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quinta-feira, 10 de maio de 2018

O enterro do minuto 92

Tendo nascido em 1986, não tendo como tal passado pela origem do FCPorto como hoje o conhecemos, pelas mãos do Mestre Pedroto e do Presidente Jorge Nuno Pinto da Costa, não tenho qualquer problema em considerar que este titulo foi o mais saboroso que já experienciei como adepto.

Assistia ao pré-match do jogo da consagração no Porto Canal quando o Rui Cerqueira falava da forma como este titulo estava a ser celebrado, confessando que tinha sentido em anos anteriores que havia "fadiga" de tanta celebração entre os adeptos, duma forma generalizada. Recuei ao ano de 2013 e recordo-me que, pese embora a magia indescritível do golo do Kelvin, é verdade que a celebração do titulo em si não foi de arromba, que o treinador de então nem era sequer um bem-amado, e que foi muito mais engraçado olhar para o lado e gozar com "a cabeça do lampião que continua(va) a inchar" . De certa forma isso será algo normal, haver uma certa acomodação face à fartura. Qualquer treinador serviria para dar continuidade ao trabalho da estrutura, não era? Polvos à parte, o que se seguiu provou-nos que o auto-convencimento pode ter resultados trágicos a médio/longo prazo.

Partimos para esta temporada com muitas duvidas, muita incerteza quanto à capacidade dum plantel constituído maioritariamente por jogadores que não conheciam o sabor da vitoria com as nossas cores, que pareciam terminar cada época a ter medo da própria sombra, um treinador com um currículo pobre em títulos e experiência de clubes grandes (e com um histórico de relações conflituosas em quase todos os clubes que treinou), um clube intervencionado financeiramente pela UEFA após anos de fugas para a frente, desinvestimento, plantel desequilibrado, venda das joias da coroa, etc, etc.

Fui o primeiro a torcer o nariz à escolha de Sérgio Conceição como homem do leme, antecipando nova época desastrosa, como é alias apanágio da minha doentia incapacidade cronica para ter algum optimismo. E este meu pessimismo imbecil teimou em não partir, e voltou ao de cima em força após a derrota copiosa com o Liverpool, o empate em Moreira de Cónegos e especialmente após as derrotas em Paços e Belém. É para mim importante partilha-lo: eu fui o primeiro a não acreditar e a atirar a toalha ao chão. E então este título deve ser sobretudo bem esfregado nas fuças deste idiota que vos escreve, não porque tenha duvidado (isso parece-me perfeitamente normal), mas por ter repetidamente atirado a toalha ao chão, prevendo hecatombes bíblicas a cada percalço dos nossos rapazes.

Partilho agora convosco uma pequena história, carregada de simbolismo para mim. No dia 14 de Abril à noite, estava aqui este imbecil com insónias, filho e mulher a dormir serenamente, porque na cabeça não paravam de passar imagens duma derrota ou empate comprometedores no dia seguinte na Luz. Até que ainda meio atordoado ouço a minha mulher gravidérrima dizer-me "Z, rebentaram as aguas e estou com contracções". De manhã, a família passou a ser de 4; mais um rapaz, mais um dragão no Mundo. Não é agora a parte em que vos digo que isso me encheu de esperança para o clássico na Luz, porque nada se alterou. Mas devo confessar-vos que mal tive certeza de que a bola do Herrera tinha batido na rede, se apoderou de mim a confiança que aqueles desgraçados andaram a carregar durante toda a época, de que desta vez não ia haver coisíssima nenhuma que nos impedisse de sermos felizes de novo. Vale o que vale, mas conseguem imaginar a historia que vou ter para contar ao meu mais novo quando ele me perguntar quem é aquele feioso cujo poster está no quarto do Pai, numero 16 nas costas e braçadeira de capitão?

Este título é, acima de tudo, de Sérgio Conceição, e espero que isso fique bem claro na cabeça de todos. Não estou de acordo quando se diz que ele herdou uma equipa de tostões: isso é factualmente falso. Herdou sim uma equipa despedaçada moralmente, e seguramente com menos opções validas (teoricamente) do que os rivais. Ao treinador foi pedido, não que montasse uma equipa recheada de jogadores desconhecidos vindos directamente de equipas pequenas (como em /2002/2003), mas sim que pegasse num grupo de jogadores que já levavam 3 ou 4 anos de Porto sem um único motivo de celebração, aproveitamento de jogadores emprestados com qualidade (como Ricardo e Aboubakar), e proscritos (Marega, Reyes ou Hernâni), e deles fazer um grupo com estofo de campeão. Reparem, que quando digo que a qualidade global da equipa não era tão ma como quiseram fazer parecer (basta para isso comparar posição por posição os nossos jogadores com os dos principais rivais), isso não invalida que a nível de opções não tenha sido um plantel curto. Relembro que a dada altura, tínhamos apenas dois laterais, sendo que um deles tem ainda idade de júnior, que ficamos sem Danilo uma boa parte da segunda metade do campeonato, sem Aboubakar, Soares, Marega, Ricardo, Telles, Marcano, Corona em determinadas alturas, e sempre houve soluções, sem me lembrar de haver uma queixa por parte de Sérgio. O grande mérito de Sérgio foi a injecção duma crença sem limites nos jogadores, a construção dum grupo solido, blindado, em que todos foram sempre tratados de igual forma, um grupo que soube a cada momento perceber e proteger as suas fraquezas e que potenciou ao máximo as suas forças. Um modelo de jogo que, embora não consensual (pessoalmente não é o meu preferido), foi reduzindo adversários a pó e criou um dos ataques mais concretizadores da historia do clube.  É também a Sérgio que devemos a simbiose perfeita que uniu jogadores e adeptos desde o primeiro dia, união essa personificada na roda do final de cada jogo. Sérgio trouxe a um grupo derrotado, vergado a 4 épocas a seco, uma injecção de adrenalina, confiança, estofo, liderança, que fazem dele o grande obreiro por detrás deste titulo, e fez com que pela primeira vez em muitos anos volte a haver unanimidade quanto à continuidade dum treinador no clube.

É igualmente um título dos jogadores, de todos os jogadores, da sua solidariedade, dum espírito de dragão há muito arredado das nossas bandas. Dum grupo que se fortaleceu a cada Santa Maria da Feira ou Vila das Aves, que soube ir buscar forças depois de Paços e fundamentalmente Belém; um conjunto que não esmoreceu mesmo quando estávamos atrás e tivemos de ir a Luz buscar este campeonato, mesmo que idiotas como eu o dessem como perdido. Dos heróis prováveis, como Brahimi ou Casillas, aos improváveis Marega e Herrera. Um conjunto que depois de tantas temporadas amargas, de "bateres no fundo" consecutivos, trabalhou muito mais do que qualquer outro para ser feliz. A todos eles a minha vénia. Todos.

Finalmente, é um titulo dos adeptos. Dos que conseguiram estar sempre lá e dos que tiveram de acompanhar à distância; de quem sofreu 4 anos de péssimas escolhas e falta de organização; de quem esteve lá naquelas noites frias de empates com Rios Aves, Boavistas, derrotas com Benficas, Sportings e Tondelas; de quem esteve no Jamor naquela injusta derrota na final da Taça. Para quem passou por Paulo Fonseca, Lopetegui e NES. Para quem passou por palminhas, "mucha ilusión" e um treinador sem alma. Derrotas e empates humilhantes e um Dragão despido e sem chama. Para quem sempre acreditou e para quem tombou ao primeiro murro. Para as noites mal dormidas, e as imagens repetidas até à exaustão das festas dos rivais. Desde o inicio desta época que dissemos ao que vinhamos, os adeptos: queriamos o Porto campeao. E foi assim em todo o lado: no Dragão, no Mónaco (único jogo que pude presenciar ao vivo e a cores), mas principalmente em Liverpool, em Belém e na partida para a Luz. Não um mar, mas uma muralha azul, sempre a proteger os jogadores, a levá-los em ombros até à meta.

Para mim este título marca também (e duma vez por todas) o adeus ao minuto 92 do Kelvin. Esse momento é agora uma doce recordação do passado, um momento maravilhoso que marcou o fim dum ciclo. Os 4 anos que se seguiram foram uma amostra do amolecimento, descompressão, baixar da guarda que a arrogância pode gerar. Um banho de humildade de que, sejamos honestos, todos estávamos a necessitar. Que nunca mais julguemos ser possível conquistar títulos sem trabalho, sem competência. Que nunca mais um titulo deixe de ser celebrado com a força, comunhão, garra com que este foi celebrado. 

Que o futuro esteja a ser preparado desde há meses. Que se blinde quem tem de se blindar sem entrar em loucuras. Que não se pense que poderemos alguma vez voltar às más decisões dum passado recente. Se a torneira tiver de se manter fechada, mantendo assim a viabilidade do nosso clube, que assim seja. 

E pelo amor da santa, havendo algo prioritário, que isso seja manter Sérgio Conceição ao leme do nosso navio.

Agosto está aí à porta e há uma Supertaça para ganhar.

