segunda-feira, 12 de setembro de 2016

Espaço Z - "Apanhado"

1. Analisando a fundo todas as opções, questões de estabilidade na equipa técnica e do próprio plantel, organização interna, penso que partimos para esta temporada um pouco atrás dos nossos rivais na luta pelo título. Quer isto dizer que não podemos sonhar/acreditar no trabalho dos nossos rapazes? De todo. Significa apenas que teremos uma muito menor margem de erro; não podemos almejar a conquistar uma prova de regularidade e perder com Aroucas e Tondelas em casa, ou continuar a não conseguir ganhar um jogo ao medíocre Marítimo nos Barreiros. Temos de ser mais, correr mais, jogar mais, lutar mais. E isto tudo, sabendo que temos menos opções de qualidade do que Sporting e Benfica. E não há problema nenhum em reconhecê-lo: o primeiro passo para a glória costuma estar em conhecermos a fundo as nossas debilidades e defendermo-nos delas. Penso que haverá mais alguma qualidade em termos globais face à época passada (e o facto de não haver Suks ou Maregas a agredir a bola ajuda nesse aspecto), mas há algumas debilidades em posições fulcrais que deixam algumas preocupações - especialmente no sector mais recuado. Uma lesão ou um castigo podem trazer-nos alguns amargos de boca. Mas bom, só tivemos 5 meses para preparar esta nova época, e quem consegue fazer um bom trabalho num período tão curto de tempo, hein? Quem consegue? 

2. Muito se falou na altura sobre a escolha do novo treinador do FC Porto. Teria de ser assim e assado, com uma personalidade cozida e assada, a jogar na táctica 2-5-3 ou 7-2-1, e que falasse 3 línguas diferentes. Falou-se muito, analisou-se muito, e talvez se tivesse exagerado um pouco nas expectativas criadas. NES dificilmente seria a escolha de muitos de nós, mas talvez acabe por fazer sentido se olharmos para a nossa capacidade negocial actual (muito próximo do ridículo), para o "cemitério" em que nos tornámos nestas últimas épocas, na ausência dum plano desportivo a médio/longo prazo, talvez seja uma das opções que fazem sentido. Confesso não ser um admirador do estilo de jogo que NES promove - especialmente não sou nada admirador da sua actividade de redes sociais, regada de frases clichê, de alguém que tem de se capacitar da dimensão e responsabilidade de treinar um clube como o FC Porto - mas confio muito na seriedade do seu trabalho (e de toda a sua equipa técnica) e na capacidade de conseguir, mesmo que não deslumbrando, fazer do FC Porto uma equipa competente, personalizada, que mande na sua própria casa e que, acima de tudo, não encare nenhum adversário com receio nos olhos e nas pernas. Como sempre acontece, NES terá a minha total confiança para a época em curso, e espero que a massa associativa lhe consiga dar a tranquilidade necessária para que desenvolva o seu trabalho em paz. Talvez seja altura de pararmos de dar contribuições tão generosas para continuar a "enterrar" treinadores dentro das nossas portas.


3. Otávio, André Silva, João Teixeira, Óliver, Corona, Ruben Neves... Nestes nomes (quiçá noutros que não referi) reside o futuro a curto/médio prazo da nossa equipa de futebol. Sem estatísticas nas quais me possa basear, não tenho dúvidas de que a bola rola de outra forma quando temos estes jogadores em campo. E se a bola rola doutra forma, as probabilidades de ganhar jogos serão maiores. Nem só de correr muito, morder a língua e bater muito no peito se faz um jogador "à Porto"; nem só de talento se faz um jogador "à Porto"; terá de haver uma equipa equilibrada, de jogadores comprometidos com a vitória, e que tenham inteligência em campo. Um meio-campo com Danilo, Herrera e André André deixa-nos dependentes de fogachos individuais de algum dos 3 da frente. Espero que NES tenha conseguido perceber isso. Os melhores jogadores têm de jogar. Independentemente de apelido, nacionalidade ou idade. 

