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quinta-feira, 10 de maio de 2018

O enterro do minuto 92

Tendo nascido em 1986, não tendo como tal passado pela origem do FCPorto como hoje o conhecemos, pelas mãos do Mestre Pedroto e do Presidente Jorge Nuno Pinto da Costa, não tenho qualquer problema em considerar que este titulo foi o mais saboroso que já experienciei como adepto.

Assistia ao pré-match do jogo da consagração no Porto Canal quando o Rui Cerqueira falava da forma como este titulo estava a ser celebrado, confessando que tinha sentido em anos anteriores que havia "fadiga" de tanta celebração entre os adeptos, duma forma generalizada. Recuei ao ano de 2013 e recordo-me que, pese embora a magia indescritível do golo do Kelvin, é verdade que a celebração do titulo em si não foi de arromba, que o treinador de então nem era sequer um bem-amado, e que foi muito mais engraçado olhar para o lado e gozar com "a cabeça do lampião que continua(va) a inchar" . De certa forma isso será algo normal, haver uma certa acomodação face à fartura. Qualquer treinador serviria para dar continuidade ao trabalho da estrutura, não era? Polvos à parte, o que se seguiu provou-nos que o auto-convencimento pode ter resultados trágicos a médio/longo prazo.

Partimos para esta temporada com muitas duvidas, muita incerteza quanto à capacidade dum plantel constituído maioritariamente por jogadores que não conheciam o sabor da vitoria com as nossas cores, que pareciam terminar cada época a ter medo da própria sombra, um treinador com um currículo pobre em títulos e experiência de clubes grandes (e com um histórico de relações conflituosas em quase todos os clubes que treinou), um clube intervencionado financeiramente pela UEFA após anos de fugas para a frente, desinvestimento, plantel desequilibrado, venda das joias da coroa, etc, etc.

Fui o primeiro a torcer o nariz à escolha de Sérgio Conceição como homem do leme, antecipando nova época desastrosa, como é alias apanágio da minha doentia incapacidade cronica para ter algum optimismo. E este meu pessimismo imbecil teimou em não partir, e voltou ao de cima em força após a derrota copiosa com o Liverpool, o empate em Moreira de Cónegos e especialmente após as derrotas em Paços e Belém. É para mim importante partilha-lo: eu fui o primeiro a não acreditar e a atirar a toalha ao chão. E então este título deve ser sobretudo bem esfregado nas fuças deste idiota que vos escreve, não porque tenha duvidado (isso parece-me perfeitamente normal), mas por ter repetidamente atirado a toalha ao chão, prevendo hecatombes bíblicas a cada percalço dos nossos rapazes.

Partilho agora convosco uma pequena história, carregada de simbolismo para mim. No dia 14 de Abril à noite, estava aqui este imbecil com insónias, filho e mulher a dormir serenamente, porque na cabeça não paravam de passar imagens duma derrota ou empate comprometedores no dia seguinte na Luz. Até que ainda meio atordoado ouço a minha mulher gravidérrima dizer-me "Z, rebentaram as aguas e estou com contracções". De manhã, a família passou a ser de 4; mais um rapaz, mais um dragão no Mundo. Não é agora a parte em que vos digo que isso me encheu de esperança para o clássico na Luz, porque nada se alterou. Mas devo confessar-vos que mal tive certeza de que a bola do Herrera tinha batido na rede, se apoderou de mim a confiança que aqueles desgraçados andaram a carregar durante toda a época, de que desta vez não ia haver coisíssima nenhuma que nos impedisse de sermos felizes de novo. Vale o que vale, mas conseguem imaginar a historia que vou ter para contar ao meu mais novo quando ele me perguntar quem é aquele feioso cujo poster está no quarto do Pai, numero 16 nas costas e braçadeira de capitão?

Este título é, acima de tudo, de Sérgio Conceição, e espero que isso fique bem claro na cabeça de todos. Não estou de acordo quando se diz que ele herdou uma equipa de tostões: isso é factualmente falso. Herdou sim uma equipa despedaçada moralmente, e seguramente com menos opções validas (teoricamente) do que os rivais. Ao treinador foi pedido, não que montasse uma equipa recheada de jogadores desconhecidos vindos directamente de equipas pequenas (como em /2002/2003), mas sim que pegasse num grupo de jogadores que já levavam 3 ou 4 anos de Porto sem um único motivo de celebração, aproveitamento de jogadores emprestados com qualidade (como Ricardo e Aboubakar), e proscritos (Marega, Reyes ou Hernâni), e deles fazer um grupo com estofo de campeão. Reparem, que quando digo que a qualidade global da equipa não era tão ma como quiseram fazer parecer (basta para isso comparar posição por posição os nossos jogadores com os dos principais rivais), isso não invalida que a nível de opções não tenha sido um plantel curto. Relembro que a dada altura, tínhamos apenas dois laterais, sendo que um deles tem ainda idade de júnior, que ficamos sem Danilo uma boa parte da segunda metade do campeonato, sem Aboubakar, Soares, Marega, Ricardo, Telles, Marcano, Corona em determinadas alturas, e sempre houve soluções, sem me lembrar de haver uma queixa por parte de Sérgio. O grande mérito de Sérgio foi a injecção duma crença sem limites nos jogadores, a construção dum grupo solido, blindado, em que todos foram sempre tratados de igual forma, um grupo que soube a cada momento perceber e proteger as suas fraquezas e que potenciou ao máximo as suas forças. Um modelo de jogo que, embora não consensual (pessoalmente não é o meu preferido), foi reduzindo adversários a pó e criou um dos ataques mais concretizadores da historia do clube.  É também a Sérgio que devemos a simbiose perfeita que uniu jogadores e adeptos desde o primeiro dia, união essa personificada na roda do final de cada jogo. Sérgio trouxe a um grupo derrotado, vergado a 4 épocas a seco, uma injecção de adrenalina, confiança, estofo, liderança, que fazem dele o grande obreiro por detrás deste titulo, e fez com que pela primeira vez em muitos anos volte a haver unanimidade quanto à continuidade dum treinador no clube.

É igualmente um título dos jogadores, de todos os jogadores, da sua solidariedade, dum espírito de dragão há muito arredado das nossas bandas. Dum grupo que se fortaleceu a cada Santa Maria da Feira ou Vila das Aves, que soube ir buscar forças depois de Paços e fundamentalmente Belém; um conjunto que não esmoreceu mesmo quando estávamos atrás e tivemos de ir a Luz buscar este campeonato, mesmo que idiotas como eu o dessem como perdido. Dos heróis prováveis, como Brahimi ou Casillas, aos improváveis Marega e Herrera. Um conjunto que depois de tantas temporadas amargas, de "bateres no fundo" consecutivos, trabalhou muito mais do que qualquer outro para ser feliz. A todos eles a minha vénia. Todos.

Finalmente, é um titulo dos adeptos. Dos que conseguiram estar sempre lá e dos que tiveram de acompanhar à distância; de quem sofreu 4 anos de péssimas escolhas e falta de organização; de quem esteve lá naquelas noites frias de empates com Rios Aves, Boavistas, derrotas com Benficas, Sportings e Tondelas; de quem esteve no Jamor naquela injusta derrota na final da Taça. Para quem passou por Paulo Fonseca, Lopetegui e NES. Para quem passou por palminhas, "mucha ilusión" e um treinador sem alma. Derrotas e empates humilhantes e um Dragão despido e sem chama. Para quem sempre acreditou e para quem tombou ao primeiro murro. Para as noites mal dormidas, e as imagens repetidas até à exaustão das festas dos rivais. Desde o inicio desta época que dissemos ao que vinhamos, os adeptos: queriamos o Porto campeao. E foi assim em todo o lado: no Dragão, no Mónaco (único jogo que pude presenciar ao vivo e a cores), mas principalmente em Liverpool, em Belém e na partida para a Luz. Não um mar, mas uma muralha azul, sempre a proteger os jogadores, a levá-los em ombros até à meta.

Para mim este título marca também (e duma vez por todas) o adeus ao minuto 92 do Kelvin. Esse momento é agora uma doce recordação do passado, um momento maravilhoso que marcou o fim dum ciclo. Os 4 anos que se seguiram foram uma amostra do amolecimento, descompressão, baixar da guarda que a arrogância pode gerar. Um banho de humildade de que, sejamos honestos, todos estávamos a necessitar. Que nunca mais julguemos ser possível conquistar títulos sem trabalho, sem competência. Que nunca mais um titulo deixe de ser celebrado com a força, comunhão, garra com que este foi celebrado. 

