Quando, há quatro anos, o FC Porto decidiu, com muita tristeza, que tinha de fazer um "começar do zero" à equipa de basket, um vazio preencheu a minha Alma Portista. Tendo jogado basket toda uma vida, à parte do futebol, foi com muita tristeza que temi pelo quase inevitável fim da modalidade. Uma pessoa sempre acreditou: o grande Moncho López.

Moncho é um competentíssimo treinador, tinha imenso mercado e poderia ter feito algo infinitamente melhor com a sua vida do que treinar uma equipa da CNB2 e depois da Proliga, sendo que foi decidido que
não subia de divisão enquanto não houvesse condições para fazer uma equipa competitiva para lutar pela Liga Nacional de Basket. Com ele ficaram também alguns heróis como André Bessa, o Capitão da equipa, que aguentaram com paciência e empenho toda esta travessia no deserto. Mas foi graças ao plano de Moncho, traçado a regra e esquadro, que conseguimos ser campeões.
E é a ele que isso devemos. A emoção do Presidente assim o demonstrou, mais uma vez tendo batido o pé para que o basket não acabasse. A imagem de Moncho a falar ao telemóvel de punho no ar a dizer "conseguimos!" com o Presidente do outro lado em lágrimas, é uma que irá acompanhar, sem dúvida, a imagem da primeira vitória do hóquei em patins.
É bom ver que o Presidente ainda tem vontade e interesse emocional em conseguir mais. É um bom sinal para o futuro.
Chegada a altura de competir na primeira liga, fez-se uma equipa competitiva, mas ainda aquém das possibilidades da luta pelo campeonato. Com as contratações de Albert Fontet, Nick Washburn, José Silva, Arnette Hallman e, principalmente, Brad Tinsley, o FC Porto cresceu e chegou-se à frente, mas o factor decisivo foi a contratação do fantástico Troy DeVries. Este veterano abnegado e exímio extremo inclinou a balança a nosso favor com a sua genial criatividade, sabedoria posicional e tiro exterior.
Vencemos os verifiques por 3-1, com os jogos do Dragão Caixa a serem o exemplo claro da resistência, solidariedade e raça que caracteriza o FC Porto no seu melhor, em perfeita comunhão com uma massa adepta que soube apoiar do primeiro ao último minuto e sem assobios para conseguir derrotar uma equipa com muito maior orçamento e o rei na barriga.
Sim, não poderia acabar sem falar do ogre Lisboa, que teve a distinta lata de ter
estas declarações no fim do jogo. Não, Carlinhos, temos todos boa memória, limpa e cristalina, da forma "cavalheiresca" como comemoraste a tua última vitória, com piretes, bocas de "filhos da puta" e mãos a bater no rabo. É preciso ter uma latosa descomunal para falar da forma como falaste ontem. Mas é assim, caríssimo, que se passa sempre que a soberba se instala. O murro na cara que a humildade nos dá é bastante maturador. Fica aqui a lição. Isto se continuares como treinador no próximo ano.
É tempo de celebrar, com um especial agradecimento à massa adepta que acompanhou a equipa nos últimos quatro anos e lhes deu o impulso para chegar até aqui, mostrando que as modalidades não são nada menores e que superam em muito e dão uma grande lição de raça à equipa de futebol A, mas também que a UNIÃO entre equipa e adeptos é ESSENCIAL para as grandes conquistas e que o APOIO e é muito mais fundamental do que a "exigência".