quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

O 12º Jogador


Ponto prévio: Percebo rigorosamente zero de Andebol. Não sei avaliar as qualidades técnicas do Gilberto Duarte ou de qualquer um dos seus colegas de equipa. Felicito-os desde já pela magnífica vitória. Pela reviravolta no marcador e pela força de acreditar.

A força de acreditar. Este é o ponto deste post. O que me prendeu ontem ao Clássico não foi só a equipa - foi o público. O magnífico público. A mole gigantesca de adeptos que inundou o Dragão Caixa e que foi, sem sombra de dúvida, o combustível para mais um heróica vitória. Espantoso. Como gritaram, como incentivaram, como pressionaram o adversário, como o ajudaram a reduzir a pó. Fabuloso. O Espírito do FC Porto. O Ser Porto. Aquilo que me fez ser Portista. A união, a identificação com a pessoa do lado, a sensação de pertença, a vontade de superar as dificuldades. E principalmente, foi comovente ver como não assobiaram, não criticaram, não vaiaram, puxaram a sua equipa do coração para cima, incentivaram-na a acreditar. E isso é de ouro.

Pergunto-me porque não acontece isto no futebol. Se calhar, porque não existe um Handball Manager, ou melhor, existe mas a sua difusão não tem paralelo. Se calhar porque não existem diários desportivos que tratem diariamente de especular transferências, valores de passes e os jogadores com etiquetas de "caros demais" que, assim sendo, são imediatamente acusados de ser flops assim que fazem erros normais de quem acabou de chegar ou falham um golo. Se calhar porque tem grandes salários. Mas os salários são possíveis graças ao sistema onde se movem, a projecção mediática onde gravitam e as próprias condições do desporto em si. Trará consigo então essa massa salarial o dever de dar o flanco a ser vilipendiado pela inveja, despeito ou soberba do auto-intitulado adepto?

Proponho ao digníssimo Portista que  me lê que pense bem se este incentivo como no caso do Dragão Caixa não daria mais força às vitórias, mais garra para combater possíveis adversidades, do que vaias monumentais aos seus e insultos. Ou a cultura de exigência. Gostei muito do que vi no Dragão Caixa. O Andebol do Porto venceu maravilhosamente. Graças à qualidade dos jogadores. Mas sem o apoio do público que mandou a casa abaixo, não teria sido possível. Sejamos no futebol o apoio que se sente no Andebol ou no Hóquei.

Obrigado.


5 comentários:

  1. Foi assim porque foi contra o Benfica, em 80% do ano o Dragão Caixa está às moscas. Entendo a mensagem do post, mas o exemplo não foi o melhor.

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    1. Meu caro, certamente não terá percebido então o sentido do post, não tem a haver com o preenchimento do espaço mas sim, uma vez mais, ao apelas aos adeptos do Porto que apoiem a equipa incondicionalmente, porque isso é, sem dúvida, um factor decisivo.

      Obrigado pelo seu comentário.

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  2. Caro amigo,

    Como tenho umas "bases" de andebol, deixa-me dizer-te que o F.C.Porto tem ganho tudo muito à custa da qualidade/exigência/profissinalismo do treinador, Obradovic, mas também porque tem reunido, ao longo dos anos, jogadores com um potencial monstruoso mas que, sobretudo, nunca deixam de querer fazer mais. Querem sempre ser melhores, mais rápidos, mais fortes, mais competitivos, etç. Sendo assim, é uma maravilha perceber que há uma comunhão fantástica entre esta equipa de andebol e a massa adepta que me arrisco a dizer ser a mais harmoniosa de todas as modalidades. E se te disser que conheço grande parte da equipa (actual e jogadores que foram estrelas por cá, mas já saíram) e que são poucos os que são portistas, ainda mais valor lhes dou, por conseguirem perceber perfeitamente aquilo que significa este símbolo.

    Quanto ao comentário de cima, embora tenha saído um pouco do que disseste na crónica, não deixa de ser verdade (e é algo que sinto muito de perto como praticante de andebol). Nas amadoras, fora os jogos grandes, ninguém quer saber de nada, até aos jogos finais para saberem se dá para festejar o campeonato e cantar "Filhos da p*$@ SLB". Muitas vezes estamos a falar de jogadores que treinam mais vezes do que os do futebol, que ainda estudam ou trabalham, que dão tudo o que têm em campo (e muitas vezes com uns mesitos de ordenados em atraso...). Nem sempre o clube trata bem estes verdadeiros heróis, quer a parte directiva, quer os próprios adeptos.

    A verdade é que, como dizes, com aqueles verdadeiros que não perdem um jogo de qualquer modalidade, cria-se uma empatia, proximidade que dificilmente se criará algum dia com a equipa de futebol.

    Um abraço!

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  3. @ Z

    preciso de te contactar.

    manda-me um email para o do meu estamine sff.
    obrigado!

    abr@ço
    Miguel | Tomo II

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