Que o futuro esteja a ser preparado desde há meses. Que se blinde quem tem de se blindar sem entrar em loucuras. Que não se pense que poderemos alguma vez voltar às más decisões dum passado recente. Se a torneira tiver de se manter fechada, mantendo assim a viabilidade do nosso clube, que assim seja. 

E pelo amor da santa, havendo algo prioritário, que isso seja manter Sérgio Conceição ao leme do nosso navio.

Agosto está aí à porta e há uma Supertaça para ganhar.

Um abraço a todos, de terras do Sul de França,

Z



P.S.: treinem os filhas das putas dos penalties!!!! PORRA! 









quarta-feira, 18 de outubro de 2017

Análise RB Leipzig 3-2 FC Porto - Das Opções Técnicas


Tenho lido as análises daqueles que se antecipam sempre a mim nas suas crónicas ao jogo, e muito me espanta que não comecem pelo principal. A análise à substituição de Casillas não se pode cingir à capacidade técnica, embora também possa. Deve ser vista de uma forma profunda, porque pode - embora não deva! - ser um triste ponto de inflexão nesta equipa.

Ponto primeiro. José Sá é o menos culpado de tudo isto. Nem sequer vou analisar o seu jogo. Era, lamentavelmente, o esperado. Sá não tinha feito qualquer jogo na primeira liga e foi lançado contra a mais mortal equipa do nosso grupo. José Sá cometeu um erro?  Estava nervoso, estava sem ritmo. Era o mais provável.  Sérgio arriscou com Sérgio Oliveira e venceu. Contra as probabilidades. Desta vez perdeu.

Não vou destacar as qualidades técnicas de Casillas - é um dos melhores guarda-redes entre os postes DA HISTÓRIA DO FUTEBOL. E isso tem de bastar.  Falo do principal, daquilo que é o mais complicado. Iker Casillas é o de facto líder deste grupo. Já aqui falei várias vezes da braçadeira. Mas uma coisa é certa, com e sem ela, é evidente que se nota e muito as suas orientações, a sua voz de comando, o seu gravitas que dá confiança e rumo à equipa.

Sérgio Conceição resolveu retirar isso à equipa por opção técnica! Os jogadores pareciam umas baratas tontas, sem saber o que fazer? Pois, naturalmente! Sem liderato, qualquer equipa se torna banal! A única coisa que justificaria a saída de Casillas seria uma lesão! E digo já, não acredito que Casillas tenha desrespeitado SC, uma vez que a experiência assim o dita. Se não é lesão, é uma jogada tosca de poder que saiu completamente furada.

Vai Sérgio a tempo de a rectificar? Sem sombra de dúvida! Sábado, Casillas na baliza. E pronto, siga. Qualquer outra coisa, é teimosia. 

Mas nem só dessa opção surge a perplexidade. A substituição de Ricardo Pereira por Layún foi outra furada. Layún fez um jogo pavoroso e nervoso. Continuo sem perceber a opção.

Naturalmente, não basta estes erros para justificar a derrota. O Leipzig é uma equipa forte, rápida e bem trabalhada que engoliu literalmente o nosso meio campo - e não, não é no meio de um jogo frenético que Óliver iria fazer grande coisa, embora se tenha notado naturalmente uma melhoria, ainda que ligeira - e fez do ataque aquilo que quis.  E depois, porquê tirar um Brahimi que estava a lutar bravamente com tudo o que tinha,  por Corona,  e deixar em campo Marega que, claramente, não estava fresco? Estas opções técnicas! Difícil de entender!

Se o nosso plantel não é vasto, chega de golpes de asa! Os melhores têm de jogar, e cada coisa a seu tempo. Esta saiu mal, Sérgio. Vais a tempo de a rectificar. Nada está perdido neste grupo de doidos, onde um Besiktas poderoso - quem diria! - foi o único a ganhar sempre. Ganhar grupo? Sem dúvida. Powerplays? Esquece!

domingo, 1 de outubro de 2017

Fazer Acreditar - Z

O Mónaco-Porto da última 3ª feira marcou o início duma nova era de portismo para mim: o primeiro jogo a que pude assisitir ao vivo como emigrante. Desde que a fase de qualificação ditou que a equipa da cidade onde vivo não participaria na fase de Grupos (o OGC Nice), dediquei todas as minhas energias para as rezas, vodu, danças da chuva e do sol (principalmente do sol, que aqui não chove), para assegurar que o Porto jogaria por perto (Juventus ou, idelmente, Mónaco). O meu indescritivel mijo, tipo aquele que costuma ter aquele indivíduo manquinho, que bebe muita água durante os jogos, e lá os vai ganhando sem saber (ao que parece com cada vez menor intensidade, e com maior propensão para umas quedas barulhentas), lá fez com que o Porto viesse jogar a uns quilómetros de minha casa. Foi quase como ir do Porto a Vila do Conde ver o jogo.


Primeiro jogo do Porto fora de portas, primeiro jogo de Champions ao vivo desde o BATE Borisov, primeira oportunidade de ver ao vivo a equipa deste ano. Oportunidade também de medir o pulso à nossa massa adepta, e de tentar perceber como se vive afinal o portismo a uns valentes quilómetros de Portugal.

Antes do jogo, ambiente morno pelo principado. Uma invasão ordeira de portistas de varios recantos de França, também do Luxemburgo, Bélgica e, claro està, Portugal. Gente que se levantou de madrugada, para fazer centenas de quilómetros, passar pelo exercício de paciência de tentar arranjar lugar para o carro no sobrelotado principado, apenas para ter de passar pela monumental dor de cabeça duma interminável fila de trânsito no final. Tudo por aqueles 90 minutos, ver aquele azul e branco no campo, pela partilha de portismo nas bancadas que só quem vai aos jogos fora de portas sente, misturado com aquela emoção de poder fazê-lo pela primeira vez em muito tempo, porque nem sempre a sorte dos sorteios bafeja os corações dos que estão longe. Muita malta nova de cachecol azul e branco ao pescoço, sem saber muito bem falar português, mas a saber de cor os nomes de jogadores, treinador, canções, o hino. Aquela prova saborosa (se é que provas havia a dar) de que ser um clube de dimensão internacional ultrapassa contagens e recontagens de sócios, ou propaladas melhores academias de formação do mundo; é chegar aqui, a França, e ver um tipo com uma camisola do Porto por amor a Lisandro Lopez, ou toalhas de praia com o nosso símbolo por causa dum tal Brahimi. É todos saberem aquela equipaça que em 2004 conquistou a Europa, mas também que foi viveiro de jogadores de topo que espalharam e espalham qualidade por esse Mundo fora, mesmo sem as máquinas de propaganda por detrás, e sem rastas no cabelo.

Ambiente pintado de azul e branco mas, ainda assim, sereno. Talvez ainda feridos pela derrota na primeira jornada de Champions, e pela chamada ao planeta Terra, penso que todos fomos ficando algo convencidos da treta do "plantel para consumo interno", que a nossa entrada em falso, a nossa notória ausência de opções e a nossa comunicação social nos foram impondo. Talvez todos estivéssemos convencidos de que se trataria apenas uma questão de saber qual a crueza dos números finais; afinal, tratava-se dum jogo na casa dum semi-finalista da Champions da época anterior, que mesmo tendo perdido jogadores, tem um plantel com bastantes mais opções do que o nosso. Ter, por exemplo, um Jovetic no banco, quase parece sacrilégio para quem em tantos jogos apenas teve Hernâni como opção directa de ataque. 

São também 4 anos de feridas profundas que tardam em sarar. 4 anos de promessas de melhor que se foram esfumando no ar, deixando quase sempre um aroma de conformismo e desolação, tantas foram as oportunidades de ouro desperdiçadas, tantos os tiros no pé que foram sendo dados. 

