
Assistia ao pré-match do jogo da consagração no Porto Canal quando o Rui Cerqueira falava da forma como este titulo estava a ser celebrado, confessando que tinha sentido em anos anteriores que havia "fadiga" de tanta celebração entre os adeptos, duma forma generalizada. Recuei ao ano de 2013 e recordo-me que, pese embora a magia indescritível do golo do Kelvin, é verdade que a celebração do titulo em si não foi de arromba, que o treinador de então nem era sequer um bem-amado, e que foi muito mais engraçado olhar para o lado e gozar com "a cabeça do lampião que continua(va) a inchar" . De certa forma isso será algo normal, haver uma certa acomodação face à fartura. Qualquer treinador serviria para dar continuidade ao trabalho da estrutura, não era? Polvos à parte, o que se seguiu provou-nos que o auto-convencimento pode ter resultados trágicos a médio/longo prazo.
Partimos para esta temporada com muitas duvidas, muita incerteza quanto à capacidade dum plantel constituído maioritariamente por jogadores que não conheciam o sabor da vitoria com as nossas cores, que pareciam terminar cada época a ter medo da própria sombra, um treinador com um currículo pobre em títulos e experiência de clubes grandes (e com um histórico de relações conflituosas em quase todos os clubes que treinou), um clube intervencionado financeiramente pela UEFA após anos de fugas para a frente, desinvestimento, plantel desequilibrado, venda das joias da coroa, etc, etc.




Para mim este título marca também (e duma vez por todas) o adeus ao minuto 92 do Kelvin. Esse momento é agora uma doce recordação do passado, um momento maravilhoso que marcou o fim dum ciclo. Os 4 anos que se seguiram foram uma amostra do amolecimento, descompressão, baixar da guarda que a arrogância pode gerar. Um banho de humildade de que, sejamos honestos, todos estávamos a necessitar. Que nunca mais julguemos ser possível conquistar títulos sem trabalho, sem competência. Que nunca mais um titulo deixe de ser celebrado com a força, comunhão, garra com que este foi celebrado.
Que o futuro esteja a ser preparado desde há meses. Que se blinde quem tem de se blindar sem entrar em loucuras. Que não se pense que poderemos alguma vez voltar às más decisões dum passado recente. Se a torneira tiver de se manter fechada, mantendo assim a viabilidade do nosso clube, que assim seja.
E pelo amor da santa, havendo algo prioritário, que isso seja manter Sérgio Conceição ao leme do nosso navio.
Agosto está aí à porta e há uma Supertaça para ganhar.
Um abraço a todos, de terras do Sul de França,
Z
P.S.: treinem os filhas das putas dos penalties!!!! PORRA!