4. Por vários motivos, sinto-me mergulhado no final da década de 90, ou no final da primeira década deste milénio. E denoto laivos de Benfica e Sporting dentro do meu clube. Má gestão, negócios ruinosos, guerrilha interna. Discursos vazios, dirigentes escondidos, caos organizativo. Dá a sensação de que tudo é planeado em cima do joelho, quase nunca com os nossos melhores interesses no horizonte. Lembro-me dum tempo em que, com quase toda a estrutura directiva que hoje nos lidera, seguíamos com um avanço de 3 temporadas jogadores com potencial. Que os jogadores se "matavam" para vir cá parar (mesmo que não oferecêssemos ordenados superiores aos dos rivais). Neste momento temos o líder máximo do clube a aparecer a terreiro apenas depois de vitórias, com um discurso oco, com promessas que não se cumprem, cada vez mais afastado dos sócios e adeptos, esquecendo decerto que somos nós o combustível desta grandiosa instituição. E que se não temos memória curta, e nunca esqueceremos quem nos deu tudo o que podíamos querer, faremos cair com igual estrondo quem nos tratar como mentecaptos, meros clientes duma empresa privada. E convém que não haja medo de dizer e pensar tudo isto, mesmo sabendo do alcance das garras da Guarda Pretoriana que protege a cúpula do clube e da SAD. Passo bem sem a minha roseta de 25 anos de associado (que já cá devia cantar há cerca de 4 anos), mas que ninguém pense sequer em tentar fazer sombra ao meu clube. Ninguém! Estou convicto de que, de agora em diante, será no sentido da tribuna e não no sentido do relvado que seguirá a contestação se (Deus nos livre!) algo correr mal.

5. Não tenham dúvidas: a nomeação do árbitro e a respectiva actuação no jogo em Alvalade foram a prova mais do que óbvia de onde se situa o "centro de decisão" neste momento. Retirando o jogo de Campo Maior, um outro em Alvalade em 02/03 e o de Barcelos na primeira época de VP, não me consigo recordar dum escândalo tão claro e nojento como o do jogo de Alvalade. Um resultado de 0-1, em que o FC Porto tem o controlo dos acontecimentos, praticamente sem ser incomodado, é transformado num 2-1, com dois golos feridos de ilegalidade (nem sei escolher qual deles o pior). Obviamente que uma equipa ainda em fase de crescimento, com tudo o que penou na época passada, a jogar fora de casa, ainda por cima contra um rival forte como o Sporting, teria uma tarefa muito complicada para tentar inverter o rumo dos acontecimentos. Expulsões perdoadas, mãos na bola, foras de jogo mal assinalados... E ainda há por aí quem consiga criticar a equipa? Quem critique a cor da camisola nesse jogo? Tenham juízo! Há jogos com erros arbitrais, e há jogos como o de Alvalade: "Calabotadas" do séc. XXI. E neste ponto, não hesito em afirmar: quem tenha visto um Porto amorfo e incapaz, depois das incidências vergonhosas do jogo de Alvalade (especialmente na 1ª parte), pode arrumar o cartão de sócio e ir apoiar o FC "Caralho Que o Foda". Foi assim, irritado, que me deixou o jogo de Alvalade. Deal with it!