Não vos vou mentir, a escolha de Sérgio Conceição para nos comandar esta época não me caiu nada bem. Se foi principalmente pela falta de timoneiro que terminámos a época transacta com a sensação amarga de ter estado tão perto de escrever outro tipo de história, nunca a escolha de Conceição me pareceu a mais adequada para nos dar aquele impulso extra, que nos permitisse não claudicar contra os Vitórias de Setúbal desta vida em momentos decisivos. ou viver das vitórias morais e das grandes actuações dos nossos adeptos nos jogos da Champions. Se associarmos isso à forma calamitosa como a nossa época teve de ser preparada, ao que tudo indica porque não há dinheiro para absolutamente nada que não seja mais um guarda-redes, começa a pairar nas nossas cabeças aquela desconfortável sensação de déjà-vu. Olhamos para Maregas e Hernânis com estupefacção, e vemos fugir-nos das mãos as nossas pérolas. 

E a época começa... e as coisas começam a correr bem. "Se calhar não passamos em Braga", mas acabamos por passar com distinção. Vem a derrota com o Besiktas e logo nos passa pela cabeça que a equipa possa cair numa espiral depressiva, e que cheguemos a Novembro já a pedir que rolem cabeças. Ainda por cima "vem aí um Rio Ave que fez a vida negra a um dos rivais" mas lá acabamos por ganhar de forma assertiva. A seguir, uma goleada em casa, com outra equipa que há bem pouco tempo podia (e devia) ter saído da Luz com outro resultado. Com os patinhos-feios (sobretudo Marega e Herrera) a fazer pela vida. Sem Óliver. Com um Brahimi estrondoso, a driblar como Madjer, e a recuperar bolas como Fernando Reges. 

O que esperar no Mónaco? Sucumbir perante uma equipa que vem duma temporada de sonho e que tem registos ofensivos demolidores ou resistir? Ficar com a certeza de um Porto para consumo interno, ou uma equipa para lutar por mais? 

Na paragem para jantar algo antes do jogo, começam a chegar sinais preocupantes. Sérgio Oliveira no onze, com Oliver de fora, e a manutenção da aposta em Marega. Fiquei petrificado, perante o que mais me parecia uma Jesualdização ou Robsonização de Sérgio Conceição. Apostar num gajo que ainda não jogou esta época num jogo desta importância? "Estamos fodidos..." teimava em me dizer o meu sempre mais forte lado pessimista. Sérgio Conceição tinha prometido um Porto à altura dos seus pregaminhos na antevisão deste jogo. Teríamos mais um NES no banco, mais promessas de muita coisa, e desenhos em quadros, e não fazer um caralho dum remate à baliza porque vamos todos borrados para dentro de campo?

Começa o jogo, e nota-se que estamos ansiosos. A bola corre mais próximo da baliza lá do fundo, e umas perdas de bola deixam-nos alguns calafrios na espinha. Mas a equipa solta-se, e vai chegando à frente. Primeiro sem perigo; de repente com mais algum perigo. "Lá vamos nós para a merda dos lançamentos longos", pensei eu a revirar os olhos ao ver Alex Telles a dar passadas largas para efectuar o lançamento de linha lateral. Confusão. Aboubakaaaaar.... GOOOOOOLOOOOOOO!!! A bancada vem abaixo, abraça-se os amigos e também aqueles que estão à volta. Ficámos na frente, de forma natural face ao que fomos crescendo no jogo. Até ao intervalo, mais uns avisos, e zero sobressaltos lá atrás. Exibição de personalidade. "Carago, o gajo prometeu e, sem dúvida, cumpriu." Em 45 minutos Sérgio mostrou-nos que o Porto tinha realmente ido ao Mónaco para mostrar a sua fibra. Isto com Herrera, Marega e a "invenção" Sérgio Oliveira. Sem Óliver ou Corona. Com um Brahimi que, ao intervalo, levava mais dribles do que 5 ou 6 equipas da Champions juntas nessa noite. Isso e os rins dum desgraçado dum jogador adversário, que ficou estatelado lá perto da nossa área face a mais um momento de magia do Yacine. 


E agora, a ganhar 1-0, ficariamos fechadinhos cá atrás a defender o resultado? Conseguiríamos conter a natural reacção monegasca? Teríamos estofo para aguentar mais 45 minutos assim? Tivemos, oh se tivemos. Sérgio Oliveira faz um passe impossível, estilo "quarter-back", e só a sofreguidão impede Marega de marcar, só com o guarda-redes pela frente. E nem vos digo a maravilha que foi ver da bancada visitante o desenrolar da jogada do 0-2. A prova de que levávamos a lição muito bem estudada, sabendo exactamente onde "matar" o nosso adversário com o futebol mais simples do mundo. Drible de Brahimi, passe magistral a desmarcar Marega que, com espaço, fica sem ter de tentar fintar (porque não sabe), mas pode correr como um desalmado (fá-lo na perfeição) e ganhar facilmente vantagem sobre o defesa. Passe para o meio e... foi só encostar. Futebol de contra-ataque, simples e eficaz. Um drible, dois passes, para fazer a bola chegar da nossa área à baliza contrária. Simples, mas trabalhoso. Eficaz, mas bem trabalhado. Dando de barato que o último golo surgiu já numa fase de muito desacerto monegasco, fica a nota para a sede de mais golos que os nossos jogadores quiseram saciar. 

0-3 no Mónaco. Honestamente, quantos de nós imaginaram que fosse possível uma vitória tão clara frente a um adversário tão complicado, fora de portas? Arrisco-me a dizer que ninguém imaginou um cenário desses. Ninguém imaginou uma vitória ao nível daqueles fabulosos 0-5 em Bremen.
A não ser... Sérgio Conceição. Porque não foi do nada que surgiu esta colossal vitória europeia; viu-se ali trabalho de casa, a cada recuperação de bola e saída em transição, sempre com movimentações bem definidas pelos 4 da frente (Brahimi, Marega, Aboubakar e... Herrera), ou a cada vez que o jogo do Mónaco era conduzido para as faixas, surgindo cruzamentos que foram sendo sucessiva e serenamente cortados pelas nossas torres. A diferença entre o querer fazer, e o fazer. O prometer e o cumprir. Foi-me prometido um Porto à Porto, e foi isso que tive. E teria tido, mesmo que o resultado fosse outro, porque a forma como a equipa se vai movendo, e como se compensa quando há falhas (porque as há, e não são poucas) é de um grupo que está a ser preparado para poder quebrar, mas nunca, nunca, nunca torcer. Sérgio disse-o, e os jogadores acreditaram e sentiu-se que foram para dentro do campo com esse objectivo: ser Porto, sem ter de andar a propalá-lo com hashtags. E foda-se, se há coisa mais linda do que ver os extremos do plantel (em termos de qualidade de futebol), Yacine e Marega, a lutar com a mesma abnegação e orientação para o bem comum?

O primeiro passo para se ter sucesso num desporto colectivo é conhecer muito bem os nossos pontos fortes e, sobretudo, as fraquezas, para se conseguir camuflá-las ao máximo. Todos sabemos que Brahimi é um génio com a bola nos pés, e a malta deixa-o fazer os seus desequilíbrios a vontade. Mas se é Marega que fica sozinho, logo surgem inúmeras linhas de passe, para lhe retirar a pressão de ter de fazer o que não consegue: fintar. Nestes pontos simples, vê-se uma equipa que se conhece bem. Sabe até onde e como pode ir. Isto vale ouro. E o mérito tem de ser dado ao timoneiro. A cada jogo que passa, e percebendo cada vez mais o quão limitados estamos financeiramente e a nível de opções de plantel, dou cada vez mais mérito e sinto cada vez mais respeito por um indivíduo que: 

1- não foi a primeira opção e, sabendo-o, aceitou vir
2- teve de andar a juntar "restos" e, sabendo-o não virou a cara
3- nesse contexto, e com a desconfiança da grande maioria dos sócios e adeptos do clube (eu inclusive) conseguiu esta senda de resultados favoráveis, e recolocar de novo a equipa e o público muito próximos.

Sem lugares comuns, sem discursos vazios, sem arrogâncias. Com trabalho e serenidade.