Um abraço a todos, de terras do Sul de França,

Z



P.S.: treinem os filhas das putas dos penalties!!!! PORRA! 









segunda-feira, 12 de setembro de 2016

Espaço Z - "Apanhado"

1. Analisando a fundo todas as opções, questões de estabilidade na equipa técnica e do próprio plantel, organização interna, penso que partimos para esta temporada um pouco atrás dos nossos rivais na luta pelo título. Quer isto dizer que não podemos sonhar/acreditar no trabalho dos nossos rapazes? De todo. Significa apenas que teremos uma muito menor margem de erro; não podemos almejar a conquistar uma prova de regularidade e perder com Aroucas e Tondelas em casa, ou continuar a não conseguir ganhar um jogo ao medíocre Marítimo nos Barreiros. Temos de ser mais, correr mais, jogar mais, lutar mais. E isto tudo, sabendo que temos menos opções de qualidade do que Sporting e Benfica. E não há problema nenhum em reconhecê-lo: o primeiro passo para a glória costuma estar em conhecermos a fundo as nossas debilidades e defendermo-nos delas. Penso que haverá mais alguma qualidade em termos globais face à época passada (e o facto de não haver Suks ou Maregas a agredir a bola ajuda nesse aspecto), mas há algumas debilidades em posições fulcrais que deixam algumas preocupações - especialmente no sector mais recuado. Uma lesão ou um castigo podem trazer-nos alguns amargos de boca. Mas bom, só tivemos 5 meses para preparar esta nova época, e quem consegue fazer um bom trabalho num período tão curto de tempo, hein? Quem consegue? 

2. Muito se falou na altura sobre a escolha do novo treinador do FC Porto. Teria de ser assim e assado, com uma personalidade cozida e assada, a jogar na táctica 2-5-3 ou 7-2-1, e que falasse 3 línguas diferentes. Falou-se muito, analisou-se muito, e talvez se tivesse exagerado um pouco nas expectativas criadas. NES dificilmente seria a escolha de muitos de nós, mas talvez acabe por fazer sentido se olharmos para a nossa capacidade negocial actual (muito próximo do ridículo), para o "cemitério" em que nos tornámos nestas últimas épocas, na ausência dum plano desportivo a médio/longo prazo, talvez seja uma das opções que fazem sentido. Confesso não ser um admirador do estilo de jogo que NES promove - especialmente não sou nada admirador da sua actividade de redes sociais, regada de frases clichê, de alguém que tem de se capacitar da dimensão e responsabilidade de treinar um clube como o FC Porto - mas confio muito na seriedade do seu trabalho (e de toda a sua equipa técnica) e na capacidade de conseguir, mesmo que não deslumbrando, fazer do FC Porto uma equipa competente, personalizada, que mande na sua própria casa e que, acima de tudo, não encare nenhum adversário com receio nos olhos e nas pernas. Como sempre acontece, NES terá a minha total confiança para a época em curso, e espero que a massa associativa lhe consiga dar a tranquilidade necessária para que desenvolva o seu trabalho em paz. Talvez seja altura de pararmos de dar contribuições tão generosas para continuar a "enterrar" treinadores dentro das nossas portas.


3. Otávio, André Silva, João Teixeira, Óliver, Corona, Ruben Neves... Nestes nomes (quiçá noutros que não referi) reside o futuro a curto/médio prazo da nossa equipa de futebol. Sem estatísticas nas quais me possa basear, não tenho dúvidas de que a bola rola de outra forma quando temos estes jogadores em campo. E se a bola rola doutra forma, as probabilidades de ganhar jogos serão maiores. Nem só de correr muito, morder a língua e bater muito no peito se faz um jogador "à Porto"; nem só de talento se faz um jogador "à Porto"; terá de haver uma equipa equilibrada, de jogadores comprometidos com a vitória, e que tenham inteligência em campo. Um meio-campo com Danilo, Herrera e André André deixa-nos dependentes de fogachos individuais de algum dos 3 da frente. Espero que NES tenha conseguido perceber isso. Os melhores jogadores têm de jogar. Independentemente de apelido, nacionalidade ou idade. 

4. Por vários motivos, sinto-me mergulhado no final da década de 90, ou no final da primeira década deste milénio. E denoto laivos de Benfica e Sporting dentro do meu clube. Má gestão, negócios ruinosos, guerrilha interna. Discursos vazios, dirigentes escondidos, caos organizativo. Dá a sensação de que tudo é planeado em cima do joelho, quase nunca com os nossos melhores interesses no horizonte. Lembro-me dum tempo em que, com quase toda a estrutura directiva que hoje nos lidera, seguíamos com um avanço de 3 temporadas jogadores com potencial. Que os jogadores se "matavam" para vir cá parar (mesmo que não oferecêssemos ordenados superiores aos dos rivais). Neste momento temos o líder máximo do clube a aparecer a terreiro apenas depois de vitórias, com um discurso oco, com promessas que não se cumprem, cada vez mais afastado dos sócios e adeptos, esquecendo decerto que somos nós o combustível desta grandiosa instituição. E que se não temos memória curta, e nunca esqueceremos quem nos deu tudo o que podíamos querer, faremos cair com igual estrondo quem nos tratar como mentecaptos, meros clientes duma empresa privada. E convém que não haja medo de dizer e pensar tudo isto, mesmo sabendo do alcance das garras da Guarda Pretoriana que protege a cúpula do clube e da SAD. Passo bem sem a minha roseta de 25 anos de associado (que já cá devia cantar há cerca de 4 anos), mas que ninguém pense sequer em tentar fazer sombra ao meu clube. Ninguém! Estou convicto de que, de agora em diante, será no sentido da tribuna e não no sentido do relvado que seguirá a contestação se (Deus nos livre!) algo correr mal.

5. Não tenham dúvidas: a nomeação do árbitro e a respectiva actuação no jogo em Alvalade foram a prova mais do que óbvia de onde se situa o "centro de decisão" neste momento. Retirando o jogo de Campo Maior, um outro em Alvalade em 02/03 e o de Barcelos na primeira época de VP, não me consigo recordar dum escândalo tão claro e nojento como o do jogo de Alvalade. Um resultado de 0-1, em que o FC Porto tem o controlo dos acontecimentos, praticamente sem ser incomodado, é transformado num 2-1, com dois golos feridos de ilegalidade (nem sei escolher qual deles o pior). Obviamente que uma equipa ainda em fase de crescimento, com tudo o que penou na época passada, a jogar fora de casa, ainda por cima contra um rival forte como o Sporting, teria uma tarefa muito complicada para tentar inverter o rumo dos acontecimentos. Expulsões perdoadas, mãos na bola, foras de jogo mal assinalados... E ainda há por aí quem consiga criticar a equipa? Quem critique a cor da camisola nesse jogo? Tenham juízo! Há jogos com erros arbitrais, e há jogos como o de Alvalade: "Calabotadas" do séc. XXI. E neste ponto, não hesito em afirmar: quem tenha visto um Porto amorfo e incapaz, depois das incidências vergonhosas do jogo de Alvalade (especialmente na 1ª parte), pode arrumar o cartão de sócio e ir apoiar o FC "Caralho Que o Foda". Foi assim, irritado, que me deixou o jogo de Alvalade. Deal with it!


6. Falhei em larga escala na fase final da época passada, no que diz respeito ao Andebol. Por falta de tempo, demorei bastante a conseguir ver os jogos todos das meias-finais contra o Benfica, e acabei por deixar arrastar o assunto, assim como a nossa equipa de andebol terminou a época: a arrastar-se. Li em diversos locais da bluegosfera que perdemos devido às arbitragens; eu estou em completo desacordo. Ricardo Costa não teve unhas para o potencial que tinha em mãos na época passada (estaremos cá para ver se as unhas entretanto cresceram), e brincou um bocado com a sorte depois da paragem de Janeiro. Uma equipa que despontou em anos anteriores pela agressividade na defesa, velocidade na transição, e condição física global, acabou a temporada de rastos, numa fase em que teve muito menos jogos do que o rival das meias finais. Mas para além da questão física, foi confrangedor ver o banho táctico que Mariano Ortega deu a Costa nas meias finais. Conseguiu colocar o jogo do Porto onde sempre quis (nos nossos piores jogadores em termos de tomada de decisão), em Gustavo e Cuni, forçando-os a cometer inúmeros erros; e foi aproveitando as ofertas, mais a supremacia física e anímica. Uma equipa limitadíssima conseguiu dar um festival táctico ao plantel mais forte da época transacta, e possivelmente o mais forte dos últimos 8/9 anos. Vou mais longe: até o jogo que o Benfica perdeu no Dragão Caixa, foi por clara decisão de Ortega, que decidiu rodar a equipa já a pensar na meia-final da Taça Challenge na Rússia, e com a possibilidade de resolver o playoff com o FC Porto já na Luz. Assim aconteceu. Ricardo Costa mostrou que não só não teve unhas para o Ferrari que lhe caiu no colo (literalmente no colo dum treinador com 1 ano de experiência na 1ª divisão), como é um treinador pouco inteligente. Querer uma ruptura total com os princípios de jogo que nos deram, pelo menos, 6 títulos, principalmente depois de um upgrade como a que a nossa equipa teve (com as entradas de Areia e de Rui Silva, principalmente) revela teimosia, falta de qualidade como treinador ou, mais assustador ainda, ambas. 

7. Para esta temporada, o FC Porto parte no grupo da frente, como sempre acontece, mas com uma baixa importantíssima: Gilberto Duarte. E sem Gilberto, qualquer equipa fica mais fraca. Convençamo-nos duma coisa: ver um talento como Gilberto a jogar com as nossas cores foi algo que poderá não se repetir tão cedo (só porque acho difícil que Miguel Martins se segure por cá muito mais tempo). Este tipo de jogador é insubstituível, e vai levar algum tempo a que a equipa se readapte a jogar sem Gilberto. Dos reforços, tirando Carrillo, tudo me parece muito medíocre para ser verdade. Contudo, hey, alguém tem de continuar a pagar as comissões ao Prof. Magalhães! E o que está a dar é ir buscar jogadores com ombros destruídos à Croácia, brasileiros de qualidade muito duvidosa, ou fazer acordos com a Federação de Cabo Verde (a nova Cuba do FC Porto), trazer para cá um saco de jogadores a troco de uns cobres, e enviá-los para a 2ª divisão para ganhar rodagem. É, eu sei muitas coisas. E hoje apeteceu-me debitar isto tudo. No andebol as coisas funcionam assim, por cunhas e jogos de bastidores. Se alguém tiver interesse em saber o rumo dos treinadores que "gravitam" em torno do FC Porto, FC Porto B e clubes "irmãos" (ISMAI, Colégio dos Carvalhos, FC Gaia... por aí fora), decerto terá surpresas desagradáveis. 

