliver, não tenho objecções - aliás viu-se as arrancadas box-to-box em que foi imparável - mas como definidor de jogadas, com tanto passe errado e mal medido, é um desperdício. Se jogar mais atrás não deixa de ter um remate exterior potente e não "empata" o jogo da forma atabalhoada como uma, e outra, e outra vez, faz.

Mota do talho - Inacreditável dualidade de critérios, fraco julgamento de lances e tendenciosidade, conseguiu não ver um penalti claro sobre André Silva e a berdoada que quase lesionou Corona. Enfim, é a mesma coisa de sempre. Olhem, como as capas dos jornais de hoje... 

domingo, 4 de setembro de 2016

A Maravilha Invisivel E A Comunicação Inexistente


O nosso André Silva foi - e ainda é - destaque desta semana no site oficial da UEFA, como miúdo-maravilha - ou wonderkid - e talento da semana. Nas palavras do site da UEFA para o caracterizar, "Ponta-de-lança típico, com veia goleadora, André Silva possui uma compleição física considerável mas um estilo de jogo refinado, com bom toque de bola e qualidade técnica."

Estas palavras valerão, sem sombra de dúvida, muitos olhares de olheiros e muitos milhões no futuro. Não valem, curiosamente, é as parangonas nos jornais, o endeusamento dos media, as reportagens especiais na terra onde nasceu ou epítetos de "menino de ouro". O único destaque, e mesmo assim com uma mera colunita, foi n'O Jogo.

É verdade que, a nós, Portistas, não interessa nada, e a AS também não deve interessar. É garantia de que cresce com tempo e sustentadamente, não será disparado como bala de canhão para um gigante europeu sem ter tempo de estar em ponto de caramelo nas suas qualidades.

Absurdo é, no entanto, que o FC Porto não faça qualquer referência sobre isso, ou sequer uma mera alusão, no seu site ou em qualquer outro lado! É um activo que deve ser valorizado e, se lhe dão um destaque tão importante, deveria pelo menos ser um motivo de orgulho para o seu Clube, não? Estanha forma de vida, esta da comunicação Portista! Sempre "acima" quando se trata de destacar as suas qualidades contemporâneas, sempre lesto em responder ao nível "rixa de rua" a chouriços ou filhos de poetisa. Ou então, se André Silva tivesse acabado a carreira há 20 anos e tivesse um lugar no Museu, talvez fosse imagem de capa do site do FC Porto. Quem sabe. Enfim.

Aproveito para dizer que, a respeito do problema comunicacional do FC Porto, subscrevo inteiramente a crónica de José Manuel Ribeiro n'O Jogo de hoje. 

E, já agora, como o FC Porto trata tão bem os seus e os defende tão bem, atentem por favor à foto de cima, da Taça de Portugal, onde se nota, ao lado do invisível miúdo-maravilha, aquele jogador tão pouco comprometido com o FC Porto, tão individualista e invejoso, de seu nome Yacine Brahimi e a forma tão pouco comprometida como festeja o golo.  

É uma pena que o FC Porto não saiba matar as polémicas á nascença e as deixe a marinar. Será que não quer saber? Ou, para se preocupar com uma pessoa, esta tem de ter herança avultada ou cargos governamentais no currículo?

Contaram-me que o sportem, no meio de VMOCs, Doyens e salários de jogadores que não deveriam ter tido nos quadros, dos 40+5 de João Mário e 30+5 de Slimani, concorre a ficar com 6,26M. Não tenho link directo para esta informação, - mas este talvez ajude - mas contas por alto - uma vez que o sportem tem quase tanto de VMOCs como de passivo - não fazem essa informação nada disparatada. É bastante triste que o FC Porto nunca faça pressão a concorrentes directos, não faça nada para estourar a bolha de gigante do mercado e da falsa saúde financeira do sportem e com isso deixe que os programas de comentários estejam a especular sobre... o FC Porto!

Mas eu entendo. A TVI e a SIC não se chamam Adresen Sousa Tavares ou Gomes da Silva. Assim sendo, tem sempre honras de VIP no Estádio do Dragão. 

E querem eles que os jogadores sejam à Porto e os adeptos também. Vão tirar o exemplo de onde, exactamente?  

segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Análise FC Porto 4-0 Os Beleneses (7ª Jornada)

Foto de José Lacerda

Foi uma noite boa e plena. Uma noite de uma goleada tranquila, num crescendo até a um fim orgásmico e um descanso merecido, que o FC Porto já não tinha há que tempos. Confesso, fiquei emocionado aos 89 minutos, ao ver tocar a bola com a calma e a endorfínica sensação do dever cumprido.