Escrevo isto ainda antes de irmos a Alvalade. Não tenho ilusões: estaremos perante o adversário mais duro de roer no seu reduto nos últimos anos, temos um historial altamente desfavorável e somos o alvo a abater como líderes isolados. Mas eu acho que é mesmo disto que o Sérgio gosta. E estou profundamente convicto de que cada centímetro de cada jogador do Porto irá entrar em campo em Alvalade com o espírito certo, que o jogo foi bem preparado, e que não haverá lugar a vitórias morais, ou a jogar para festejar empates. Nunca o senti nas épocas anteriores, e devo ao Sérgio senti-lo agora. Pode correr mal? Obviamente que sim. Mas em Alvalade, mais do que nunca, acredito naqueles rapazes. E se correr mal? Foda-se, continuo a acreditar. 

Acho que, mesmo com todas as limitações do mundo, há 4 anos que não estávamos tão próximo de começar a reerguer-nos como nesta época.  

Um abraço a todos,

Z


sábado, 23 de setembro de 2017

Análise FC Porto 5-2 Portimonense - Noite de Gala no Dragão


E ao sétimo dia, Ópera.(Eu sei, eu sei, escusadita a piada mas hey, também posso...) Assim se pode designar uma das melhores exibições do FC Porto nos últimos anos, apenas entrecortadas pelo sono que teima em entrar de vez em quando e que deu um travo amargo a Iker Casillas, sem qualquer culpa nos golos e que ainda fez duas defesas ao seu nível.

O FC Porto não deu hipóteses, entrou forte e dominador, intenso e agressivo, à procura do golo com uma paixão que já não lhe vira há muito tempo. Sim, é verdade que o FC Porto vem num crescendo exibicional, mas o golo de Marega  e de Brahimi ( o quinto ) são qualquer coisa digna de memória.

E bem justificados, diga-se. Brahimi foi absolutamente magistral, esteve sempre aguerrido, ofensiva e defensivamente entregue à equipa e solto. Para mim, é um absoluto génio. E quanto a Marega, o golo que marcou foi um golo de classe, a sua disponibilidade para o jogo, a sua velocidade e o seu poderio físico são sempre impressionantes, e nota-se que a confiança e a adoração dos adeptos - tem já música e nota-se a alegria - estão, aos poucos e poucos, a transformar a pedra da sua técnica num diamante que parece começar a formar-se.

Assim sendo, depois de três golos em seis minutos e ainda antes da meia hora de jogo, foi natural um certo deslumbramento que conduziu a um jogo lento mas não controlado. Aí, é natural que o Portimonense - uma equipa muito melhor do que o resultado faz supor - tivesse aproveitado e um letal Nakajima fizesse um golo de trivela de belo efeito, que poria o FC Porto num sentido que o Pirtimonense merecia que se tivesse.

Foi bom ver que a segunda parte trouxe o melhor FC Porto de volta, pelo menos até ao quinto golo. Esta foi a parte final onde Brahimi teve o retorno merecido - bisar e colocar-se outra vez na lista de melhores marcadores da equipa. O quinto golo, é digno dos livros, com o calcanhar de Aboubakar, o túnel de Herrera - ontem, felizmente, na sua versão Hector Miguel  - e a finalização de classe de Brahimi vão figurar, certamente, nos melhores momentos do Dragão durante muito tempo. 


Depois, a soneira voltou a instalar-se num Dragão que, compreensivamente, estava já com a cabeça no principado e em terça feira. O golo do Portimonense era escusado e foi uma falha defensiva de quem não costuma falhar. Mas não se pode querer tudo. A exibição só pode ter uma nota: Excelente!

Resta-me apenas acrescentar que gostei de ver o 4x3x3, com Óliver a partilhar o meio campo com Herrera e o bom entendimento destes,  Marega encostado à direita no lugar de um inconstante e incipiente Corona, que teima em não apanhar o autocarro da equipa, e da segurança e estabilidade que esta táctica trazem. Com certeza, uma antecâmara para os jogos com o Mónaco e o Sporting, onde o 4x4x2 me parece instável e inseguro. Também gostei de ver confirmada a minha teoria de que Diego Reyes é uma boa alternativa a Danilo. 

Acabamos em festa, isolados no primeiro lugar e num pleno de vitórias. Os sinais que vemos são prematuros mas positivos. E isso tem um "culpado" - Sérgio Conceição. É certo que talvez tenha vindo num certo despropósito a sua atitude, ou um certo exagero nesta casuística, mas a verdade é que o acumulado tem a sua preponderância e o seu peso. Assim sendo, adorei. Foi um ponto de ordem que se impunha. Que sirva de exemplo.

E quanto a um Basta, falemos então de Fernando "Facadinhas" Gomes. Creio que o Drax disse tudo, mas quero só acrescentar o seguinte - não me surpreende nada a atitude subalterna e subserviente. As ambições deste são o topo do futebol europeu e isso é o que lhe interessa. Assim sendo dava jeito que nos calássemos. Só que não vai ser assim! E mais, senhor Facadinhas: nós não falamos por causa de "insucessos". Estamos em primeiro lugar. Falamos por factos. E não nos vamos calar!!! 

quinta-feira, 14 de setembro de 2017

Análise FC Porto 1-3 Besiktas - Ferida Exposta


Ainda bem que esperei umas horas até escrever estas linhas. 

Para já, quero começar por aplaudir de pé a frontalidade deste homem. Sim, a verdade é que a responsabilidade começa mesmo nele. Principalmente, na sua inexperiência. Sérgio nunca tinha estado nesta posição. Ponto. Mas é verdade que é lugar comum dizer-se que o FC Porto, nas competições europeias, deve povoar mais o meio campo, tendendo para 4x3x3 ou um 4x2x3x1, ao invés do 4x2x4 efectivo que se viu,  apesar de, na maioria das vezes, Brahimi - aquele que, juntamente com Marega, foi quem foi capaz de escapar à exibição paupérrima dos seus companheiros - ter dado algum apoio defensivo.

Essa assimetria do meio campo, e uma desinspirada noite de Óliver  - a quem, no estádio, me apeteceu rebentar - e mais ainda de Danilo, que está absolutamente irreconhecível, deram azo a que o Besiktas - que tal como previra, tinha a tarimba e a maturidade como armas contra a meninice dos nossos - pudesse fazer o jogo que queria, com particular destaque para o nosso corredor direito, em que Corona e Ricardo não se entenderam ou apoiaram minimamente.

Só que do nosso lado também houve oportunidades. A bola ao poste de Óliver, a corrida do mesmo, que Soares fez o favor de cortar, o remate com uma excelente defesa de Corona. Três golos claros. Porque, sim, é urgente mais golo a esta equipa. É urgente que, de uma vez por todas, as oportunidades claras sejam golos e não mais um passe, mais uma finta, mais um nervo. Futebol vive de golos. E lá porque Óliver foi quem mais bolas recuperou - 8, no total - isso não faz com que baste. Não basta.

Só que o pior estava para vir. Deu-se a ilusão que, no início, a troca de Óliver por André André tinha surtido efeito. Mentira. Ao trocar Corona por Ótávio, preencheu-se mais o meio campo. Só que lá se foi a pouca definição que havia. Há quem goste das corridas tolas que vimos na segunda parte? Whoopty-Doo. A verdade é que, chegados à áres, os remates eram à figura ou fora de postes. Tínhamos, efectivamente, piorado.

Não causou surpresa que o Besiktas tivesse ainda ampliado mais a vantagem. Porque ficou a nú a nossa ferida exposta. A falta de qualidade do nosso banco não é culpa do treinador. Urge ir buscar um Lucho. Se queremos jogar em 4x2x4, temos de ter um médio que tenha golo. Senão temos de mudar a táctica. Não se pode jogar contra equipas maduras e entrosadas da mesma forma que se joga contra um Moreirense desta vida.

Mas urge, mais do que tudo entender que é o que temos e que sem ovos não se fazem omeletes. Ponto. Para consumo interno talvez dê. Na Champions... sem alternativas credíveis ... é muito complicado. Quem de direito resolva. Ou aceite-se.


NOTA: Éa a quinta vez que uma equipa despede umn treinador nas vésperas de jogar contra o benfas. Coincidências, certamente...

Estou-me a borrifar se Aboubakar, esse Portista da Ribeira, com o sange azul e branco a correr-lhe nas veias, vai ou não para o balneário rir-se com os ex-colegas. É bonito? Não. É o futebol moderno? Com certeza.

quinta-feira, 10 de agosto de 2017

FC Porto 4-0 Estoril - Maregol Ao Compasso do Maestro, Apesar Do Ladrão Miguel


Ambiente excelente no meu reencontro com amigos - na verdade, nem por isso! Como é, minha gente? Talvez por ser quarta-feira.. - e com a emoção de voltar a fazer aquela curva ventosa antes da minha porta de entrada. No meio de um mar de gente claramente não a habitué, lá me sentei, entusiasmado para ver o jogo, com alguns nervos.