8. Tenho estado afastado desta (um bocadinho minha) "casa", mas sempre em cima do acontecimento. Continuo a não perder uma crónica do Jorge, do Miguel, do Silva, do Vila Pouca, do Bertochini, e do TdD. Continuo a gostar de ler opiniões diferentes, mas que transbordam portismo por todos os poros. Precisamos todos desse sentimento: é disso que é feito o clube. Dos associados. Dos adeptos. De quem respira FC Porto. Daqui a umas horas o Mundo terá um novo Portista. Meu filho, mas filho do Porto. Do FC Porto. Conto convosco, bloggers e leitores, para me ajudarem a trazê-lo para a família portista e fazê-lo perceber que também ele é "o" FC Porto. 


Um abraço,

Z.

segunda-feira, 28 de março de 2016

Andebol - 1/2 Final Playoff - 1ª Mão - FC Porto 31 vs 32 Benfica (após 1 prolongamento)

Começámos da pior das formas esta 1/2 Final do Playoff do Campeonato Nacional de Andebol, com uma amarga mas justa derrota frente ao Benfica, em pleno Dragão Caixa. Uma derrota vem sempre numa péssima altura, mas ganha um peso especial por ser a primeira da temporada (para o Campeonato), por ser em casa, e por ser... contra o Benfica - pode não ser o rival mais complicado (ABC e Sporting são, a meu ver, equipas mais complicadas), mas é sempre o nosso maior rival, seja em que modalidade for.

Como costumo acompanhar os diversos jogos de andebol, confesso que não fiquei surpreendido com os problemas que sentimos, ainda que pensasse que seríamos capazes de vencer o jogo. Para quem viu os jogos da Fase Regular, ficou com a clara ideia de que há um degrau de qualidade entre FC Porto e Benfica, facto confirmado com a segurança das duas vitórias obtidas. Só que este FC Porto está um bocado afastado daquela máquina trituradora da Fase Regular, e o Benfica melhorou um bocado, especialmente agora que tem todos os jogadores a 100%.

No geral, foi um jogo de andebol interessante, pautado por muito equilíbrio, um bocado à imagem do que tem sido estas 1/2 Finais, nos jogos entre ABC e Sporting. Houve nervos, houve emoção, bons momentos de andebol, e no final aceita-se que a vitória tenha caído para o lado lisboeta - como se aceitaria uma vitória nossa. O andebol tem destas coisas... Jogos equilibrados, tanto podem terminar com margens curtíssimas, como com margens um pouco superiores. Tudo se baseia em pormenores, e no timing em que ocorrem. Um pouco à semelhança do último FC Porto - Benfica em basket, que quase me provocou um enfarte.

Vamos aos altos e baixos deste jogo:

POSITIVO:
- Atitude Competitiva: de novo, reforço esta questão. A equipa perdeu, o que foi péssimo, mas a forma como combateu bravamente para disputar o jogo deve ser realçado. Sendo certo que não há vitórias morais, é sempre bom perceber que não é por falta de combatividade que os nossos rapazes não chegam lá.

- Acredito que possam não concordar, mas tenho de destacar uma boa exibição de Laurentino. Defendeu o que pôde, e foi dos principais responsáveis por termos chegado ao intervalo apenas a dois golos do Benfica. Precisa de ser mais ajudado pela defesa organizada...



- Gilberto Duarte, continua a carregar a equipa ás costas, e ressentimo-nos muito com o seu estouro físico (falarei disso mais abaixo). Pena que o seu último remate não nos tenha possibilitado, pelo menos, chegar aos últimos 15 segundos do prolongamento em vantagem no marcador. Destaco também a qualidade de Miguel Martins, Rui Silva e de António Areia, três dos principais responsáveis pelo ponto negativo que dedico a Ricardo Costa mais abaixo.








NEGATIVO:



- Ficou bem patente que a nossa incapacidade defensiva é já bem conhecida dos nossos adversários, que exploram até à exaustão a falta de velocidade de Daymaro ou de Alexis (quando defendem), e as fragilidades de Cuni, Gustavo, Rui Silva ou Nuno Gonçalves, quando se posicionam como segundos defensores. Se o central contrário for rápido, forte no 1x1, temos meio caminho andado para que se abram buracos logo no centro da defesa. Geralmente, o objectivo dos adversários passa por abrir bem o jogo, deixando Alexis ou Daymaro com muito espaço para defender um jogador mais rápido do que eles. Obviamente que se o central atacar o homem, será muito semelhante a chocar contra uma parede com 5 metros de espessura. Mas se o atacante explorar o espaço, obrigando um dos nossos a sair do local (quase sempre fora de tempo), isso vai obrigar o outro defensor central ou um dos segundos a ajudar, abrindo brechas para finalizações dos 9 metros sem grande oposição. Se do outro lado tivermos Borragan, Wellinton ou Elledy Semedo, é certo que vamos sofrer muitos golos.

- O apagão na posição de lateral direito tem sido nefasto para o nosso jogo. Sem lateral direito à altura, ficamos muito dependentes de Gilberto, e de Rui Silva ou Miguel Martins. Sei que Gustavo Rodrigues tem jogado em claras limitações físicas, mas Cuni tem estado absolutamente desastroso. A quantidade de erros na leitura das jogadas, e de bolas que perde é a-ssus-ta-do-ra! E que tal apostar em Areia como lateral direito?

- Fisicamente, preocupa-me que tenhamos chegado ao prolongamento de rastos. Se havia coisa que nunca falhava com Obradovic era a questão física. Éramos capazes de chegar ao final da temporada, com jogadores a aguentar fazer 60, 70, ou 80 minutos sempre em alta rotação; era isso que nos distinguia dos rivais, e era sempre nos últimos 15 minutos que conseguíamos resolver jogos equilibrados. Preocupa-me ver Gilberto a chegar rebentado aos 40 minutos de jogo...

- Ricardo Costa leva um carregado cartão vermelho neste jogo. Continuo sem compreender o porquê de Rui Silva, Miguel Martins e António Areia serem retirados e recolocados em campo com tamanha frequência, quando constituem, a par de Gilberto, Quintana e Alexis, o conjunto mais talentoso do nosso plantel. Comparem o rendimento da equipa quando temos pelo menos 4 ou 5 destes 6 jogadores em campo (agora, não podemos contar com Quintana), com as alturas em que temos Nunos Gonçalves, Moreiras e Nunos Roques, e decerto encontrarão diferenças. Chegou a altura realmente a doer, e nesta altura devem jogar os melhores. Não consigo compreender que Miguel Martins tenha tão pouco tempo de jogo, por exemplo. Ou que Areia tenha que jogar apenas uma parte, para Moreira jogar a 2ª. Pretende-se provar o quê? Que temos mais jogadores? Isso já sabemos... Agora, precisamos dos melhores.


A única boa notícia que daqui poderemos retirar, é que ainda temos (pelo menos) mais 3 jogos para conseguir reverter a elimnatória a nosso favor, e que se for necessário ir ao 5º jogo, este será em nossa casa. Mas temos de ir a Lisboa ganhar um dos jogos... e convinha mesmo ser já o próximo. Porque se não for, ficamos numa posição extremamente delicada.

Já agora, no próximo dia 2 de Abril, depois do jogo para a 2ª mão da 1/2 final na Luz, teremos novo encontro contra o Benfica, desta feita em Leiria, para a Final Four da Taça de Portugal. O outro jogo oporá o Sporting CP ao Madeira SAD.

Um abraço,

Z

terça-feira, 1 de março de 2016

Espaço Z: 1/4 Final Playoff FC Porto vs Avanca (2-0)

Missão cumprida! Primeira eliminatória resolvida, de forma relativamente fácil, sem ter de forçar muito, e podendo dar minutos de jogo a praticamente todos os jogadores (inclusive Rui Ferreira, elemento dos juniores e equipa B portista). Vou, pela primeira vez desde que escrevo sobre andebol, avaliar os dois jogos, sublinhando os aspectos que me pareceram destacar-se pela positiva ou pela negativa.
POSITIVO:

- Atitude Competitiva: apesar da diferença entre ambas as equipas, foi bom ver garra e determinação de parte a parte. Sabemos que defrontar a nossa invicta equipa é sempre uma motivação extra - principalmente quando do outro lado há 7 jogadores que já representaram as nossas cores -. mas poderia haver algum facilitismo do lado dos nossos rapazes. Acho que ficou evidente, principalmente no primeiro jogo (depois da miserável arbitragem da primeira parte, da qual falarei abaixo), que a malta não se cansou de conquistar campeonatos, e que aquele espírito de conquista se mantém inalterado. Só isso, é meio caminho andado para se vencer, jogo a jogo, mais um campeonato.

- Profundidade do Plantel - Sai Moreira, entra Areia. Sai Rui Silva, entra Miguel Martins. Sai Hugo Santos, entra Pitre. Sai Cuni, entra Gustavo. Num desporto jogado em constante vertigem, com muito contacto físico e muitas transições, é fundamental ter várias opções no banco para ir mantendo toda a gente fresca. O FC Porto é das poucas equipas em Portugal que se pode dar ao luxo de fazer duas equipas diferentes sem que se perca muita qualidade - excepto na posição do melhor jogador português, Gilberto Duarte (que felizmente parece feito de betão).

