sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

Espaço Z - ABC vs FC Porto (27-30)



Recorde batido: 16 em 16; 16 vitórias em 16 jogos, com 10 jogos de Champions pelo meio; batemos o nosso próprio recorde, de 15 vitórias em 15 jogos, relativo à época anterior. E neste momento, são muitas as diferenças em relação a anos anteriores. Temos, sem dúvida, o melhor plantel em Portugal. Os melhores guarda-redes (Quintana e Laurentino), moram no Dragão; os melhores centrais (Rui Silva e Miguel Martins), também cá moram; Areia está a provar ser uma das melhores contratações de sempre; Gustavo Rodrigues tem-me surpreendido a cada jogo; Cuni Morales está finalmente a crescer como jogador; Alexis está a conseguir fazer "esquecer" o extraordinário Tiago Rocha. A equipa tem estado fenomenal, mesmo que a nivel defensivo ainda precise de melhorar. Ricardo Costa tem feito um trabalho positivo, sobretudo em termos de organização ofensiva - estamos muito mais fortes, muito mais completos, e parece que está a ser retirado o máximo rendimento de cada jogador. E embora haja uma grande sobrecarga de jogos, e isso decerto contribuiu para uma ou outra exibição mais apagada, nota-se que a equipa está bem fisicamente. Há muitas opções de qualidade, e parece haver uma gestão física muito superior à que era feita em anos anteriores. 

Para concluir esta longa introdução, digo-vos que tenho uma enorme confiança nestes rapazes. Para além de todo o talento á disposição, a vontade de ganhar, a atitude gurreira, a intensidade colocada em cada jogo, levam-me a crer que será um ano de conquistas para as nossas cores. Se neste momento pudesse definir o que é ser Porto, era o exemplo da equipa de andebol que dava. E a simbiose entre esta e os adeptos é a prova cabal do que digo.

Quanto ao jogo, que não consegui acompanhar ao pormenor (como gosto de fazer), foi mais complicado do que o evoluir do marcador pode fazer pensar. Muito disso resulta do facto de termos tido uma equipa muito bem trabalhada do outro lado, sem as mesmas armas mas com muito trabalho táctico, à imagem do excelente treinador do ABC, Carlos Resende. Não podemos também esquecer que tem sido uma época atípica para os minhotos, que durante largos períodos não puderam contar com duas peças fulcrais - o pivot, Ricardo Pesqueira, e o central, Pedro Seabra. Aliás, Pedro Seabra ainda não está a jogar. Isso retira alguma profundidade ao ataque minhoto, que vive mais do jogo exterior, ao contrário do que é habitual. Por outro lado, trata-se duma equipa competente a nível defensivo, mas neste jogo estiveram a anos-luz do que podem e sabem fazer. 

A 1ª parte definiu muito do que foi o jogo até final, porque foi quando conseguimos afastar-nos o suficiente para ganhar alguma tranquilidade. Vantagens de 3, 4, ou 5 golos, a este nível, valem ouro. Este foi um jogo ganho essencialmente pelas capacidades individuais. E com isto não quero dizer que ganhámos porque a malta queria resolver tudo sozinha. Criámos sim situações óptimas de 2x2, que potenciam as grandes qualidades técnicas dos nossos jogadores. Para não maçar muito, dou um exemplo: quando Gilberto e Gustavo fizeram 4 golos consecutivos em remates de longe, a defesa do ABC fez subir os defensores directos dos laterais, deixando os defensores centrais sozinhos contra Miguel Martins e Alexis. Ora, percebendo isso, Ricardo Costa pediu aos laterais para se afastarem o máximo possível da zona central, arrastando os defensores directos com eles, e deixando Miguel Martins com imenso espaço para aplicar o seu temível 1x1, com Alexis a tentar quebrar a defesa nessa zona, e criar dúvida. Resultado? Miguel Martins fez 10 minutos demolidores, contando 3 golos, mais 4 assistências que resultaram em golo. São 7 golos em 10 minutos. 7 golos num total de 30. É muito golo!

Destaque para um jogo menos bom dos nossos guarda-redes, hoje com mais responsabilidades do que em jogos anteriores porque sofreram muitos golos em remates de longe (à partida, terão mais probabilidade de os defender). De qualquer forma, em alturas fundamentais, lá apareceram defesas decisivas, como por exemplo a defesa de Quintana ao 7 metros de Tomás Albuquerque, a 5 minutos do fim, ia o resultado em 28-25 para nós. 

Próximo jogo, Domingo no Dragãozinho, contra o Sporting. Frente a frente as equipas mais fortes do campeonato. Uma vitória, praticamente garante o 1º lugar na fase regular, com todas as vantagens que daí advêm. Espero que a malta, que tanto se queixa da falta de mística do clube, se aperceba duma vez por todas que o FC Porto não se limita ao futebol, e que se calhar a verdadeira mística se joga - neste momento, atenção - num campo mais pequeno, e com as mãos.

Um abraço,

Z

2 comentários:

  1. Esta equipa enche-nos de orgulho!
    Espero que as pessoas olhem mais para o Andebol, simplesmente pelo que ele é!
    Uma modalidade espectacular, super intensa e emotiva.
    E não por refúgio causado pelo momento menos bom no futebol.

    Cumps

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  2. Já uma vez aqui disse e volto a realçar: além de termos uma extraordinária equipa de andebol - todo o plantel - o mais impressionante e motivador para o comum dos adeptos é a simbiose perfeita entre todo um departamento e o publico. Chega a ser magico.

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