Nervos, esses, que também tinham eco na equipa. O FC Porto entrou algo perdido em campo, visivelmente ansioso, a tentar fazer o seu jogo, mas a falhar na "hora da verdade". Quer dizer, a falhar, ou talvez não! Do outro lado estava uma equipa que, aposto, será uma das cinco primeiras desta época. 

O Estoril é uma equipa invejavelmente organizada, com uma subida e descida em bloco impressionantes e com uma velocidade de trocas de bola em zona de finalização e basculização de jogo impressionantes. Não fosse termos na baliza um monstro chamado Iker Casillas e, pelo menos duas, tinham morado lá dentro. Pedro Emanuel fez o jogo que lhe foi possível. Mas isso não lhe retira mérito algum! Bem pelo contrário!

Havia também outro porquê. Aboubakar falhava todas as oportunidades que lhe eram apresentadas, com Alex Telles- - mais um bom jogo, seguro - à cabeça, e as que metia, eram anuladas. Notava-se a frustração e ansiedade na cara do Vincent. Abou é assim, sinusoidal. Habituemos-nos. No entanto, nem só de golos vive um ponta de lança e em tudo o resto Abou esteve espectacular - nas tabelas, na criação de linhas de passe, no apoio defensivo e  na recepção - excepto na área. 


Quem tenha estranhado a falta da pressão sufocante na primeira meia hora, encontra rapidamente a resposta. Estávamos a jogar, a essa altura, com dez. Soares entrou lesionado, saiu pior. Nada da explosão nem das corridas. Nunca deveria ter entrado. Mas antes de culparmos Sérgio Conceição ou o Dr. Pulga, convém lembrar que Soares é, com certeza,  daqueles perigosos que diz sempre que está porreiro, mesmo quando está todo rebentado. Fica de aviso. Que seja pouco tempo, que precisamos dele. Sim, porque Rui Pedro tem de estar é a jogar na B e nem sempre Marega será Maregol

Só que ontem foi. É injusto dizer que Marega teve sorte. Marega acreditou e foi buscar e aproveitar o erro adversário com eficácia, isso sim. E depois, não valeu só por isso! Marcou outra vez mas, principalmente, foi capaz de segurar a bola, de roubar bola, de defender, de subir, de procurar a linha e de fazer bons cruzamentos! É muito bom ver que os jogadores valem bem mais do que achamos. Como os meus colegas e amigos do A Culpa é do Cavani. É verdade, saiu um episódio novo, um bónus. A ouvir aqui.

Juntamente com isso, ontem foi uma noite de Yacine Brahimi brilhar. Não esteve tão bem defensivamente como Corona, mas vai ser uma dor de cabeça para os adversários. Principalmente, quando virem que as faltas sobre ele são mesmo faltas! Brahimi com liberdade é um perigo à solta. E não só para si, como a criar espaços para colegas e a fazer passes para ocasião!


Mas a noite foi do grande mestre disto tudo, o Maestrinho Óliver. Para termos ideia do crime que foi cometido sobre Óliver no ano passado, este acabou o ano com três golos - um de ressalto - e três assistências. Três! Ontem, Óliver fez duas. Num só jogo. A diferença não está em Óliver nem no que ele é capaz de fazer, mas sim em como é utilizado. Ao contrário do outro coisinho, Sérgio Conceição sabe da importância absolutamente basilar de Óliver. De tal maneira que é indiscutível para SC, marcando inclusivamente cantos e livres. O resto é o Óli que (quase) todos apreciamos: intenso, com uma leitura prodigiosa do jogo, e neste momento, também agressivo na recuperação de bola e rápido no apoio defensivo. A Óli só falta golo. Esperemos que venha depressa. Entretanto, deleitemos-nos com o seu futebol. Óliver Torres será, com certeza, um cometa de lastro brilhante que passará por cá pouco tempo. E será um orgulho ter vestido o Manto Sagrado.

Finalmente, outro que merece todas as loas é o nosso Capitão. Marcano esteve soberbo. Soberbo! Na defesa, impecável, nos tempos de jogo, excelente. Já teve toda a praxe de capitães - já levou um soco na cara e já jogou lixado, marcou um golo que o imbecil de quem falarei a seguir não queria validar e soube pôr o gelo no jogo quando isso o exigiu. Ivan Marcano. O Capitão do FC Porto. Um verdadeiro Smooth Operator. E mai nada!


Este idiota deste grandessíssimo filho de trinta putas - como diz um amigo meu - é o paradigma do verdadeiro inimigo que teremos de enfrentar. Mais do que Paixão, Capela e Mota, este asno é tudo o que está errado na arbitragem. Tendencioso, maldoso, propositado e provocador, Hugo Miguel só conseguia ver faltas a favor do FC Porto se não fossem perigosas para o Estoril, ficou claramente com Brahimi atravessado e foi absolutamente nojento na sua dualidade de critérios, sendo o ex-líbris o amarelo patético a Danilo, o ignorar um violento pontapé nas "jóias de família" de Hernâni e este vómito que vemos em cima. Sim, é verdade. Soares estava de lágrimas e este grandessíssimo cabrão de merda estava a mandá-lo levantar-se! Não esquecemos o "veneno" e o que andas a semear vai ser a colheita da tua desgraça! Não é falta de qualidade - é absoluto ataque. Não é possível permitir isto!

Por último, uma palavra a Sérgio Conceição: obrigado! Obrigado por nos devolveres a alegria em ver o FC Porto, a esperança e os golos. Bem sei que havia muita gente a rezar que fosse a erecção mictória mas não é! Com a tua direcção, o FC Porto está sempre mais perto da vitória! E o milagre que fazes neste plantel não pode ser ignorada! Força, estamos contigo! 

Venha o Tondela. Temos umas continhas para ajustar com o senhor Surreal.

quinta-feira, 3 de agosto de 2017

Ui! Dureza! Eh, pá! Habituem-se!


- Então Míster, que achou? Ganda resultado, ein? 3-1, e ainda jogaram de man...

- Num gostei nada desta porra! Meninas! Lentos comá porra! É assim que querem ganhar isto? Ai o carailhe!

- Mas mister, nunca desistiram, e foram sempre à procura do resul..

- Epá, homem! Já disse que num curti! Num foi isto que lhes estive a ensinar! Parecia um jogo do outro caramelo! Estive a isto .. a ISTO! .. de mandar uma garrafa à tola do Otávio se ele me fazia mais um passe à Herrera! Porra pá!

- Oh Mister, mas a carga física muito intens...

- Maaaaaaaaaaaaau! Queres levar uma cabeçada? Num percebes português, baixinho? Vais ver a carga intensa quando os puser a correr no sentido contrário aos ponteiros do relógio às 6:30 da manhã! Agora vou mas é pôr-me no carago, que irritado e rouco já tou eu que chegue! Cambada de mimalhões!

Foi este, mais ou menos, o resumo das declarações de Sérgio Conceição no fim do jogo. E ao intervalo. E durante. Foi, de facto, um jogo de passada lenta, desligado e descoordenado, com uma cadência baixa e uma ausência de critério estranha. E foi assim que, inaceitavelmente, vencemos 3-1

Pois é, para SC nada importa que tivesse sido o segundo jogo no dia, que muitos dos jogadores tivessem jogado as duas partidas, que Óliver, Marcano, Felipe, Ricardo e Soares estejam a fazer todos os jogos, no caso do nosso Capitão Suave, praticamente os 90 minutos de todos eles, pouco importa que a equipa nunca tenha baixado os braços, que praticamente todo o plantel tenha jogado no dia de ontem, que Soares tenha mostrado uma qualidade e uma visão muito boa e que Sérgio Oliveira tenha aproveitado a última paragem do comboio, com duas assistências para golo. 

Para Sérgio Conceição não significaria nada se lhe disséssemos que, apesar de tudo, na época passada fizemos jogos bem piores - sem nenhum na manhã! - onde o resultado foi pior, mas na sala de imprensa se falava de "competir bem", de "mostrar solidez defensiva" e outras pérolas quejandas.