- Organização Ofensiva - Seria o aspecto menos positivo do jogo de Obradovic, e por vezes era relativamente fácil anular o nosso ataque organizado. Entra Ricardo Costa e tudo isso muda. A forma como a equipa consegue agora ultrapassar os diferentes sistemas defensivos é uma maravilha para quem gosta de andebol, principalmente pela simplicidade com que tudo se faz. Se virem com cuidado, os jogadores não fazem nada de muito especial, não precisam de fazer acrobacias (excepto nas ocasionais jogadas aéreas), mas conseguem quase sempre criar situações de 3x2, em todas as zonas ofensivas, inclusive quanto estamos com menos um jogador. Isto requer muito trabalho, a nível de movimentações, mas sobretudo a nível de tomada de decisão. E é aqui que fazemos a diferença, principalmente nos jogadores centrais: a percentagem de boas decisões de Rui Silva e Miguel Martins é assustadora. Depois, as características de remate dos laterais, e de finalização dos pontas (com Areia e Hugo Santos bem lá no topo), tornam este ataque demolidor. Para além de tudo isto, ajuda muito ter um jogador pivot com a capacidade física e de recepção de Alexis - que me tem deixado boquiaberto com a sua progressão. 

- As Inferioridades Numéricas - Na 1ª parte, em 6 minutos de inferioridade numérica (não foram 6 minutos seguidos), conseguimos um parcial de 6-1 a nosso favor, sendo que numa das fases em que estivemos com menos 1 jogador, conseguimos marcar por 2 vezes de contra-ataque (Daymaro, em dois roubos de bola), e passar definitivamente para a frente do marcador. No andebol, costumamos dizer que um período de inferioridade numérica terminar 0-0, é óptimo. Estando 2 minutos com menos 1 jogador, devemos tentar prolongar ao máximo o tempo de ataque, rematar só pela certa, para passarmos o menor tempo possível a defender. Tudo bem que o adversário não era o mais forte, mas já não é de agora que o FCPorto tem esta capacidade de sair por cima destes períodos mais complicados. No andebol acontecem com frequência e, nos tempos que correm, qualquer vantagem que deles pudermos obter será dourada.


NEGATIVO:

- A lesão de Quintana - Penso que ficámos bastante limitados com a lesão do nosso guarda-redes em forma de muro. Laurentino é muito bom, tem muitos anos de casa e adora jogar sob pressão. Contudo, desde a lesão ocular do ano passado, parece-me ter algumas dificuldades, especialmente no remate exterior. Estando num dia menos bom, não temos substituto à altura no banco. Perder o nosso melhor guarda-redes, nesta fase da competição, foi péssimo. Esperemos que apareça o melhor Laurentino nesta altura.

- A defesa 6x0 - tinha dito que para anular o Avanca, seria necessário ter muita atenção ao remate exterior. Pois... Só na primeira partida, o lateral-esquerdo cubano concretizou 11 golos. Ora bem, não adianta só ter dois muros de braços levantados a tapar a baliza, só porque a este nível já há rapazes que saltam muito, saltam bem e rematam com alguma força. É necessário sair um pouco da linha de 6 metros, colocar pressão, tocar no braço de remate, tentar desequilibrar o rematador. Não podemos ficar passivos nos 6 metros, à espera que a bola fique no bloco. Principalmente, quando o guarda-redes não estiver a conseguir parar as bolas de longe. A rever, porque vem aí uma equipa com bom poder de fogo.

- Arbitragem - aos 45 segundos, Alexis já tinha um cartão amarelo e já levava a 1ª exclusão. Aos 20 minutos, Alexis e Gilberto já tinham duas exclusões cada um (a 3ª, dá vermelho). Alexis rematou constantemente com 3 jogadores pendurados: Do outro lado, não se podia sequer soprar para as orelhas de Victor Alvarez. Trinca e Monteiro, uma das duplas mais tenebrosas do andebol português. Percebem pouco de andebol, mas sabem muito bem como "controlar" um jogo. Durante a primeira parte, foram os principais responsáveis por nunca termos conseguido disparar no marcador. Se isto foi assim contra o Avanca, que poucas hipóteses teria de passar a eliminatória, conseguem imaginar o que aí vem, na eliminatória contra o Benfica?


Em relação à meia final contra o Benfica, tenho de corrigir uma informação que passei erradamente: será disputada à melhor de 5 jogos, contrariamente ao que se passou em anos anteriores, e ao que vos tinha dito anteriormente.

Assim, teremos:

1º jogo - FC Porto vs Benfica - 19/03
2º jogo . Benfica vs Porto - 26/03
3º jogo - FC Porto vs Benfica - 16/04
4º jogo - Benfica vs FC Porto - 23/04
5º jogo - FC Porto vs Benfica - 30/04

É fundamental ganhar os dois jogos em casa, porque como já se viu, tudo será feito para não repetirmos a vitória no campeonato. Não espero as mesmas facilidades dos jogos da primeira fase, mas sinto que temos uma equipa perfeitamente ao alcance das águias. Espero que aquele Dragãozinho esteja a explodir nos jogos em nossa casa, porque é essa a nossa maior força.



Um abraço,

Z

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

Espaço Z: Exigência e Inteligência

Há já algum tempo que um pós-jogo não me deixava tão furioso como o de ontem. Fui lendo o que se escreveu por aí, as reacções "a quente" da bluegosfera e das redes sociais, e senti-me um bocado perdido numa qualquer dimensão a largas milhas daquela em que, conscientemente, penso que todos nos encontramos. Acho que anda tudo a delirar. Anda por aí muita gente enganada e, pior, não sabe que anda.

1- O mês de Janeiro foi dos meses mais negros na história azul-e-branca, desde que me recordo de ver futebol. Terá havido situações piores, acredito, mas talvez a fase final de Lopetegui tenha apenas comparação com o (felizmente) curto reinado de Octávio Machado. Todos nos divorciámos uns dos outros - jogadores entre si e do treinador, o treinador da direcção, a direcção do treinador, e os adeptos de quase tudo o que respira. A equipa caiu como um castelo de cartas, e a já frágil posição de Lopetegui abanou como se um terramoto o tivesse atingido. Pediu-se a cabeça do treinador, até não mais ser sustentável que continuasse. Uma série negra de resultados, equívocos, má gestão, azelhice, teimosia e, acima de tudo, de exibições miseráveis, fez com que a saída do basco fosse apenas uma questão de tempo, não porque fosse produzir qualquer milagre, mas porque deixou de haver um mínimo de condições para que continuasse. Uma solução mais forçada do que planeada. Um desgaste absoluto entre um indivíduo, jogadores e adeptos. Um fatalismo que se adivinhava.

2- Quem anda nisto há algum tempo, e tem a capacidade de ver tudo sem extremismos, fantasias pueris, soube que nesse momento se estava a dar uma machadada na presente época. As trocas de treinador raramente produzem resultados imediatos, e especialmente neste caso, tentar mudar o "chip" de jogadores que foram sendo formatados ao longo de um ano e meio para jogar sempre da mesma forma, num futebol previsível e mastigado, de pouco risco, era tarefa quase impossível. Nenhum treinador consegue fazer uma transição profunda com a época a meio. Nenhum! Especialmente num campeonato em que cada vez mais uma derrota pode significar um atraso irrecuperável, visto que os 3 principais candidatos raramente perdem pontos. Era, como tal, necessário escolher alguém que conseguisse minimamente juntar os cacos, limpar alguns corpos estranhos do balneário e, acima de tudo, reorganizar a equipa. Também era fixe que fosse conseguindo fazê-lo, ganhando. E se possível com jogos a cada 3 dias, portanto, com pouco espaço para treinar. Há ainda quem acredite que ser treinador é como no Football Manager: carrega-se nuns botões, faz-se a táctica, escolhe-se jogadores e coloca-se o Aliados do Lordelo a lutar pelo título de Campeão Europeu com o Barcelona. Se calhar, mas só se calhar, o treino é uma parte fundamental do sucesso duma equipa. Dos meiinhos às peladinhas, passando pelos exercícios complexos com cones de todas as cores, é aí que se corrige e trabalha os posicionamentos, movimentações, bolas paradas, etç. Lamento desapontar-vos, mas o sucesso dá trabalho. Do departamento de scouting aos fisioterapeutas. Do treinador aos preparadores. Do Chidozie ao Casillas. E não é em cima do joelho, sob intensa pressão, que se transforma merda em ouro. Não é mesmo. É preciso trabalho de base, treino, paciência, luta, tempo. Tempo. Tê-lo-emos? Trabalho de base... Pois...

