Nunca gostei de fanfarrões. Não gosto de seres narcisistas, que chamam a si a atenção de tudo, que reclamam holofotes e fazem poses. Gosto de pessoas esforçadas, que se superem, aprecio talento e vontade, mas gosto mais de quem se supera com treino e disciplina, e de quem faz o seu trabalho sem ondulações. É evidente que isso tem o seu lado lunar, é mais difícil dar-se destaque a alguém discreto, porque ele vai sempre valorizar o colectivo mais do que o seu próprio esforço, que vai considerar natural.
E isso é o que mais gosto em Ivan Marcano. É de uma classe e uma correcção a toda a prova, sem no entanto deixar de ser muito bom naquilo que faz. Gosto dele desde o início - talvez por ser imune à hispanofobia que houve pelos lados do Dragão - e acho-oi digno da braçadeira. No primeiro ano esteve ao mesmo nível que agora, só que agora tem um gravitas diferente. Já é mais duro e impositivo, já é um Capitão à Porto. É interessante perceber, na entrevista, que tal como Casillas, Marcano não acha que o grupo deixou de estar unido, ou que este esteja mais unido que anteriores.
Fala sim da comunhão com os adeptos que se vê agora e antes não se via. Destacou o ambiente do Bessa como exemplo dessa união. E eu aproveito e destaco uma imagem que me ficou na retina - a de Marcano, furioso, a dar um chega-pra-lá bem forte a um jogador do Boavista no meio da molhada.
Um exemplo de correcção e simplicidade fora de campo. Um exemplo de entrega e de luta dentro do campo, Humildade e trabalho. Classe e saber estar. Um digno Capitão. Ivan Marcano. Um Capitão à Porto.