O jogo começou com trocas rápidas de bola, teve uma fase mortiça de meia hora - mas onde, a bem da verdade, tivemos azar, parecia que as pernas dos jogadores do Belenenses tinham ímanes para atrair tudo. A fechar a primeira parte, lesão séria do Maicon - provavelmente uma ruptura muscular - bem substituído por Danilo. 

Na segunda parte tivemos um FC Porto à Porto, pleno de intensidade e de vontade de resolver o jogo com qualidade e assertividade. Se o final da primeira parte já tinha trazido um acréscimo de ofensividade, a segunda parte teve um FC Porto outra vez, comandados por um endiabrado Brahimi. Depois do terceiro golo veio a merecida tranquilidade e com ela o pensamento no momento seguinte. A diferença é que, agora, partimos para ele líderes e com uma vitória gorda a fazer o icing on the cake.

Queria destacar, antes das notas propriamente ditas, uma superiora defesa de Casillas que nos garantiu uma tarde tranquila, ao invés de corrermos atrás do resultado (e o igualar da sua melhor marca pessoal, quatro jogos sem sofrer golos, em casa, para o campeonato), de uma entrada esforçada de Tello, que conseguiu fazer já a sua primeira assistência, da forma como Danilo, abnegadamente, cumpriu uma função que não era a sua de uma forma competente, e da alegria de Osvaldo, que até sacudiu o mau-olhado. Para alguém "conflituoso e difícil", que cumpre sempre competentemente nos minutos que lhe são averbados e até festeja o golo com técnicos do FC Porto, não me parece mal.



Brahimi - Fantástico jogo do argelino, tenho a certeza a querer dar uma demonstração cabal de que não se esforça só para a Champions. Fez um pouco de tudo, partiu os rins da defesa do Belenenses, assistiu colegas, marcou de cabeça (!) e deu a marcar. Assim, Yacine, terás o Dragão a teus pés. Parabéns. E obrigado.

Rúben Neves - O nosso menino é Capitão do FC Porto aos 18 anos. Parabéns! No entanto, inteiramente merecido. Não me canso de dizer, a sua maturidade, liderança e visão de jogo supera em muito a sua idade cronológica. Um orgulho partilhado com a Nação Portista.

Imbula - Imbula fez outro jogo de grande segurança. Menos velocidade, um pouco menos de concentração, mas a sua presença em campo garante recuperações de bola e assertividade no passe, bastante importantes para um controlo do jogo dominante.

Marcano - Nada passou pelo ar, a nossa Trave Silenciosa fez um jogo de comando, especialmente após a saída de Maicon, de grande qualidade. O golo - que já procurava desde o ano passado - foi um prémio merecido.


Jorge "pode ser" Ferreira - Faltas a nosso favor? Quase inexistentes. A dualidade de critérios pode influenciar um jogo, se do outro lado não estiver uma equipa que se habituou ao "Contra tudo e contra todos". O amarelo ao Maxi - que o afasta de Braga - é de um boçal ridículo, e de encomenda. Não faz mal, supera-lo-emos na mesma.

Jogos em dia eleitoral - Não se admite. Este blog é 100% apartidário e apolítizado, respeitando as opções de cada Dragão, mas a verdade inquestionável é que as duas afastaram as pessoas dos eus respectivos fóruns. A não repetir.

O Pós-Jogo - O Record e a Bola dão notas de rodapé sobre a goleada, O Jogo acha que a vitória não foi nada de especial. E novidades?

sábado, 29 de agosto de 2015

Análise FC Porto 2-0 Estoril (3 jornada)


Há dias assim.  Na verdade creio que sempre houve.  Dias em que os resultados superam largamente a qualidade da exibição.  No entanto,  o que se passou hoje em nossa casa não pode voltar a passar-se.
Jogamos dez minutos de bom futebol,  com a surpresa positiva de Brahimi no meio. O problema deste modelo foram os extremos.  Quer Varela quer Tello estiveram muito furos abaixo daquilo que é exigido num modelo de ataque. E um 4x2x3x1 necessita de um meio campo sem o grave buraco que um excessivamente lateralizado Imbula proporcionou.

As substituições desta vez surtiram o efeito desejado e André André imprimiu uma maior qualidade ao meio campo depois de 30 min de um intenso Estoril a tentar ser mandão e a obrigar Lopetegui a voltar ao 4x3x3 ainda antes do intervalo para estancar o trabalho em full de um seguríssimo Casillas com bons apontamentos.