3- A maior falácia vendida esta época pela CS, foi a de que o nosso plantel é o "mais-melhor-fabuloso-invencivel do últimos 10 anos". Não, dos últimos 30 anos! E, como sempre acontece, lá houve portistas a emprenhar pelos ouvidos, gente que ainda não percebeu que é sempre necessário desconfiar mil vezes dos elogios da imprensa. Queria fazer uma comparação posição a posição, mas não tenho tempo nem energia para tal. Peco-vos que recordem as temporadas do mais recente tricampeonato e me digam um, um só (!!) jogador titular que não tivesse lugar de caras nesta equipa. O sucesso dá trabalho, dizia em cima. Mas também é preciso talento. Se possível, bastante talento. Surpreende-me, como tal, que haja quem diga que "não temos Danilo, Alex Sandro, Jackson, Oliver mas foram bem substituídos!". Comoooo?? Onde? Onde, caralho?? Maxi mais lutador do que Danilo? Talvez. André André mais portista do que Oliver, sem dúvida! Layun mais líder e menos soneca do que Alex? De acordo. Aboubakar mais... Nada do que Jackson? Também. Melhores? Muito melhor servidos? Mas estamos a brincar gente? Temos um plantel desequilibrado, com demasiados jogadores banais, demasiados jogadores apenas e só esforçados, lutadores, mas pouco mais. E os poucos verdadeiramente talentosos, não chegam para as encomendas. Pego em Danilo para exemplificar: tem sido um motor da equipa, mas já ouvi por aí que até faz esquecer o Fernando... Fará? Já viram a quantidade de golos que temos sofrido porque o rapaz recupera a passo? A quantidade de vezes que a nossa defesa fica exposta porque o corredor central não tem um único jogador a fazer transição defensiva? E não é de agora, é desde o início da época. Pode melhorar, decerto vai melhorar, mas ainda é um miúdo com potencial é muito para aprender. André André, um puto esforçado, de sangue na guelra, portista até aos dentes mas... Quantas vezes recebe e roda directamente para a baliza, como um bom médio deve fazer? Quantas bolas complicadas consegue colar no pé? A Malta gosta de comparações, mas esquecem-se muito duma coisa: para cada João Pinto, tínhamos um Madjer e um Futre; para cada Nuno Valente ou Ricardo Costa, tínhamos um Deco ou Alenichev; para um Jorge Costa, tínhamos um Ricardo Carvalho. Não nos deixemos enganar. Temos um plantel voluntarioso, solidário, mas muito, muito mediano. Melhor plantel porque gastamos muito dinheiro? Porque fomos "gastar 20M" em Imbula? Tenham juízo ...

4- A decisão de despedir Lopetegui não foi planeada. Erro colossal da SAD, que nos podia ter custado já o campeonato em Guimarães, ou a Taça no bessa. Brincou-se com o fogo, andou-se ali a enrolar porque, espantem-se, conseguir trazer para uma cadeira a arder um treinador em condições é muito difícil. Estou certo de que houve verdade em algumas das sondagens que foram sendo feitas, mas acredito que o timing tenha sido um obstáculo demasiado pesado para se avançar. Falou-se muito de Marco Silva, Leonardo Jardim, e até do regresso do traidorzeco AVB. A surpresa foi geral (incluo-me neste "pacote") com a opção por Peseiro. Não vou estar aqui a analisar o treinador a fundo, mas não me parece que seja uma opção excelente, nem uma opção tresloucada. Terá defeitos e qualidades mas, acredito, seria a opção mais viável para abraçar o colossal desafio de nos tentar fazer chegar a bom porto ainda esta época. E só pela coragem de entrar assim numa casa a arder por todos os lados, merece o meu respeito. Mais importante do que tudo, ao entrar em Janeiro, no ponto escandalosamente baixo que atingimos nessa altura, seria impossível assacar quaisquer responsabilidades a José Peseiro pelo que restasse da época, coisa que durou até ontem - segundo percebi.

5- Quando todos caímos na realidade, e percebemos que qualquer colosso como o Dynamo Kyev conseguia vir dar um banho de bola ao Dragão com a maior das facilidades, ficou claro que a época europeia não. Semanas mais tarde, consumada a eliminação dessa competição, fomos colocados perante uma das mais difíceis (senão a mais dificil) equipas da Liga Europa. O poderoso Dortmund, renascido pelas mãos de Tuchel, 2º classificado dum campeonato eternamente liderado pelo super-Bayern, com o melhor ataque da competição. Uma equipa renascida das cinzas, com qualidade a rodos em praticamente todos os sectores. Campeões mundiais, campeões alemães, jovens a transpirar potencial e, acima de tudo, uma base humana e táctica que se mantém há seguramente 5/6 anos. Alguma semelhança com o FC Porto? Só por piada se pode pensar que sim. Poupem-me! Alguém pensou ser possível, no decorrer da hecatombe de Janeiro, virmos a melhorar tanto no espaço de mês e meio, para que fôssemos capazes de eliminar o Dortmund. A duas mãos? Jogando o primeiro jogo fora? Ainda por cima carregados de ausências e limitações? Eu gosto muito de acreditar em vitórias épicas, e acho que a vitória na Luz já teve contornos assim. Mas o Benfica não é o Dortmund. Campeonato não é eliminatória. Jogar sem um jogador, não é o mesmo que jogar sem vários. Ter toda a gente em forma, não é o mesmo que ter meia equipa de gatas. Não são desculpas; são factos. Estão ali, bem à vista de todos. Queriam o quê, meus caros? Que fôssemos de peito feito à Alemanha apanhar 4 na pá? Acham que íamos ter mais oportunidades de golo assim? Não consideram que teria sido bem diferente se tivéssemos jogado primeiro em casa? Queriam que esta equipa, com cacos colados com cuspo, conseguisse fazer dois jogos épicos contra uma equipa fortíssima?

6- Não me senti defraudado nem envergonhado pelo Porto desta eliminatória em Dortmund. Envergonhado, senti-me depois de Famalicão e de Santa Maria da Feira. Envergonhado senti-me na Luz o ano passado, ou em Alvalade este ano. Porque aí, para além de ver zero futebol, vi zero de atitude. Mas nestes dois jogos? Nada disso. Como muitos de vocês, odeio perder, odeio ter de me conformar com a superioridade do adversário. Mas por vezes precisamos de analisar bem os factos antes de recorrermos a conclusões idiotas, possivelmente as conclusões que mais tenho visto por esse mundo cibernético fora desde ontem. Acho muito bom sermos exigentes; gostava que essa exigência fosse bem medida. Não posso exigir mais a um treinador que chegou com um barco a afundar e que, neste momento, ainda o consegue manter à tona. Não consigo ficar chateado com uma equipa que, sabendo das suas limitações, e apesar da mediocridade de algumas unidades, chegou ao final do jogo completamente rebentada.

7- O argumento de "sentir-mo-nos defraudados por Peseiro disse uma coisa e depois fez outra", é absolutamente espectacular. Podia o homem ter dito "Vá, hoje vou colocar a jogar outros jogadores, porque tenho metade da equipa a soro desde Domingo, e no próximo Domingo dava-me jeito ganhar ao Belenenses. Partimos com uma desvantagem espectacular de 2-0 contra esta equipa fabulosa, mas como acho que não conseguimos dar a volta, vou poupar jogadores. Nem precisam de comparecer no Estádio; eu sei como vocês gostam de ir lá só mesmo se houver ópera e vitórias por 5-0, por isso nem se deem ao trabalho. Fiquem em casa quentinhos a ver o Big Picture, mas acendam uma velinha por nós, tá bem? Obrigado e Deus nos ajude!" ? Poder, podia. Mas se calhar ia ser um bocado complicado. Foi um discurso de clichês? Foi sim senhor, igual ao de 99% dos intervenientes no futebol. Se poupou André André e Herrera, Brahimi e Corona para que possam estar a 100 % para foder o Belenenses, óptimo! Ele não precisava de me dizer ao que ia: eu vejo todos os jogos do Porto, e percebi perfeitamente. Notas negativas a um treinador que está nesta posição? Críticas a quem menos culpa tem do momento que vivemos? Mas estamos a brincar? Um gajo que consegue fazer o que dois imbecis não conseguiram durante dois anos (ganhar na Luz e conseguir reviravoltas a perder por 0-2), com um plantel remendado e vindo directamente do esgoto, e é esta a paga. E os jogadores? Ontem, lutaram que se fartaram, correram até as pernas falharem. Se não fizeram mais, foi porque tiveram do outro lado uma equipa muito melhor. Uma equipa que, para chegar onde está, passou pelo Inferno, preparou as bases, e tem estado continuamente no Top da Europa. Muitos de nós parecem ter esquecido que foi com esse trabalho de base, com essa luta, com essa paciência e perseverança que conseguimos tudo o que conseguimos.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Espaço Z: Final da 1ª Fase e Taça de Portugal de Andebol


Depois da brilhante vitória sobre o Benfica na Luz, e de praticamente assegurado o 1º lugar da fase regular do Campeonato Nacional de Andebol, pouco mais restava à equipa de andebol do FC Porto do que tentar ir quebrando o próprio recorde de vitórias consecutivas (agora nuns incríveis 23 jogos, se contarmos o último jogo do playoff do ano transacto). Foi também a altura ideal para readquirir ritmo competitivo, depois da nefasta paragem de 1 mês na altura do Natal, aumentar cargas de treino, dar tempo de jogo a todos os jogadores; em suma fazer de todos estes desinteressantes últimos jogos (incluindo o jogo da Taça com o Camões) uma alargada e intensa preparação para a fase de todas as decisões, onde não há espaço para qualquer falha. Não me espantou portanto que a equipa tenha falhado mais do que o habitual, que tenha havido alguns jogos mais simples que se complicaram em certas alturas. Notou-se que nem sempre conseguimos fazer a nossa letal transição ofensiva, e que houve mais erros do que o habitual na tomada de decisão. Tudo normal nesta fase, já sem grande exigência competitiva; tudo normal numa fase de cargas físicas intensas; tudo normal numa equipa que adora jogar sob pressão. Uma 1ª Fase perfeita, que não iniciou da melhor forma em termos exibicionais, mas que entre o final de Outubro e a paragem de Dezembro conheceu momentos de brilhantismo, sobretudo nas recepções a Sporting e Benfica. 


Segue-se o decisivo Playoff.

O modelo de playoff, uma ridícula tentativa perpetrada por Sporting e Benfica para tentar equilibrar os pratos da balança para os seus lados, esmagados pela brutal hegemonia portista neste capítulo. é desonesto em termos competitivos, injusto, mas... é o modelo que temos. Por isso, espero um FC Porto esmagador, forte a defender e agressivo nas transições. Um FC Porto dominador, guerreiro e sedento de mais uma conquista.