6. Falhei em larga escala na fase final da época passada, no que diz respeito ao Andebol. Por falta de tempo, demorei bastante a conseguir ver os jogos todos das meias-finais contra o Benfica, e acabei por deixar arrastar o assunto, assim como a nossa equipa de andebol terminou a época: a arrastar-se. Li em diversos locais da bluegosfera que perdemos devido às arbitragens; eu estou em completo desacordo. Ricardo Costa não teve unhas para o potencial que tinha em mãos na época passada (estaremos cá para ver se as unhas entretanto cresceram), e brincou um bocado com a sorte depois da paragem de Janeiro. Uma equipa que despontou em anos anteriores pela agressividade na defesa, velocidade na transição, e condição física global, acabou a temporada de rastos, numa fase em que teve muito menos jogos do que o rival das meias finais. Mas para além da questão física, foi confrangedor ver o banho táctico que Mariano Ortega deu a Costa nas meias finais. Conseguiu colocar o jogo do Porto onde sempre quis (nos nossos piores jogadores em termos de tomada de decisão), em Gustavo e Cuni, forçando-os a cometer inúmeros erros; e foi aproveitando as ofertas, mais a supremacia física e anímica. Uma equipa limitadíssima conseguiu dar um festival táctico ao plantel mais forte da época transacta, e possivelmente o mais forte dos últimos 8/9 anos. Vou mais longe: até o jogo que o Benfica perdeu no Dragão Caixa, foi por clara decisão de Ortega, que decidiu rodar a equipa já a pensar na meia-final da Taça Challenge na Rússia, e com a possibilidade de resolver o playoff com o FC Porto já na Luz. Assim aconteceu. Ricardo Costa mostrou que não só não teve unhas para o Ferrari que lhe caiu no colo (literalmente no colo dum treinador com 1 ano de experiência na 1ª divisão), como é um treinador pouco inteligente. Querer uma ruptura total com os princípios de jogo que nos deram, pelo menos, 6 títulos, principalmente depois de um upgrade como a que a nossa equipa teve (com as entradas de Areia e de Rui Silva, principalmente) revela teimosia, falta de qualidade como treinador ou, mais assustador ainda, ambas. 

7. Para esta temporada, o FC Porto parte no grupo da frente, como sempre acontece, mas com uma baixa importantíssima: Gilberto Duarte. E sem Gilberto, qualquer equipa fica mais fraca. Convençamo-nos duma coisa: ver um talento como Gilberto a jogar com as nossas cores foi algo que poderá não se repetir tão cedo (só porque acho difícil que Miguel Martins se segure por cá muito mais tempo). Este tipo de jogador é insubstituível, e vai levar algum tempo a que a equipa se readapte a jogar sem Gilberto. Dos reforços, tirando Carrillo, tudo me parece muito medíocre para ser verdade. Contudo, hey, alguém tem de continuar a pagar as comissões ao Prof. Magalhães! E o que está a dar é ir buscar jogadores com ombros destruídos à Croácia, brasileiros de qualidade muito duvidosa, ou fazer acordos com a Federação de Cabo Verde (a nova Cuba do FC Porto), trazer para cá um saco de jogadores a troco de uns cobres, e enviá-los para a 2ª divisão para ganhar rodagem. É, eu sei muitas coisas. E hoje apeteceu-me debitar isto tudo. No andebol as coisas funcionam assim, por cunhas e jogos de bastidores. Se alguém tiver interesse em saber o rumo dos treinadores que "gravitam" em torno do FC Porto, FC Porto B e clubes "irmãos" (ISMAI, Colégio dos Carvalhos, FC Gaia... por aí fora), decerto terá surpresas desagradáveis. 

8. Tenho estado afastado desta (um bocadinho minha) "casa", mas sempre em cima do acontecimento. Continuo a não perder uma crónica do Jorge, do Miguel, do Silva, do Vila Pouca, do Bertochini, e do TdD. Continuo a gostar de ler opiniões diferentes, mas que transbordam portismo por todos os poros. Precisamos todos desse sentimento: é disso que é feito o clube. Dos associados. Dos adeptos. De quem respira FC Porto. Daqui a umas horas o Mundo terá um novo Portista. Meu filho, mas filho do Porto. Do FC Porto. Conto convosco, bloggers e leitores, para me ajudarem a trazê-lo para a família portista e fazê-lo perceber que também ele é "o" FC Porto. 


Um abraço,

Z.

11 comentários:

  1. Epá, esta casa não é "um bocado" tua, é TODA tua!

    Abraçom

    Dá notícias depois.