O problema é que a segunda parte trouxe mais do mesmo, mostrando uma equipa que está longe,  muito longe de estar acertada.  Lopetegui mexe, mais uma vez, bem e põe em jogo um Herrera que serve de cola para uma equipa à deriva e, mesmo com o seu Herrático carrossel normal de bons apontamentos e de passes falhados de imediato, põe de novo o pendor no ofensivo e puxa a equipa mais para a frente.

Há mais intensidade, uma falta à entrada da área, superiormente marcada  por Maicon, a, espero eu, quebrar a malapata das bolas paradas, as ocasiões de golo sucedem-se, mais até com Osvaldo que entrara no lugar de Aboubakar - injustamente - e há um penalty por assinalar, um fora de jogo.... enfim, nada de novo a leste. Mas sobre isso, mais a seguir. Vamos às notas.

 

Brahimi - Brahimi foi colocado no meio no 4x2x3x1 e cumpriu maravilhosamente. 10 minutos soberbos a baralhar completamente as contas do Estoril e a ser absolutamente demolidor. Lamentavelmente, Varela espetou-lhe a faca e obrigou-o cedo demais a encostar à ala. Aí voltou às mesmas fintas de sempre e perdas de bola normais, mas o sprint final nos últimos minutos deixou-me realmente com um sabor doce em relação à sua exibição.

Herrera - Diga-se o que disser, há um jogo pós 10 minutos iniciais até Herrera e o resto. Herrera tem uma entrega ao jogo exemplar. Nota-se que ainda não está bem, que lhe falta o "fulgor galopante" que lhe é característico. Mas a verdade é que este meio campo não pode ser completamente novo e Herrera pode e deve ser o pêndulo que equilibre o meio campo, pelo menos até Imbula compreender o seu papel de uma forma mais profunda. Deve ser doseado, certo, mas faz falta, goste-se dele ou não.

M&Ms - Maicon e Marcano são uma parede. Solidários, intensos, presentes, não há como a força do Capitão e a classe de Marcano. Dão uma defesa de betão completa e, para mim, são absolutamente inquestionáveis. Muito bem!

Maxi - Disponível, raçudo, intenso... ah, Maxi! Se conseguisses passar essa força toda aos teus colegas! Brindado, injustamente, com um cartão amarelo cedíssimo, notou-se que se conteve, senão o pendor ofensivo do Estoril teria sido bem menor.

 

Entrosamento - Que falta de ligação! Eu sei que a equipa não está habituada a jogar neste sistema, há muito que trabalhar, etc. Mas, caramba! Falta ofensividade, falta ligação, falta compreensão, falta, principalmente, conhecimento que só pode vir com o tempo. Mas tem de ser trabalhado já!

Extremos - Se houvesse mais alternativas e mais alterações, nenhum teria acabado o encontro. Varela e Tello estão os dois na Lua. Medem mal a velocidade, o tempo de passe, a defesa, quando pôr o pé... um desastre! A trabalhar com urgência. 

Meio campo defensivo - Sejamos francos, Imbula e Danilo atrapalharam-se. Eles têm qualidade, individualmente. Eles são dois puros sangues. Imbula deve ser deixado livre por Lopetegui. Não posso crer que Lopetegui lhe esteja a tirar a característica vertical, mas falta, sim, saber quando fazer o quê. Acho que é só uma questão de tempo, são dois jogadores novos que nunca se tinham visto, num sistema táctico absolutamente novo. Mas há margem para crescer, e isso é positivo. 

Massa assobiativa - Sabem que estamos na terceira jornada, certo? Que tivemos de enfrentar três equipas com as quais perdemos pontos no ano passado, logo de início, certo? Sabem que mudamos 5 titulares, certo? Querem opera? Assobiar uma equipa que estava a ganhar antes dos 10 minutos?! Mas está tudo doido?! Calma! Ninguém é estúpido! Sabemos que não está tudo bem, longe disso, mas há que saber levar as coisas com calma, caros amigos! Sempre houve, no FC Porto, jogos com o resultado melhor que a exibição! Roma e Pavia não foram feitas num dia! 

Duarte Gomes - É por jogos destes que eu me parto a rir quando oiço a lagartagem calimera! A autêntica Tragédia que poderíamos fazer se fossemos como eles! Tendencioso, sem isenção, desequilibrado, ladrão! Dualidades de critérios, penalties por assinalar, um golo anulado... não faltou nada! Mas nós não vamos andar dois anos a bater no ceguinho! Já sabemos que marcamos 3 e saímos com 2. É assim, não nos vergam! Podem tentar, mas não vão conseguir!

P.S.: Ainda bem que o José Manuel Freitas acha que o FC Porto joga pior do que o benfica! Espero que Rui Vitória pense da mesma forma.