O primeiro jogo coloca-nos frente a frente com a jovem equipa do Avanca, 8º classificado da Fase Regular. Uma equipa jovem, algo inexperiente e que luta para "outro campeonato". As diferenças entre ambas as equipas são evidentes, em todos os níveis.  Reforçado com dois internacionais cubanos em Janeiro - Joan Blanco e Pedro Valdes -,  reside na forte capacidade de remate exterior e de agressividade defensiva de ambos um dos perigos do nosso adversário. O outro grande perigo do Avanca vem sob a forma duma versão menos ágil mas igualmente forte do nosso Alexis Hernandez - Victor Alvarez. Curiosamente, o Avanca esteve entre o rol de adversários que o FC Porto defrontou após a paragem do Natal. Saiba o FC Porto colocar em jogo uma defesa agressiva, impedindo o remate exterior dos estarrejenses, e impedir a comunicação com Victor Alvarez, aproveitando para lançar os seus venenosos contra-ataques e ataques rápidos, e penso que não terá grandes problemas em ultrapassar este primeiro obstáculo.

Entretanto, já houve sorteio para os 1/4's de final da Taça de Portugal, que nos irá colocar frente a frente com a grande surpresa da prova, o Boa Hora, equipa lisboeta que eliminou o Águas Santas na eliminatória anterior, e que lidera a Fase Sul da 2ª divisão com algum destaque (7 pontos de avanço) e sem qualquer derrota. Será um jogo para encarar com máxima seriedade, mas que sendo em casa terá de cair para o nosso lado. Face ao calendário dos 1/4, tudo aponta para uma Final Four com FC Porto, Benfica, Sporting e Madeira SAD. Espero, honestamente, que seja desta que conseguimos reconquistar a Taça de Portugal.

P.S.: já referi isto uma vez, e voltarei a referi-lo as vezes que for necessário: tirando os comentários do Prof. Luís Graça, é confrangedor ouvir os jogos de andebol transmitidos pelo Porto Canal, Desconhecedores do jogo, das regras, das tácticas, das mecânicas, seria bom repensar na substituição de toda a equipa que comenta os jogos de andebol. Envergonha-me saber que a qualidade dos comentários da Sporting TV está anos-luz à frente dos nossos. E não é de agora, é de sempre. Irrita-me. Muito.


terça-feira, 26 de janeiro de 2016

Espaço Z: SLB vs FC Porto (19-23) & FC Porto vs Fafe (26-18)

Começo este post por pedir milhões de sinceras desculpas a todos os leitores do Porto Universal pela demora na publicação do mesmo. Já foi há quase semana e meia que a nossa equipa de andebol regressou à competição, e só agora consegui terminar a visualização de ambos os jogos. 

Em primeiro lugar, fiquemos com um recorde que tem tudo para ser consecutivamente batido: 19 vitórias em 19 jogos do campeonato. Se contarmos com o último jogo do campeonato anterior, são já 20 vitórias consecutivas. Se não houvesse esta "habilidosa" forma de "aumentar a competitividade" sob a forma de playoff, por esta altura já se podia encomendar faixas, gravar nome da equipa na taça, e preparar os confetis. Como não há, tudo está em aberto. 

Na Luz, jogo típico de início de época. Não tenham dúvidas que foi esse o efeito de 1 mês de paragem nas competições. O FC Porto passou do 80 para o 8, de quase 30 jogos em 4 meses para todas as competições, muitas vezes com jogos de 2 em 2 dias, para um mês inteiro sem competição; isso notou-se claramente na Luz, onde houve menos velocidade na transição, uma quantidade incrível de falhas técnicas, de ataques com perdas de bola estúpidas, de más tomadas de decisão, etç... As razões de não termos saído da Luz com resultado negativo: uma 2ª parte brilhante de Alfredo Quintana, e uma equipa do Benfica a "sofrer" do mesmo mal em termos de falhas ofensivas. Ah, e já agora, a diferença monstruosa de qualidade e profundidade entre os dois plantéis. Em suma, uma vitória justa, mas longe de ser categórica, num jogo que expôs as falhas de organização do calendário do andebol português. E, foda-se, um saborzinho muito doce por voltarmos a triunfar em terreno inimigo.

O jogo com o Fafe foi já diferente, com menos falhas técnicas do que o jogo da Luz, mas com um dado curioso: 10 bolas nos ferros da baliza dos minhotos. Talvez isso possa explicar os "apenas" 26 golos marcados ao último classificado do campeonato. Isso e uma boa exibição de Miguel Marinho, na baliza fafense. Um jogo importante para reintegrar em competição Ricardo Moreira e Nuno Roque, e para dar largos minutos de jogo a atletas como Nuno Gonçalves ou Jordan Pitre. Dizia Ricardo Costa no final do jogo, que nem sempre é fácil motivar os jogadores para estes jogos, e consigo compreender isso, até porque o primeiro lugar está garantido. Mas estes jogos terão de ser encarados como a melhor oportunidade de recuperar ritmos e dinâmicas de jogo. 

Assegurado o 1º lugar na fase regular, que nos permite a vantagem de jogar os jogos decisivos, ou possíveis desempates em casa onde, muito honestamente, acho quase impossível não vencermos, é agora altura de aproveitar os próximos jogos para preparar essa fase da melhor forma. Temos de chegar aos jogos do playoff com a mesma dinâmica de transição, de velocidade de ataque, de assertividade nas decisões, e com a mesma confiança dos meses de Novembro e Dezembro. 

Está nas nossas mãos.

Um abraço,

Z

quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

Espaço Z: F.C. Porto vs Sporting C.P. (35-30)

Vou começar este post pela parte menos boa do jogo do passado Domingo: o Sporting protestou-o e, a meu ver, com toda a razão - pelo menos segundo os regulamentos. Durante a primeira parte, houve uma sanção disciplinar a um jogador dos leões - João Antunes - por um suposto erro na substituição ataque-defesa. No andebol, se o jogo estiver parado, as trocas entre jogadores podem fazer-se como no futebol. Se o jogo decorre normalmente, ao contrário do futebol, também se podem fazer, mas o timing tem de ser perfeito, e a zona para que tal ocorra está delimitada pelas linhas de meio-campo, e outro traço junto do banco da respectiva equipa. Se um jogador entra fora do local, ou se entra quando o seu colega ainda não saiu totalmente, será sancionado com uma exclusão de 2 minutos. Ora, quem tem de sancionar estas situações são os árbitros de mesa, que o fizeram, mas erradamente. Houve ali uma hesitação entre jogadores, mas em nenhuma altura os sportinguistas tiveram um jogador a mais dentro do terreno de jogo. Este erro técnica pode dar origem ao protesto do jogo, e há imagens que o comprovam, não só na transmissão televisiva, como provavelmente no vídeo recolhido pelos leões durante a partida. São situações difíceis de analisar em lance corrido, porque os jogadores correm todos como o raio que os parta, mas acontece com alguma frequência. 

Gustavo Rodrigues esteve em destaque, com 9 golos
O jogo foi um brinde para todos os que gostam do FC Porto, e para todos os que gostam de andebol, porque fomos presenteados com uma exibição de nível de Champions, sobretudo na 1ª parte. Aconteceu o oposto do que havia acontecido no jogo da 1ª volta, em que entrámos "a dormir", mas tivemos força física e anímica para corrigir o resultado (chegou a ser de 8 golos a vantagem dos leões). Desta feita, a nossa entrada fortíssima deixou o jogo praticamente resolvido logo na 1ª parte. Penso que até os jogadores adversários sentiram isso, tamanha a superioridade demonstrada pelos nossos rapazes. 

Em termos tácticos, não há muito para analisar. O Sporting demorou muito tempo a conseguir ultrapassar o nosso fortísssimo 6x0, e abusou (erradamente) de explorar a nossa zona central, que esteve em bom plano. Inúmeros blocos, roubos de bola e, quando esta passava, um monstro cubano atrás, a parar quase tudo. Mas foram principalmente as perdas de bola que ajudaram a cavar a diferença, porque conseguimos matar o jogo em contra-ataque. Foi, aliás, uma das primeiras vezes em que vi um treinador duma equipa grande, num jogo destes, a utilizar os dois "time-outs" ainda durante o 1º tempo. 

Com diferenças a variar entre 6 e 8 golos à maior, um dragão a asfixiar o leão, e um Dragão Caixa a explodir, penso que ao intervalo já ninguém acreditava que fosse possível haver um "milagre" que nos afastasse da vitória. Na 2ª parte, foi possível gerir o resultado, gerir os ritmos de jogo, e houve tempo para os golos espectaculares, como os de Gustavo Rodrigues, em remates em rosca, ou a jogada aérea que resultou num golo de Gilberto. Na 1ª parte, já António Areia tinha presentado o público com jogadas fantásticas, como podem ver no vídeo, no site do F.C.Porto

Tenho de destacar o enorme jogo do jovem Gustavo Rodrigues, que se tem revelado como um dos melhores laterais direitos do campeonato, e que parece festejar cada golo como se já cá estivesse há largos anos. Já António Areia parece talhado para ganhar o prémio de MVP da época, porque se trata dum jogador soberbo, que os deuses do andebol têm de nos agradecer por o termos resgatado das confusões que há mais lá para Sul. Gilberto continua a ser o grande desequilibrador que sempre foi, mas agora consegue desgastar-se menos, porque também há dois fantásticos centrais, e outros explosivos laterais direitos a conseguir criar jogo ofensivo. E é aqui, ofensivamente, que esta equipa consegue ser avassaladora.