É esta a dureza e a exigência de um treinador que quer tudo dos seus atletas! Eh, pá, habituem-se! Nós gostamos! Até porque pensamos exactamente da mesma maneira! Ah, grande Sérgio!

Entretanto, aqueles que nos chamam de "intervencionados" estão a viver um "fenómeno do Entroncamento", só que mais a sul... então não é que parece que os guarda-redes são caros e que precisam de "partilhas de passe" e os laterais afinal já "não reune[m] as condições necessárias pedidas pelo [fifica]"? Pois, pois é! Onde estão as vendas fantabulásticas!? 

Uns vivem com as realidade, apesar de algo dura, se calhar. Outros... comem tudo o que lhes põe no prato! 

Aos jogadores... é melhor respirar, respirar e respirar!

segunda-feira, 31 de julho de 2017

Pressão Intensidade do Porto [ACTUALIZADO]


Dia de retorno. De respirar o aroma da relva do Dragão. Do reencontro com os amigos. De emoções fortes, de me sentar no meu lugar anual - a minha cadeira de sonho. Não há como esta. Mas confesso, agora mais.

Como mais expectativa. Com mais curiosidade. A esta altura, não o nego, com mais fé. Acredito no futebol proposto por Sérgio Conceição. Acredito na sua intensidade, acredito na sua vertigem, acredito na pressão, na garra, no empenho e na sua  organização. 

É pré-época e ela quer dizer o que quer dizer. Eu não acho que outros estejam mortos por perder de goleada, como também sei que nada está ganho, muito pelo contrário!

Mas perdoem-me, a sério, se fico entusiasmado quando vejo dois mísseis como Soares e Aboubakar a jogar daquela forma juntos! A sério, peço desculpa por me levantar da cadeira ao ver Brahimi e Corona a fazer diagonais em sprint para roubar uma bola ou para fazer compensação defensiva. E, desculpem, a sério, por adorar ver o nosso número 10 a mostrar muito - não ainda todo! - do seu potencial, ao ser o pêndulo da equipa, o distribuidor por excelência e um agressivo recuperador de bolas. Perdoem-me por ficar feliz por ver laterais rápidos e precisos. 

E eu sei, eu sei, Danilo ainda está longe de estar bem - mas perdoem-me também por compreender que a sua forma ainda não está no ponto e que está a mudar todo o seu estilo de jogo! - e isso obriga os nossos centrais a umas horas extra. Mas perdoem-me também por ver um, em tempos, mal amado, fazer por merecer totalmente a braçadeira que usa! E, por, juro, ficar feliz por ter a nossa baliza ainda defendida por uma lenda!


Mas, mais do que tudo, perdoem-me o orgulho neste senhor! Posso vir a arrepender-me do que digo, mas o que mais adorei foi olhar para baixo e ver aquele homem eléctrico, sempre a corrigir erros, a dar indicações e a corporizar o que é, verdeiramente, uma fome de vencer! A atitude, a crença, a garra e a agressividade da equipa em campo é um espelho da atitude do seu líder!

E mais! Coincidência das coincidências, este ano a "festa" foi mais curta antes do jogo, e o nosso Mister diz que não gosta de festas! Coincidências!

O caminho faz-se caminhando, mas um caminho bem gizado faz-se bem melhor! A esta altura, este parece sê-lo. Um passo de cada vez mas, perdoem-me, desta vez cheio de crença e de fé!

NOTA: É o Ex-Líbris da impunidade, é o cúmulo da desfaçatez, mas é também uma forma de provar o real poder de uma pessoa destas.

Esta frase diz tudo - é uma provocação! Esta frase diz: façam alguma coisa, se conseguirem!

Agora, é simples: ou o IPDJ prova que o Governo da República não é, nem pode, ser instrumentalizado por um clube de futebol, ou bem que fica de vez demonstrado que o poder das papoilas vai muito para além do Desporto!

Mas, mais interessante ainda, é ver adeptos e cartilhados a defender acerrimamente estas provocações! Se bieirinha se lembrasse de dizer que o céu era cor-de.rosa, logo 5 blogs, 3 jornais e 2 programas de televisão o diriam sem pestanejar!

Estamos na república das bananas. E ainda há Portistas que aceitam argumentos de cartilhados??

ACTUALIZAÇÃO: Não foi preciso esperar muito. Está confirmado, as papoilas mandam, efectivamente, no Governo. Estamos num absurdo total. Num País decente, os responsáveis apresentavam demissão. Estamos em Portugal. Tudo na mesma como a lesma.

Que sirva para que os Portistas abram os olhos.


sexta-feira, 28 de julho de 2017

Bons Sinais Num Bom Caminho


É necessário relevar que é um jogo de pré-época, mas não é possível desmentir que o trabalho feito, desde já, por Sérgio Conceição. O FC Porto joga, a esta altura, com uma alegria e um faro de golo absolutamente impressionantes. Nomeadamente quando comparados com o ano passado.

Soares e, em especial, Aboubakar, são dois tanques, duas metralhadoras de assalto, que deixam as defesas aos papeis, e as constantes trocas posicionais entre o meio campo e as alas, criam um dinamismo atacante muito bom. Sempre pautados pelo ritmo e a cadência da batuta do Maestrinho Óliver, a equipa dança da esquerda para a direita, sempre com uma visão na cabeça: procurar criar situações de golo 

Se, no início, Corona até se destacou - a primeira assistência para golo, o de Soares, é dele - o fulgor perdeu-se ao longo dos minutos e tornou em evidência o regresso do perfume magrebino de Brahimi. Já está a voltar - recorde-se que começou a pré-época mais tarde - e a aproveitar muito melhor o espaço, dada a liberdade orientada que Sérgio lhe dá. Sim, liberdade orientada, uma vez que, ao contrário do seu antecessor, Sérgio treina de facto as triangulações, o passe e corre, as desmarcações ofensivas. Mas voltando a Brahimi, a jogada do seu golo da primeira parte é linda! Óliver faz um passe extraordinário para Soares, este temporiza - não é, pois, corre-corre à maluca - e entrega de bandeja a Brahimi, que tem a inteligência de deitar o guarda-redes e colocar a bola no fundo das redes. Este golo e o de Hernâni são, para mim, exemplificativos da mudança de Sérgio. Mas já lá vamos.


O que se seguiu, o nosso Mister não gostou. Eu entendo, Mister. Eu vi-te a entrar no campo no jogo de homenagem ao Mágico, como se da final da Champions se tratasse. Aliás, tu e o Davids estavam a jogar outro jogo! Por isso, compreendo-te: contigo, descansar é no Batalha! Eu percebo que a equipa relaxou e baixou o ritmo, o que destacou um Danilo hesitante e meio perdido. Entenda-se: pediram-lhe sempre para ser um Fernando. Agora, pedem-lhe para ser um Vieira. Ou um Pirlo versão XL. O rapaz ainda está perdido. Chegou na semana passada. Vê-se que ficou tão tonto como a defesa do Portimonense. 

O relaxamento, de que o nosso Mister não gostou - aqui, "competir" é no Batalha! - levou ao golo de honra da equipa de Portimão - merecido, diga-se - e à tentativa de reacção do FC Porto. E, se no primeiro caso, Marcano não esteve bem, na segunda parte faz um duplo corte digno de um Capitão com um C muito grande!

A equipa foi para o balneário com as orelhas a arder - se calhar, até já no túnel! - e voltou de lá com novo meio campo refrescado, por um Herrera cada vez mais confortável nesta posição recuada e um André André a fazer jus ao apelido e a querer compensar a patetice de dois dias antes. Com eles, a equipa voltou a carburar à velocidade Sérgio - perto da Mach 1 - e a alegria rendeu mais dois golos, um deles uma insistência à André com uma excelente assistência, o outro uma assistência genial de Herrera - sim, esse Herrera! - para um Hernâni muito mais solto e velocista, que vai dar muito jeitinho o ano todo.


Não destaco ninguém, das múltiplas entradas seguintes, pela negativa. É certo que Sérgio Oliveira e Rafa voltaram a não jogar, e mesmo Mikel parece estar a perder tracção para outras soluções do plantel, como Herrera e André André, para render Danilo, dependendo dos jogos. Um destaque especial para uma soberba jogada defensiva de Layún, que vem, de certeza, mostrar ao Mister que as decisões que tem a fazer são difíceis, muito difíceis.

