Ontem foi o dia que marcou a minha desistência deste treinador. Ontem foi-se longe demais. Podemos até ganhar, ficarei obviamente feliz, afinal fui até onde me foi possível, por isso sou credor - e não sou o único! - desta remota hipótese.
Sou um homem de afectos, quando gosto protejo, por isso não me arrependo de proteger o Futebol Clube do Porto, um Amor de mais de 30 anos, em qualquer das suas vertentes, qualquer que seja o seu jogador ou treinador.
Há quem me tenha visto como Lopeteguista, não sou. Se o nosso treinador for o Zé da Esquina, serei Zédaesquinista militante. Não tenho a postura desconfiada de outros - que, no entanto, respeito. Mas há linhas que não permito que passem. Ontem foi a gota de água, para mim.
O maior privilégio que tive, neste ano e pico de blog, foi ter conhecido pessoas extraordinárias, unidas à volta do Nosso Grande Clube. No meio delas, bem no meio, estão os meus amigos Dragões de Ouro.
Eu chamo-lhes Dragões de Ouro porque vivem o Clube de uma forma plena, total e abnegada. Vão ver os jogos todos no Dragão, apoiam como se de uma claque se tratasse, vão ao estádio do Pedroso ver a B, respiram Futebol Clube do Porto.
Para eles, o Futebol Clube do Porto não é uma empresa. Para eles, não é um emprego. Para eles não é um negócio. Para eles, é um estado de Ser.
Une-nos, a todos, os que gostam e não gostam, os que criticam e os que apoiam, um Amor intangível a este Nosso Grande Clube. Ontem, Lopetegui e os jogadores feriram o Clube. Sim, pessoalmente. Ontem, magoaram alguém que teve uma doçura e um carinho extraordinário com a minha filha, que a protegeu num exagero policial quando um polícia afastou brutalmente uma criança do carro do Óliver Torres.
Senti, na expressão de perda dela, os seus estágios todos. Ou quase. Duvido que haja, ainda hoje, ou durante um bom tempo, a aceitação. Mas a raiva, a dor, a negação, a mágoa... todas estavam lá, enquanto as lágrimas corriam pela face destas duas extraordinárias pessoas.
Sou de sofrer em silêncio. Vim para o carro mudo. Jantei silencioso, como se o Tempo tivesse parado, mas perfeitamente ciente do que acabara de acontecer. Lopetegui traíra, com o seu baixar de braços - desistir é coisa que, no Futebol Clube do Porto, nunca se faz! - todos aqueles que o defenderam ad nauseam, porque era o comandante em campo do Brasão Abençoado.
Mas ele sangrou o Coração Azul e Branco dos Portistas. E isso é imperdoável. Claro que a atitude honrada seria ter consciência do que fez e apresentar, de imediato, a sua demissão. Quem sabe se não o fez? Não sabemos.
Então eu pergunto: Se sangra o Coração dos Portistas, incluindo o dourado como o dos Dragões de Ouro, como é possível não sangrar o Coração do Nosso Grande Presidente? Não há indemnização que valha o esvair de Sangue Azul e Branco, esta morte lenta e agonizante.
Pior ainda se for teimosia e orgulho! Pouco nos importa, NGP, que isso seja admissão de fracasso! Todos temos desses na vida! O mal menor impõe-se, é imperativo! Mais do que a classificação, é a piada que se tornou o Nosso Grande Clube!
O Futebol Clube do Porto tem de ser maior do que o ego ou a ambição pessoal de quem quer que seja! Um rumo que recupere a Raça e o Querer Portistas é imperativo, já!
Mais vale assumir que tem de se pensar na mudança já. O rumo que leva poderá ser ainda mais desatroso. É confrangedora a atitude derrotista. Não podemos continuar a ser a piada.
Que fique claro que os adeptos tudo fizeram, neste jogo, para mostrar o incondicional apoio. Os assobios e os insultos foram apropriados, e vieram no tempo e forma correctos.
Todos os jogadores valem mais do que isto. O Futebol Clube do Porto sempre foi mais como equipa do que como individual. Ninguém tem o direito de deitar isso fora! Quem tem o Poder de decidir e agir tem de fazê-lo já!
Por último, todos sabemos que o treinador é só a ponta do icebergue. Há que mudar muita coisa na estrutura do FC Porto. Esta tem de entender, já, que o "negócio" FC Porto não interessa aos adeptos. Se um Clube não for Clube, não terá interesse. O Desporto vem antes dos milhões! Ontem fomos 19 mil. Corremos o risco de ser metade no dia 24, se algo não for feito. Acordem!