Dou os sinceros parabéns a todos, mas especialmente à excelente moldura humana que preencheu as bancadas do Dragãozinho, levando esta equipa ao colo do início ao fim, como ela bem merece. É comovente perceber o elo que se foi criando entre a equipa de andebol e os adeptos, ao longo destes anos, ligação essa reforçada pelas vitórias, mas também pela atitude que cada jogador leva para dentro de campo. Endereço igualmente os parabéns a Ricardo Costa, pelo trabalho que tem feito (e confesso que nem sempre fui fã da opção por Ricardo Costa). Nota-se evolução na equipa, sente-se que está ali montada uma armada para limpar tudo internamente, e para aniquilar todos os adversários com um jogo ofensivo bonito e espectacular. É certo que temos jogadores incríveis, mas isso nem sempre chega. E é aí que entra a competência dum treinador.

Sendo que neste espaço falo duma modalidade, não quero terminar sem dar os parabéns às nossos meninas da Natação pelo octo-campeonato, em especial à minha queridíssima Paula Oliveira.

Despeço-me, desejando a todos os leitores do Porto Universal um Feliz Natal, bem regado, bem recheado e bem rodeado. Se me permitem, envio um abraço natalício muito especial ao Jorge Vassalo, ao Miguel Lima e ao v.a.s.c.o. , amigos desde o primeiro minuto nesta bluegosfera.

Um abraço,

Z

sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

Espaço Z - ABC vs FC Porto (27-30)



Recorde batido: 16 em 16; 16 vitórias em 16 jogos, com 10 jogos de Champions pelo meio; batemos o nosso próprio recorde, de 15 vitórias em 15 jogos, relativo à época anterior. E neste momento, são muitas as diferenças em relação a anos anteriores. Temos, sem dúvida, o melhor plantel em Portugal. Os melhores guarda-redes (Quintana e Laurentino), moram no Dragão; os melhores centrais (Rui Silva e Miguel Martins), também cá moram; Areia está a provar ser uma das melhores contratações de sempre; Gustavo Rodrigues tem-me surpreendido a cada jogo; Cuni Morales está finalmente a crescer como jogador; Alexis está a conseguir fazer "esquecer" o extraordinário Tiago Rocha. A equipa tem estado fenomenal, mesmo que a nivel defensivo ainda precise de melhorar. Ricardo Costa tem feito um trabalho positivo, sobretudo em termos de organização ofensiva - estamos muito mais fortes, muito mais completos, e parece que está a ser retirado o máximo rendimento de cada jogador. E embora haja uma grande sobrecarga de jogos, e isso decerto contribuiu para uma ou outra exibição mais apagada, nota-se que a equipa está bem fisicamente. Há muitas opções de qualidade, e parece haver uma gestão física muito superior à que era feita em anos anteriores. 

Para concluir esta longa introdução, digo-vos que tenho uma enorme confiança nestes rapazes. Para além de todo o talento á disposição, a vontade de ganhar, a atitude gurreira, a intensidade colocada em cada jogo, levam-me a crer que será um ano de conquistas para as nossas cores. Se neste momento pudesse definir o que é ser Porto, era o exemplo da equipa de andebol que dava. E a simbiose entre esta e os adeptos é a prova cabal do que digo.

Quanto ao jogo, que não consegui acompanhar ao pormenor (como gosto de fazer), foi mais complicado do que o evoluir do marcador pode fazer pensar. Muito disso resulta do facto de termos tido uma equipa muito bem trabalhada do outro lado, sem as mesmas armas mas com muito trabalho táctico, à imagem do excelente treinador do ABC, Carlos Resende. Não podemos também esquecer que tem sido uma época atípica para os minhotos, que durante largos períodos não puderam contar com duas peças fulcrais - o pivot, Ricardo Pesqueira, e o central, Pedro Seabra. Aliás, Pedro Seabra ainda não está a jogar. Isso retira alguma profundidade ao ataque minhoto, que vive mais do jogo exterior, ao contrário do que é habitual. Por outro lado, trata-se duma equipa competente a nível defensivo, mas neste jogo estiveram a anos-luz do que podem e sabem fazer. 

A 1ª parte definiu muito do que foi o jogo até final, porque foi quando conseguimos afastar-nos o suficiente para ganhar alguma tranquilidade. Vantagens de 3, 4, ou 5 golos, a este nível, valem ouro. Este foi um jogo ganho essencialmente pelas capacidades individuais. E com isto não quero dizer que ganhámos porque a malta queria resolver tudo sozinha. Criámos sim situações óptimas de 2x2, que potenciam as grandes qualidades técnicas dos nossos jogadores. Para não maçar muito, dou um exemplo: quando Gilberto e Gustavo fizeram 4 golos consecutivos em remates de longe, a defesa do ABC fez subir os defensores directos dos laterais, deixando os defensores centrais sozinhos contra Miguel Martins e Alexis. Ora, percebendo isso, Ricardo Costa pediu aos laterais para se afastarem o máximo possível da zona central, arrastando os defensores directos com eles, e deixando Miguel Martins com imenso espaço para aplicar o seu temível 1x1, com Alexis a tentar quebrar a defesa nessa zona, e criar dúvida. Resultado? Miguel Martins fez 10 minutos demolidores, contando 3 golos, mais 4 assistências que resultaram em golo. São 7 golos em 10 minutos. 7 golos num total de 30. É muito golo!

Destaque para um jogo menos bom dos nossos guarda-redes, hoje com mais responsabilidades do que em jogos anteriores porque sofreram muitos golos em remates de longe (à partida, terão mais probabilidade de os defender). De qualquer forma, em alturas fundamentais, lá apareceram defesas decisivas, como por exemplo a defesa de Quintana ao 7 metros de Tomás Albuquerque, a 5 minutos do fim, ia o resultado em 28-25 para nós. 

Próximo jogo, Domingo no Dragãozinho, contra o Sporting. Frente a frente as equipas mais fortes do campeonato. Uma vitória, praticamente garante o 1º lugar na fase regular, com todas as vantagens que daí advêm. Espero que a malta, que tanto se queixa da falta de mística do clube, se aperceba duma vez por todas que o FC Porto não se limita ao futebol, e que se calhar a verdadeira mística se joga - neste momento, atenção - num campo mais pequeno, e com as mãos.

Um abraço,

Z

sábado, 12 de dezembro de 2015

Espaço Z - FC Porto vs SC Horta (33-31)

Antes de mais, um esclarecimento: o sorteio ditou que houvesse um Horta vs FCP na 1ª volta e um FCP vs Horta na 2ª, mas os clubes aceitaram alterar os locais de jogo, de forma a facilitar a vida a ambas as equipas em termos de viagens. Como tal, oficialmente, este jogo foi em casa, apesar de se ter disputado na ilha do Faial.


E não foi um jogo nada fácil, por sinal. Muito por mérito dum SC Horta com mais soluções do que no jogo do Dragãozinho, agressivo a defender e muito bem no ataque, a explorar as nossas deficiências defensivas. Do nosso lado, a habitual multiplicidade de soluções em termos ofensivos, apesar de algumas falhas na finalização (Nuno Silva, guarda-redes do Horta, terminou o jogo com 19 defesas!), mas muita passividade em termos defensivos, e uma noite desinspirada dos nossos guarda-redes.

A táctica dos açorianos passou por retirar Cuni do jogo, secando um pouco o nosso jogo à direita, obrigando os nossos jogadores do lado contrário (ponta e lateral-esquerdos e central) a resolver o jogo em situações de 3x3. Desse lado, Filipe Duque (treinador "eterno" do Horta) procurou colocar os jogadores mais fortes fisicamente, tentando dificultar as finalizações mais fáceis, aos 6 metros e na zona central.
Nota para o ritmo elevadíssimo que a formação do Horta aplicou na transição ofensiva, desgastando ainda mais uma equipa portista cansada, que mostra precisar urgentemente de uma pausa competitiva.

Ofensivamente, Duque quis aproveitar aquilo que tenho vindo a expor neste espaço: a vulnerabilidade do nosso sistema defensivo, especialmente na zona central, e principalmente sobre jogadores como Cuni, demasiado permissivos em situações de 1x1. Este esquema funcionou muito bem, não só devido à qualidade na tomada de decisão do jogador central, Fernando Dutra, como na incrível exibição de Yosdany Ballard, um monstro cubano - um dos 5(!) que o Horta possui, e que possivelmente pertence aos nossos quadros - que nos castigou com uns incríveis 13 golos.

A estratégia do Horta resultou, durante praticamente todo o jogo, fazendo com que a diferença máxima por nós obtida tenha sido de 3 golos (21-18). Deveria ter havido alguma alteração no esquema defensivo, que criasse maior dificuldade à organização de Dutra, sempre com muito tempo para pensar o jogo, e que retirasse espaço a Ballard, quase sempre com uma avenida para ganhar velocidade, subir e rematar. Geralmente, estas abébias defensivas encontram um muro lá atrás, seja Quintana ou Laurentino na baliza. Mas quando isso não acontece... é bom que o acerto ofensivo seja grande.

Ofensivamente, considero que ganhámos o jogo devido à enorme qualidade individual dos nossos jogadores que, em alturas cruciais, conseguiram inventar golos de difícil execução. Houve também uma alteração táctica que considero fundamental para o desfecho final: com uma marcação individual a Cuni, o nosso lado direito ficava completamente fora do jogo. Então Costa decidiu colocar o polivalente António Areia no lugar de Lateral, passando Cuni para a ponta. E a verdade é que, nesse período de jogo, ambos marcaram 5 golos em lances corridos. Numa 2ª parte com 17 golos marcados, 5 golos obtidos com uma alteração táctica destas é obra.

Último apontamento para a arbitragem: não nos podemos queixar de nada. Sendo certo que aquele lance mais duro entre Ballard e Hugo Santos exigiria uma sanção disciplinar (no mínimo, exclusão de 2 minutos), no resto do jogo até acho que fomos beneficiados em alguns lances. A dupla era local (um árbitro do Faial e outro de Santa Maria), mas muito fraquinha. Erraram muito, para ambos os lados, mas no final até acho que os açorianos têm mais razões de queixa. 