NOTA: O que aconteceu ontem na transmissão deste jogo por parte do Porto Canal é amador, ridículo e inadmissível! Se o nosso rival tem uma televisão em termos, paga, e de alta qualidade - porque é que o Porto Canal não tem HD em todo o lado?! - nós temos uma brincadeira! Não se concebe como o ponto fulcral da compra do Porto Canal pelo FC Porto não tenha sido assegurado! Ou melhor, compreende-se: Juca Magalhães só quer saber da parte generalista! 

Meu caro Juca: se há quem veja o resto do que mostra a grelha - alguns, poucos, com boa qualidade - é porque este é o canal do FC Porto! Sem esse, o Porto Canal era zero! Por isso, que isto nunca mais se passe, e que os responsáveis por esta vergonha sejam apurados e lidados em termos!

Livrem-se de voltar a fazer uma destas!

segunda-feira, 24 de julho de 2017

O Excelente (FC Porto), O Péssimo (Árbitro) e o Cavani (InSisto)


Ora muito bem, vamos a isto. Não me acusem de embandeirar em arco, mas há muito, muito tempo que não via um FC Porto como este dos primeiros 45 minutos do jogo de ontem. É certo que o jogo do Nacional foi maravilhoso - dia do Pai, dia de uma imensa alegria projectada no sorriso do cimentar do Portismo na minha filha, no seu ar de êxtase aos saltos a cada música do golo - mas este foi qualquer coisa. Apesar de ser cedo, senti por momentos, na primeira parte, um FC Porto esmagador que não dava hipóteses ao adversário. Será para ficar?

Entramos fortes, intensos, sufocantes e pressionantes, com rápidas trocas, tabelas, cruzamentos, remates, bolas ao poste, bolas ao lado e o aproveitamento total do erro adversário! Aboubakar e Soares foram os porta-estandartes, verdadeiras pontas da lança que feria mortalmente o adversário que, ao contrário do que já propagandeia o inimigo, pura e simplesmente apresentava o melhor do seu plantel no jogo - só que nem cheirava! Óliver finalmente aproveita o imensíssimo potencial que tem para ser o Maestrinho que o seu Coração Azul e Branco dita, Otávio a ser o imprevisível vagabundo com a liberdade total de movimentos que merece para o seu talento em grau correspondente e toda a defesa a ser aquilo que é, uma parede de cimento, com um alegre Alex Telles ainda a seguir aquele corredor como um louco, a cruzar como uma catapulta bombas de perigo. Mas o pináculo desta forma de jogar é mesmo o MVP deste jogo, o grande e polivalente Ricardo Pereira que é exímio a defender e a atacar, e em qualquer dos extremos onde o coloquem - superiores e inferiores. Quase marcava o merecido golo, com uma bola colocada pelo Maestrinho nos seus pés que levava selo de golo. Mas tudo isto promete, e muito. A confirmar em breve. Por ora, um sorriso nos lábios Portistas já é excelente.


E depois do excelente, o péssimo. Péssimo logo no início da segunda parte, com André André a dar cabo dos planos de Sérgio Conceição ao ser bem expulso por uma entrada assassina à canela de um adversário. Estão a ver, mouros? Ninguém aqui disputa a justiça da expulsão! Mas João "Mostovoi" Pinheiro mostrou, uma vez mais - sim, o jogo das papoilas contra o Hull City já foi um aperitivo! - bem ao que vinha ao, a seguir, numa entrada equivalente de Vigário sobre Ricardo Pereira, não ter ido além do amarelo. Amarelo esse que, escândalo dos escândalos, voltaria a repetir a Ivan Marcano por protestar desta decisão - melhor ainda, por (grande atitude de Capitão!) ter lá ido perguntar, muito justamente, se não iria dar vermelho também a esta! Então, como é? Um Capitão já não pode protestar uma decisão ou comunicar com árbitro, como porta-voz da equipa, desde que de uma forma educada? Para que serve a braçadeira!? E, seguindo esse critério palerma, quantos segundos em campo durariam Adrien Silva ou Luisão, este último que até dança com Ferraris? Um escândalo! Mas, sobre isso, este vídeo dos Guerreiros da Invicta mostra bem a sinopse do que veremos este ano! 

E é claro, com isto, lá se foi a qualidade de jogo, ainda que com bons apontamentos, mas que em nada servirão Conceição, a não ser ao ficar descansado por ver que a equipa, apesar de mutilada, a ser consistente e sólida defensivamente - e aqui e ali, polvilhada por momentos que ainda dariam o terceiro golo.

De uma vez por todas, que entendam as entidades competentes que, ao comparar a arbitragem de Jorge Sousa com a de Mostovoi, se percebe bem que a qualidade favorece o jogo de futebol enquanto que alguém manifestamente inseguro, imaturo e instável só o vai prejudicar! Iremos combater as missas com efectiva qualidade de jogo. Mas a liga portuguesa só se continuará a afundar nesta palhaçada!

Mas nem tudo é mau! Venho, com alegria, anunciar a terceira edição do podcast A Culpa é do Cavani, que orgulhosamente faço com o Jorge do Porta 19 e o Silva da Tasca do Silva. Esta semana, falamos da pré-época - gravamos antes do jogo de Guimarães - de Sérgio Conceição, de Óliver e de Sérgio Oliveira, mas também do amor do Silva pelo grande Pione Sisto

Desta vez com som em HD e duração de gente,  uma vez mais os convido a deixar as vossas críticas e sugestões aqui em comentário ou para o email cavani@porta19.com.

Obrigado! 

PS - Pos é, Lindelof, as regras do futebol fora do laguinho são outras! Já deves ter as orelhas a arder!

sexta-feira, 21 de julho de 2017

O (Bom) Trabalho Em Curso - Meio Campo e Ataque

Antes de mais, porque o importante vem primeiro, quero desejar rápidas melhoras ao Presidente Pinto da Costa, figura maior do Desporto Mundial - nunca esquecer disto! Outros serão presidentes, mas o Olimpo das Lendas está reservado para muito poucos! Acho curioso, no entanto, que as "virgens ofendidas" que se indignaram com um inofensivo - mas sim, de mau gosto - cântico de uma claque e fizeram disso um escabeche, estejam agora alegremente a gozar com um acidente de saúde e, uma vez mais, a desejar a morte de um ser humano! Que isto fique bem sublinhado.


Voltando ao tema de ontem, prosseguimos então para o importante miolo, a "casa das máquinas", onde muito se tem visto - e muito que, para alguns, é surpreendente. Na ausência de Danilo por lesão, Mikel Agu fez a posição 6, repartida com André André, num feliz regresso ao lugar do seu Pai. Mas Agu mostrou que segue o estilo do seu concorrente natural - um médio de predominância defensiva, embora ainda com alguns defeitos de posicionamento, que também estou certo que Sérgio Conceição saberá dirimir. Agu é forte na pressão e intenso na recuperação. Em breve será um provável dono da posição - dependendo do estilo que Sérgio queira. Sim, porque André foi pressionante e intenso também, a "carraça" que já lhe conhecemos, mas naturalmente soube colocar melhor a bola na zona de ataque e foi mais rápido na criação de ataque e na dinâmica atacante. Mas Mikel é mais parede, o que não é nada mau. Para diferentes jogos, diferentes alternativas. Outro possível candidato a essa posição é Herrera, que já a fez muito bem na selecção mexicana. Voltou a entrar bem vindo do banco, melhor contra o Chivas - como todos - com uma assistência brilhante para Otávio e um par de excelentes remates. Não entendo, juro que não, a antipatia por Herrera. Tem as suas paragens cerebrais, mas bem aproveitado, por exemplo, a 6, é forte, possante e dinâmico.