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  2. Parabéns pá! Sempre quero ver que letra é que vem depois de Z :)
    E obrigado pela coragem, em nome do FCP, do País e da minha reforma. Por ordem decrescente de importância, pois claro. Já se sabe que eu sou imbecil ;)
    Grande abraço e toda a sorte.

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  3. Parabéns pelo teu filho Jorge.
    Que tenha a mesma alegria que eu tive de nascer e ver o FCP Campeão pouco tempo depois.
    Mais, que nunca tenhas que dizer "Sabes filho, já vi o FCP a ser campeão europeu e a ser Penta", mas que digas "Lembras-te de quando nós vimos o FCP campeão europeu e novamente Penta?"
    Que tudo corra bem e que ele seja a maior das tuas alegrias.

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  4. Os rapazes aí citados, é uma questão de tempo até algum caceteiro arrumar com um ou dois. O ano passado tivemos um filho da puta a encostar o André Silva, com a bênção do ceguinho do apito. Este ano, com as arbitragens que permitem desbaste a torto e a direito, vamos ver quando é que algum sarrafeiro magoa com gravidade o Oliver, o Otávio, o André, o Corona... até por isso, por uma questão de segurança e prevenção da integridade física dos atletas a sad devia falar. Mas um mudo faz mais barulho do que eles. Saúde. João.

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  5. "(...)E neste ponto, não hesito em afirmar: quem tenha visto um Porto amorfo e incapaz, depois das incidências vergonhosas do jogo de Alvalade (especialmente na 1ª parte), pode arrumar o cartão de sócio e ir apoiar o FC "Caralho Que o Foda".(...)"

    Fodasse Z, Nem eu diria melhor!!!!
    Os que andaram a achincalhar tudo e todos, o NES, o Depoitre etc etc etc...
    E andaram no sábado s gritar e a bater palmas.... que vao apoiar o Fc Caralho que o Foda ..... que o FC PORTO, tal como vais ensinar ao teu Filho, NUNCA é FC PORTO de vitorias... alias arrisco-me a dizer exactamente que sera mais no inverso...
    Nas dificuldades!!!!

    Um abraço a ti e a todos que enumeraste... revi-me em quase tudo o que escreveste..

    Um abraço especial e desejos de muita felicidade para a MAIOR empreitada da tua vida...
    Sabe que vais ter um Tifosi (de ti primeiro que do Fc Porto...) 😉

    Jorge quarta tamos la certo? (Sabado cheguei em cima e nao tive tempo de ir ter com voces.. )

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  6. Aos 6 jogadores mencionados no ponto 3, eu juntava os 4 defesas titulares e GR e temos o 11 titular feito. Com Jota pronto para entrar para um dos lugares da frente em caso de castigos/lesoes.

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  7. Parabéns ao Z pela maior vitória do mundo... um filho é a melhor coisa que pode acontecer na vida de alguém. Vai ser um Grande Portista com certeza e vai vivenciar grandes alegrias de azul e branco vestido... Felicidades!

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  8. Fico satisfeito em saber, que os jogos da Liga dos Campeões não vão ser apitados pelos abutres controlados pela "porta 18" e pelo "clube cardinal".

    Abraço

    Luís (O MEU, O TEU, O NOSSO FCPORTO)

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  9. É muito bom voltar a ler estes textos do sr. Z.
    Falando do andebol, acho um exagero o numero de sul-americanos a chegar cá.
    Estamos com falta de matéria aqui nas nossas escolas e escalões inferiores?
    Creio que não, e que por isso não vamos seguir o exemplo do futebol e por esta equipa de andebol sem identidade. Por favor não.
    E se quisemos reforços do estrangeiro que tal fazer uma volta pela Europa, porque é neste continente que se encontra das melhores ligas da modalidade.
    Espero que Ricardo ponha a equipa a jogar consistente até ao fim.
    Por outro lado já não há a parvoíce dos play-off.

    O resto do post está tudo bem explicado.

    Abraços.

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