15ª vitória em 15 jogos, igualando o recorde que já é nosso desde a época passada. Esta equipa, jogo bem ou mal, nunca se cansa de vencer. É o melhor vício!

Ainda assim, há aspectos que urge corrigir, especialmente em termos defensivos. Costa tem de aproveitar os próximos tempos para recuperar todos os jogadores, física e mentalmente, mas tambem precisa de corrigir o actual sistema defensivo, e até procurar trabalhar sistemas defensivos alternativos. 

O próximo jogo, fora contra o ABC é de extrema importância para o classificação final. Primeiro, por ser contra uma equipa que tradicionalmente nos coloca imensos problemas; depois, por ser fora, num pavilhão que vive, respira, transpira andebol; por último, porque será o jogo mais difícil que teremos antes de receber o Sporting, e era muito bom chegarmos a esse jogo com os 4 pontos de vantagem que temos.

Um abraço,

Z

P.S.: nota para a transmissão do Porto Canal: o prof. Luís Graça é um excelente comentador de andebol. É um prazer ouvi-lo. Já os comentadores principais precisam de melhorar algumas questões. Não se relata um jogo de andebol como um jogo de futebol - por exemplo "Gilberto, passa para Martins, que passa para Cuni... etc.". Não faz sentido! Depois, no andebol não há "jogar em power-play". Primeiramente isso é do hóquei no gelo, e agora também se usa no hóquei normal. No andebol, joga-se em superioridade ou inferioridade numérica. E, para terminar, se não souberem bem as regras de faltas, se não tiverem certeza das questões mais técnicas, por favor, não digam asneiras.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

Espaço Z - FC Porto vs Vojvodina (37-15) - EHF Champions League

A despedida da Champions de andebol foi um jogo quase perfeito. Uma vitória clara, categórica, justíssima, com momentos duma qualidade arrebatadora, duma equipa que tudo fez para conseguir passar à próxima fase de eliminatórias. Um aplauso para o público que, não tendo enchido por completo o Dragãozinho, soube demonstrar o reconhecimento devido a uma equipa em claro crescimento, e que possui uma ligação muito especial com os adeptos que regularmente se deslocam aos seus jogos. 


Quanto ao jogo, pouco há a dizer. Uma entrada a todo o gás desfez qualquer dúvida que pudesse haver quanto à valia de cada equipa. Ainda os sérvios procuravam perceber o que lhes acontecia, e já a diferença se saldava nuns esclarecedores 9 golos. E foi no binómio perfeito "defesa-transição rápida" que o jogo se foi desequilibrando para valores pouco habituais numa competição deste calibre. Destaque para a forma muito positiva como defendemos, mas tenho que individualizar a enorme exibição de Laurentino, com uma eficácia final de 53% (uma eficácia de 40% já é considerada muito boa, para um guarda-redes). Os sérvios marcaram 15 golos, sendo que o último foi obtido aos 16 minutos da 2ª parte. Até final, nem mais um golo, e apenas um remate para fora. Quando assim é... Tudo fica mais fácil. Nota para o facto de todos os jogadores terem participado no jogo (à excepção de Quintana), e de todos os jogadores de campo terem marcado pelo menos 2 golos.

Com a vitória sofrida do La Rioja em Presov, ficámos afastados do play-off de apuramento para os 1/8 de final, mas temos de considerar esta participação com um brilho nos olhos e um sorriso nos lábios. Tivemos os nosso guarda-redes nos Top 5 de defesas mais do que uma vez, por duas vezes estivemos no Top 5 dos melhores golos, tivemos António Areia escolhido para o 7 ideal da jornada anterior e houve uma menção da EHF ao público fantástico no Dragão Caixa. Como praticante e conhecedor de andebol, sinto que vão sendo dados os passos certos para que possamos ombrear com as grandes potências da Europa num futuro próximo. E é assim, conquistando pequenas vitórias de cada vez, que nos podemos aproximar disso.

O tempo é, agora, de deitarmos esta participação para trás das costas, de fazer a equipa continuar a crescer, e de tentar limpar tudo a nível interno. Neste momento, a conquista do campeonato e da taça passam a ser as grandes ambições. 

Entretanto, na Taça de Portugal, jogada neste feriado. ganhámos ao Arsenal da Devesa, equipa da 2ª divisão nacional, por uns expressivos 40-22. Confesso que não vi, e provavelmente não vou conseguir ver o jogo. Mas deixo aqui essa nota.

Um abraço,

Z

sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

Espaço Z - FC Porto vs ISMAI (27-22) & Madeira vs FC Porto (26-27)



Jogo - Viagem - Recuperação - Jogo - Viagem - Treino...

Tem sido este o ritmo da equipa de andebol do Porto praticamente desde o início da época, com jogos da Champions pelo meio. Praticamente um jogo a cada 3 dias, provocando um desgaste físico que nem as múltiplas soluções em todos os postos conseguem suprir. Se a isto somarmos o peso emocional da última derrota para a Champions - não só pelo que significou em termos de apuramento, como pela fase do jogo em que surgiu - temos uma boa parte da explicação para as exibições mais pálidas dos últimos dois jogos.

Ainda assim, foram dois jogos bastante distintos, contra adversários com características, ambições e virtudes bem diferentes.

No primeiro jogo, disputado em Viseu, foi muito por demérito do FC Porto que o jogo tanto se complicou. A equipa do ISMAI, crónico candidato na luta pela manutenção não possui argumentos sequer próximos de assustar uma equipa como a nossa. Houve muito cansaço, muito pouca cabeça, uma viagem longa pelo meio, alguma falta de motivação mas também alguma displicência. Defendeu-se razoavelmente bem,  mas atacou-se muito mal. Apesar da recuperação de 8 golos na 2ª parte, importa dizer que a 7 minutos do final, o jogo pendia para os maiatos. Salvou-nos Quintana, na parte final, e algum desacerto ofensivo dos maiatos, que nos permitiu resolver o jogo nos minutos finais. A não repetir mas, depois do encontro da Champions na 5ª feira, algo expectável.

Já na Madeira, defrontámos um adversário que, se não houver grandes surpresas, ocupará o 5º lugar na fase regular. Um conjunto superiormente orientado por Paulo FIdalgo, um dos bons treinadores nacionais, mas que peca por ter um plantel demasiado curto para as exigências desta competição. Num desporto cada vez mais físico e veloz, é fundamental ter mais do que uma opção válida por posto específico, coisa que o Madeira não tem. Se tal acontecesse, talvez os madeirenses pudessem lutar por um lugar diferente.

Um jogo interessante, este Madeira vs FC Porto. Uma boa batalha táctica, que colocou dificuldades diferentes do habitual aos nossos rapazes (à semelhança do que já acontecera no jogo do Dragão, que ao intervalo estava empatado a 14, se não me falha a memória). Defensivamente, os insulares estão muito bem preparados, conseguindo interpretar bem diferentes esquemas. Ofensivamente, tirando o pivot (talvez o elo mais fraco, um grupo de jogadores tarimbados, capazes de jogar bem no remate exterior (principalmente por Elias e Cláudio Pedroso), com pontas bastante eficazes e um central que me enche as medidas há já largos anos (Nuno Silva, irmão do noso Rui Silva), pela inteligência que coloca ao dispôr da sua equipa.

E o jogo pautou-se sempre por bastante equilíbrio, ainda que aqui e ali houvesse vantagens de 3 ou 4 golos. Ofensivamente, encontrámos uma defesa muito subida (ao contrário do habitual), procurando retirar a nossa força no remate exterior, obrigando a muito trabalho sem bola. Ora, quando o desgaste físico é evidente, é lógico que esse trabalho sem bola vai ser mais complicado. E sabendo que, no 1x1 é Cuni quem tem mais potencial para causar estragos, foi sem surpresa que o seu defesa directo estivesse constantemente mais subido, retirando-o ainda mais do jogo. Do nosso lado, lugar ao habitual 6x0, com especiais cuidados para as trajectórias de remate de Pedroso.

Tudo isto levou a que o jogo fosse evoluindo com diversas nuances tácticas muito curiosas, a constantes adaptações e readaptações posicionais e na disposição táctica que tornaram um jogo nem sempre bem jogado (tacticamente), num bom espectáculo de andebol, entre duas equipas que sabem jogar andebol. Desta feita, as nossas dificuldades foram, sobretudo, defensivas. Por algum demérito nosso (continuamos a defender mal na zona central, pela lentidão de Daymaro e Alexis), mas também pela boa leitura de jogo de Nuno Silva, e pela fenomenal forma de Cláudio Pedroso e Elias.

Caminhando para os últimos 7 minutos, foi Quintana quem nos fez regressar ao jogo, com um punhado de defesas em momentos muito importantes, e com dois golos de baliza a baliza (aproveitando o facto de o Madeira estar a jogar com guarda-redes avançado). Mas o momento do jogo foi a dupla defesa de Quintana, a um livre de 7 metros e respectiva recarga de Nelson Pina, quando havia 26-26 no marcador. De seguida Gilberto voltou a marcar o golo decisivo, num remate dos 13 metros, e Quitana voltou a parar o possível empate, opondo-se a remate de Pedroso.

14 vitórias em 14 jogos! Parece fácil, não parece? Acreditem... Não é!

No próximo fim de semana, teremos a provável despedida da edição da Champions, em casa contra o Vojdodina. Pelo trajecto imaculado destes rapazes em casa, e pela brilhante fase de grupos da Champions que fizeram, não espero nada menos do que uma casa a rebentar pelas costuras, como forma de lhes prestar homenagem, e para que possam despedir-se da Champions com nova vitória.

Um abraço

Z