Na posição 8, todos estiveram bem, uns mais outros menos, mas parece-me bem claro que Óliver conquistou o lugar, naturalmente. Contra o Chivas, então, fez 35 minutos do melhor Óliver, complementando com uma verticalidade e um assumir do comando muito inspirado, com uma alegria no jogo que já não víamos desde o tempo de Lopetegui. Essa verticalidade, a forma como pegou na bola e galgou metros, era uma das poucas coisas que faltava a Óliver. Se Sérgio - sim, dedo de treinador aqui, sem sombra de dúvida - souber reconciliá-lo com o remate... é um caso sério. A juntar a Óliver, João Teixeira e Sérgio Oliveira também estiveram em bom nível, em especial o primeiro, mostrando ser dignos de um voto de confiança para o plantel. A JCT só falta juntar ao seu perfume, intensidade e toque de bola, uma melhor definição do último passe. A Sérgio Oliveira, a única coisa que falta ver é se consegue ser consistente, uma vez que talento, remate exterior, capacidade de marcar livres e cantos - tudo coisas importantíssimas - não lhe falta. Esperemos que a maturidade tenha vindo com a melhor atitude que se lhe viu.


É no capítulo dos extremos que a porca torce o rabo. Ninguém me pareceu estar particularmente bem. Galeno, com tanta vontade de se mostrar ao mister, foi sempre sôfrego e pouco esclarecido, definindo mal e fazendo más escolhas, no capítulo da finalização ou passe para um colega desmarcado. Hernâni foi um desastre, uma vez que a altitude e o esforço físico tiram-lhe a capacidade de explosão, que é a sua principal característica. Apesar disso, acredito que fique no plantel, ao contrário de Galeno, a quem está bom de ver que deverá continuar a evoluir na B, embora com uma porta entreaberta para a A, ou um empréstimo a uma equipa da Primeira Liga. Tal como Hernâni, também a Corona não correu particularmente bem a vida. Cheguei, confesso, a esquecer-me que estava em campo. Também Corona me pareceu cansado e sem o discernimento necessário para fazer boas escolhas, na hora de rematar ou passar. De entre os extremos, apenas Brahimi me pareceu melhorar, embora o cansaço também lhe tire o drible e a capacidade de decisão. Acho que o sector deveria ser reforçado, ou aproveitar Ricardo e Layún quando fosse necessário. As soluções parecem bastante curtas. 


Na frente de ataque, acho que todos estiveram muito bem. Otávio parece muito bem como 9,5, com possibilidade de ser 10 numa variação de jogo. Excelente no apoio e combinação com Aboubakar, rápido, intenso e capaz de furar no espaço, com remate fácil e um golo de cabeça (!), dificilmente se poderia pedir melhor estreia. No entanto, também Soares esteve bem a fazer uma parceria demolidora com Aboubakar. Apesar de não ter marcado, foi rápido, ágil, rematador, intenso na recuperação e pressão, e mostrou jogar bem em tabelas e combinações (vide com Óliver e com Herrera). Mas, para mim, a maior surpresa, e quem pega de estaca, é mesmo Aboubakar. Sim, eu sei o que ele disse. Mas devo dizer que foi estranhamente deixado de lado pelos dois últimos treinadores. Abou tem o defeito de ser temperamental - no que parece ter evoluído - mas a qualidade e facilidade no remate estão lá. Uma belíssima surpresa, a fazer lembrar o início da sua segunda época. Entre ficar com eles e com Rui Pedro, ou ir comprar mais um ponta de lança, eis uma bela dor de cabeça. Por ventura não estará aqui um matador - se Abou estiver de cabeça limpa, sim - mas é sem dúvida um ataque cheio de qualidade.

Bons sinais, a confirmar domingo. Que é também dia de Cavani, o podcast, onde abordarei mais aprofundadamente esta pré-época. Para já, bons sinais. Serão confirmados? A ver, ansiosamente! 

quinta-feira, 20 de julho de 2017

O (Bom) Trabalho Em Curso - A Defesa e o Treinador

Findada que está a viagem da nossa equipa ao México, é hora de tirar as devidas conclusões e a fazer a sua avaliação. Já todos sabemos: vale o que vale, é pŕe-época, o resultado não importa para nada e, pelo menos nesta fase, as equipas, os onzes e as substituições não reflectem necessariamente as preferências de Sérgio Conceição para a época - é uma altura de testes, de tentativas, de desenhos de sistemas e dinâmicas. Bem aproveitadas, serão talvez - talvez!  - a base do que vem, mas não é forçosamente necessário que assim seja.

Ainda assim, destaco desde já o excelente trabalho de Sérgio Conceição nesta fase. O FC Porto jogou ontem numa intensidade - contra o Cruz Azul também, mas menos - e um sentido de baliza e objectividade que já não via há muito tempo. Os jogadores, na sua maioria, estão entregues e com uma vontade e uma garra muito grande. É notória a pressão altíssima e a reacção agressiva à perda de bola. É notório o trabalho de criação de dinâmicas ofensivas e combinações atacantes. É fácil de ver que, apesar da carga, há um avanço imenso em relação ao FC Porto de memória recente. Ainda não está tudo resolvido, nem lá perto, mas uma coisa é certa: já se nota dedo do treinador na equipa.

Vamos então ver, por sectores, como acho que estão as coisas. Hoje falarei da defesa, amanhã do meio campo e sector atacante.


Na baliza, Casillas continua igual a si mesmo - a classe em pessoa. Um par de excelentes defesas, a liderança e o pôr em sentido que lhe reconhecemos. Sérgio retirou-o cedo do jogo com o Chivas - não há nada a ver em relação a Casillas. É o que é, e há muitos anos. Já Sá, achei-o nervoso e instável. Não esteve seguro fora de postes, como ainda ano passado o vimos e, evidentemente, não tem oi sentido posicional de Casillas. Um ano mais a aprender com o Mestre ou ser emprestado a uma equipa competitiva e exigente far-lhe-ia muito bem. Quanto a Vaná, jogou ainda muito pouco tempo, teve zero de culpas no golo e nada que se destaque, por um lado ou outro.


Na defesa, a lateral direita tem uma qualidade estúpida, com Ricardo Pereira e Maxi em bom plano. Obviamente, o primeiro de uma forma mais ofensiva e projectada do que o segundo, mas com Ricardo Pereira e Maxi poderemos ter, sem problemas, um extremo e um lateral que resolvem completamente o corredor direito. Já na lateral esquerda, Rafa Soares está, quer-me parecer, a sofrer do mesmo mal de todos os que subiram de escalão: talvez o querer mostrar serviço não lhe esteja a deixar ser ele mesmo. Nada de cruzamentos milimétricos, nada da sua agressividade defensiva e até um estranho posicionamento comprometedor. A desmentir em Portugal, espero. Alex Telles foi um dos melhores do FC Porto nesta fase - intenso, aguerrido, veloz, presente. É o que foi grande parte do ano passado - um excelente lateral. Já Layún continua o mesmo defensivamente, mas acredito que, a ficar, possa ser bem aproveitado a extremo. Layún tem demasiada qualidade pela esquerda para ser desaproveitado.


No capítulo dos centrais, Felipe e Marcano continuam no mesmo patamar que estiveram no ano passado, com o segundo a melhorar contra o Chivas, uma vez que, contra o Cruz Azul, talvez devido à altitude, não esteve na sua normal eferverscência.  Mas neste último foi o Capitão que já nos habitou a ser: sério, sereno, mas presente e excelente no posicionamento e dobras. Indi esteve também oscilante, melhor no primeiro jogo e cumpridor neste segundo, mas ainda assim de nota positiva. Jorge Fernandes não jogou tempo suficiente para que lhe possa fazer alguma avaliação. 

A defesa, no seu todo,  pareceu-me comprometer no segundo golo do Chivas. O golo do Cruz Azul... enfim... é resultado de uma falta de entrosamento defensivo. O primeiro golo do Chivas é de anedota.

Acho engraçada a forma como os vendilhões da capital trataram os jogos do FC Porto. Continuem a tapar o Sol com a peneira! 

Não entendo como este importante assunto, também tratado pela Sporting TV, que conta com o importante trabalho de investigação de Bernardino Barros para além do supra-linkado Mister do Café, não esteja a ter a devida relevância por parte do Porto Canal e dos responsáveis de Comunicação do FC Porto. À excepção dos emails, às vezes perde-se demasiado tempo com fait divers marinheiros e que não querem dizer absolutamente nada, em vez de dar destaque a uma manobra de bastidores que será, com certeza, bastante prejudicial. Chorar sobre leite derramado não adianta nada!

Ao Capitão Ricardo Moreira, o meu mais sentido Obrigado! Capitães como este não há muitos! Muita sorte nestas novas funções no Nosso Grande Clube!